Capítulo 15

(Henrique)

Fernando: Senhor, fui informado que seu primo está de volta.

Henrique: Então era verdade mesmo, interessante. Dispensado.

Fernando: Sim senhor, com licença.

Não consigo acreditar que ele está de volta, como ele voltou depois de tudo que passou?

Talvez eu não o tenha feito sofrer o suficiente, veremos o que ele quer estando de volta…

Me chamo Henrique Va’zques, herdei o sobrenome da minha mãe e desfiz do sobrenome do meu pai, ele também fez o mesmo, pois meu pai perdeu a empresa que tanto se dedicou, por conta do meu tio. Eles não se entendiam e meu tio queria comandar tudo, claro ele tinha poder para isso, mas poderia ter dado uma chance ao meu pai, mas não, queria sempre ser o filho, marido e até o empresário perfeito. Minha mãe morreu doente, ela era uma fraca, mas deixou um enorme aprendizado, por causa dela que eu não confio em ninguém, ela nos traiu, ela se voltou contra meu pai e eu, então o fim dela não importou muito pra mim, mas uma coisa eu agradeço a ela, por ter me dado a chance de deserdar esse sobrenome miserável chamado Bianchi.

Sempre tive ódio por que tudo girava em torno do meu tio e do meu primo, os dois eram repugnantes. Meu primo, sempre o destaque, o melhor em tudo e conseguia as mulheres mais lindas, até mesmo as que me interessavam. Fiquei farto deles, então bolei um plano quase perfeito, pena que matei somente os meus tios, por que claro, a dona Sarah foi de gaiato, queria acertar o grande senhor Denner e o seu filhinho Ricardo, mas gostei de ter feito o meu primo sofrer, me contive por um tempo com isso.

Agora ele está de volta, e coloquei pessoas para vigiá-lo, passados alguns dias, soube do interesse do Ricardo por uma mulher, quando vi a foto, fiquei encantado. Ela é linda, olhos tão vibrantes e chamativos, um corpo escultural e cabelos longos pretos, ela é a perdição. Ela se tornou minha obsessão, meu objetivo agora nem é mais meu primo, e sim a mulher mais linda que já vi, a Safira.

Então, coloco meus homens em sua cola, e fico a observar de longe. Ela passou a trabalhar para o idiota do meu primo, e soube por alto que iria viajar com ele para uma casa que temos no interior de Burton. Como não sou besta, eu vou ir também, com a desculpa que precisava buscar algo.

Quando chego tenho uma “calorosa” recepção, só foi agitar um pouco mais as coisas e voa lá, ela aparece esbanjando sua beleza. Minha vontade era de fazer o caos e pegá-la então em meus braços, a levando para bem longe, mas me contive pois não poderia derramar mais sangue, prometi ao meu velho que não mataria mais ninguém da “família”. Mas só isso que eles terão de mim, minha piedade, nada mais.

Entro na casa depois do show do meu primo, pego um envelope no escritório, que estava guardado por anos, e entrego ao mesmo. Decido por ir embora, não tenho mais como ver aquela mulher, então eu sigo dando as “boas-vindas” ao meu querido primo e dou ordens para que ninguém atire.

Mas adorei o momento, só de poder ver aquela joia, foi assim que eu consegui defini-la, fiquei satisfeito. Terei cautela por ora, mas em breve conseguirei alcançar meu objetivo, a bela dama dos olhos Safiras e dos cabelos negros como era o meu coração.

Apesar de toda minha arrogância, eu tenho meus princípios, posso até tentar leva-la a força, mas eu jamais a forçaria fazer algo, ou seria um rude com ela, só acho que o meu primo não a merece. Ele enganou muitos corações, inclusive o da Helena, a mesma não enxerga o que está bem nítido, ele não a ama, mas a faz sofrer e isso eu não tolero, ele poderia tentar ser mais paciente com ela. Isso tudo só me mostra que meu primo, não passa de um escroto de ego enorme, além de um covarde.

Nem sei por que pensei na Helena, deve ser por que já fui apaixonado por ela, ficávamos antes de tudo acontecer, antes da guerra, e ela sempre foi um doce de menina, eu me encantei por ela. Mas agora, ao ver o que se tornou, me dá uma repulsa, ela virou fútil e mesquinha, destratando todos à sua volta. Ainda bem, que a paixão que tive, passou depressa, quando cai na realidade de que ela não correspondia como eu gostaria, fui aprendendo a enxergar melhor as coisas em relação a ela, e nos afastamos. Pode ser que o que ela é hoje, venha dela mesma, e não da tentativa inútil de ser alguém que meu primo aprove, então se isso for realmente verdade, e ela for realmente assim, eu confesso que me envergonharia, por ter algum dia gostado dela.

Para tratar de todo esse sentimento reprimido que tenho, de vez em quando, eu costumo conversar com um melhor amigo Eduardo Vitarelli, ele diz que eu estou obcecado por aquela família, e por terem me rejeitado na primeira oportunidade que tiveram, mas eu não concordo, acho que só quero me desfazer de toda mentira que vivi até a minha adolescência. E por falar nele, o mesmo me tira dos meus pensamentos.

Eduardo: Não acredito que foi até lá, o que estava pensando em?

Henrique: Nada, só queria ver a cara do meu primo com meus próprios olhos e desejar boas-vindas.

Eduardo: Que lindo Henrique, se eu não te conhecesse, pensaria até que é um bom samaritano.

Henrique: Fazer o que se eu gosto de provoca-lo, ele fica tão mal humorado.

Eduardo: Henrique, você está brincando com coisa séria, você sabe muito bem que ele não o suporta, você causou demais na vida dele, já disse sobre essa rixa entre os dois, e disse que isso não vai levar a nada, somente a mais derramamento de sangue.

Henrique: Por acaso está preocupado comigo, ou com ele em?

Eduardo: Eu não o conheço, mas sei que não deve ser fácil olhar na cara do assassino dos seus pais, e ficar de boas né.

Henrique: Pegou pesado. Mesmo que eu não tenha me arrependido, não significa que eu seja um filho da puta né.

Eduardo: Significa exatamente isso, todo esse risco que correu por que em?

Henrique: Aquela mulher estava lá.

Eduardo: Puta que pariu, por causa daquela mulher?

Henrique: Pode parar, não viu a foto dela? Como não ficar vidrado nessa mulher?

Eduardo: De fato ela é muito bonita, mas acho que não vale sua cabeça.

Henrique: Ela vale o meu coração.

Eduardo: Então entregue ele de bandeja a seu primo logo, inferno.

Henrique: E poupa-lo de ter uma diversão? Jamais.

Eduardo: Pare de falar besteiras, só quero te dizer uma coisa, você não merece aquela mulher.

Henrique: Disso eu sei, mas ele também não, se insistir na vingança dos pais dele.

Eduardo: Então está testando se ele a merece?

Henrique: Muito esperto, mas não só isso, eu tenho princípios, não irei forçar ela em nada.

Eduardo: Ver os tios morrerem depois de ter pago para sabotarem o carro deles, não é coisa de alguém que se diz ter princípios. Você foi a última memória deles, o último rosto deles, e em sua morte, eles pediram perdão, e disseram que você era só um menino, desejaram que você vivesse sem culpa, pela manipulação do seu pai.

Henrique: Cala a boca Eduardo, só sabe disso por que eu mesmo te contei, então não jogue na minha cara nada ouviu? Não esquece quem eu sou.

Eduardo: Sei bem quem você é, eu o conheço de verdade, desde a infância, e sei que esse Henrique de agora, não é o verdadeiro que eu conheci.

Henrique: Saia, você só sabe falar merda.

Eduardo sai, e me deixa com muito ódio, me fazendo mais uma vez ter que beber, e chorar. Eu detesto quando ele tem razão, e quando fala dos meus tios assim, essa lembrança me corrói até hoje, me faz duvidar de tudo até de mim mesmo.

Será que eu realmente os odeio?

De fato, sim.

Eu os odeio do fundo do meu coração, mas não sei por que eu me afeto ainda. Meu pai as vezes tem razão eu sou um fraco, mas eu tentei de todas as forças ficar só e me bastar.

Meu primo não me procurou mais, depois que nossos pais declararam guerra, aquilo me fez enxergar que eu sempre fui sozinho, mas nunca havia percebido, pois estava cego demais sendo o cachorrinho do Ricardo, eu me odeio tanto por ter me permitido sentir que éramos como irmãos.

Eu fiquei feliz, quando o vi sofrer e chorar, mas logo senti um vazio, mas já estava feito, o que me restou foi esperar todos que estavam no enterro irem embora, e chorar pela morte dos meus tios.

Achei que seria a última vez que eu choraria por eles. Mas parece que me enganei, a bebida deve estar fazendo efeito em meu corpo, pois agora tudo que sinto é solidão, e saudade.

Não posso fraquejar outra vez, não posso ter pena, fico repetindo isso na minha maldita mente, que não me obedece.

Então pela segunda vez, eu me arrependo de ter matado os meus tios. Eu só queria destruí-los, mas quem acabou sendo destruído foi eu. Quando prometi ao meu pai, que não mataria mais ninguém, foi mais uma desculpa para minha mente.

Mas chega de tanto sofrimento, eu resolvo ir tomar um banho bem demorado, e depois visto apenas um short, e me deito. Por que amanhã o Henrique que todos conhecem estará de volta, e esse que só eu sei, ninguém irá de fato ver.

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