Capítulo 5

Safira)

Sempre que acordo, é um momento difícil, pois tinha o costume de ouvir a minha mãe me chamando, e o mais difícil é que um dia eu vou acabar esquecendo como era o som da sua voz.

Mas não deixo me abater com esses pensamentos, pois preciso ir a faculdade, meu último ano e não posso desperdiçar.

Então como de costume, levanto e faço minhas higienes, decido por uma calça de alfaiataria preta e uma blusinha azul claro social um sapato da cor da blusa e a bolsa preta.

Estava me sentindo mais bonita hoje, resolvi mudar meu visual, já que preciso me acostumar com o fato de vestir roupas assim no tribunal.

Desço as escadas para tomar um bom café da manhã, e encontro meu amor comendo.

Safira: Bom dia vida.

Bruno: Bom dia meu amor, dormiu bem?

Safira: Perfeitamente.

Bruno: E a faculdade? Precisa de carona?

Safira: Se não for incomodar, aceito sim.

Bruno: Imagina princesa, não me incomoda jamais.

Nesse momento, dona Beatriz acompanhada do tal Ricardo, que mais parece ter acordado chupando limão azedo, entram e escutam nossa conversa.

Beatriz: Meus amores, bom dia. O Marlon chegou, se quiser pode ir com ele minha querida.

Bruno: Bom dia mãe, olá Ricardo. Não se preocupe mãe, eu a levo.

Bruno pisca pra mim, e eu percebo o Ricardo o olhando feio.

Ricardo: Bom dia, Bruno não está atrasado pra empresa? Virou o dono e eu não estou sabendo?

Bruno trabalhava na empresa do Ricardo, isso eu sei por que descobri que a dona Beatriz era sócia desta empresa, e como ela é sócia dele, ficou fácil de saber qual era a empresa. Lá o Bruno é diretor financeiro.

Bruno: Ainda não sou chefe querido primo, mas estou hoje de mordomo de uma deusa, tenho meus motivos para tal atraso.

Ricardo: Perdoa-lo por tal negligência seria contra as diretrizes da empresa, e eu não aceito erros. Já que a senhorita aceita carona de qualquer homem, e como ontem eu a trouxe, a levarei para que você não se atrase e de o exemplo, não quero meus empregados pensando que passo a mão na sua cabeça.

Bruno olha para mim para saber se está tudo bem, eu aceno e ele sai bufando.

Safira: Com licença, irei ver o Marlon. Tenham um bom dia.

Era tudo que consegui dizer, pois aquele homem me tira do sério, mas eu não posso perder a linha com ele, já que estou na casa da dona Beatriz de favor, não posso deixar que esse homem faça a doce dona Beatriz me botar para fora daqui, pelo menos não ainda.

Quando estava me levantando, percebi um sorriso de canto do Ricardo, detesto admitir mas ele é um pedaço de mau caminho, e ainda sorri assim. Que ódio, podia ser feio, assim o odiaria mais e não me sentiria atraída por ele, e nem pelo modo como se veste, hoje estava de camisa social branca, terno cinza claro e gravata grafite, impecável numa calça social da mesma cor do terno, uma barba alinhada e o cabelo jogado para trás com umas ondas próximas ao rosto, deixando-o ainda mais sedutor.

Estava perto da porta quando sou puxada, e uma mão segura minha cintura, os braços são bem fortes, e o choque contra seu corpo me fez arrepiar, fiquei vermelha na hora.

Ricardo: Onde pensa que vai mocinha, eu disse que a levaria.

Safira: Não precisa senhor, eu posso ir com Marlon ou de táxi.

Ricardo: Me chame de Ricardo, e já disse, vou levá-la, sem discussão.

Safira: Você não sabe ouvir um não?

Ricardo: As mulheres sempre me dizem sim, então se for pra me contrariar, entenda que eu não deixo por baixo, e farei você se arrepender.

Dito isso ele se aproxima mais do meu rosto, e com um toque sútil ele beija meu pescoço. Ele ver a reação que causou em mim e ri sarcástico, eu me afasto e corro na frente.

Ricardo: Não adianta fugir, vamos parar no mesmo carro.

Ele grita para mim e eu acabo me dando por vencida. Realmente esse homem não sabe ouvir um não, e sinceramente eu não sei sustentar muito bem, a pose de durona. Ele tem algo que me hipnotiza e me tira do sério, e o mais intrigante é que parece que ele me ver como sua posse, não sei por que ele age assim. Entramos no carro e fiquei o caminho todo em silêncio, ele me pede o endereço da faculdade e eu falo, apenas isso rolou depois daquele momento na casa.

Ricardo: Entregue, que horas sai daqui.

Safira: Obrigada, saio 12hrs. Por que a pergunta?

Ricardo: Virei buscá-la, me deve um almoço.

Safira: O que quer comigo em?

Ricardo: Você me deve e eu estou cobrando. Ou quer me pagar de outro jeito?

Eu vi seu corpo reagindo ao meu toque.

Safira: N-Não tenho intenção nenhuma sobre você, aliás Ricardo, não sou eu que estou o tempo todo tentando aproximação. Então me poupe dessa marra, e só aceite que eu não estou a fim.

Ricardo: Cuidado com suas palavras querida, quando eu a fizer engoli-las, irá se arrepender. E eu não gosto de mulher oferecida, você não passa de uma companhia para expulsar as outras menos interessantes.

Safira: Posso saber por que sou oferecida? Você nem me conhece.

Ricardo: Mas sei que uma mulher como você, na casa da minha tia, flertando com o Bruno, não passa de uma oferecida.

Safira: Engula suas palavras, não lhe devo satisfações do por que estou na casa da dona Beatriz, afinal a casa é dela e não sua, então com licença.

Quando estava prestes a sair do carro ele me puxa e nossos rostos ficam bem próximos um ao seu hálito quente me faz ter arrepios.

Ricardo: Eu não gostei do seu flerte com o Bruno, eu não gosto de pensar que está com outro homem. Então se comporte e volto para te buscar.

Nossos lábios roçam um no outro, e por um segundo parece que o mundo para, somente eu e esse homem. Saio dos meus pensamentos e mais uma vez o empurro, procuro me afastar o mais de pressa possível, pois mais um segundo iríamos nos beijar.

Na faculdade não consegui me concentrar muito, devido a minha mente me levar a ele. Aqueles olhos intensos e verdes, os cabelos bem alinhados ao rosto, a barba e todo conjunto de perfeição impostos em um único ser, chamado Ricardo Bianchi. Eu não o conhecia, mas pelo que sei ele é bem poderoso, e sempre consegue o que quer. Mas não me via assim, sendo essas mulheres que se jogam aos seus pés, e me pergunto por que ele me despreza mas também me quer por perto, e por que as palavras dele me fez ter palpitações e o toque dele me trás arrepios, de fato ele me atrai, mas não posso me deixar levar por isso, está fora de cogitação.

O aviso do término das aulas soa, e somos liberados. Estou nervosa pois não quero que ele esteja lá fora me esperando, mas encaro assim mesmo.

Olho para um lado e não vejo ninguém, nem para o outro lado então fico mais tranquila, mas quando chego perto para atravessar a rua, atrás da multidão, os meus olhos encontram os dele, está lá, parado de braços cruzados, com um sorriso debochado por conta da minha cara de surpresa.

Sem conseguir evitar me aproximo dele, e todos olham para saber de quem se tratava, o mesmo me agarra e me dá um beijo no pescoço, me deixando sem reação.

Safira: D-Dá para parar com isso?

Ricardo: É inevitável para mim, ficar muito tempo sem sentir seu cheiro.

Safira: Todos estão olhando, e fora que não temos nada.

Ricardo: Mas você não deixa de ser minha, bom que todos vejam. Vamos entre.

Eu entro em seu carro, e sou levada a um restaurante um tanto aconchegante, muito bonito e que em sua entrada possuía um lago pequeno, com lindos peixes.

Safira: Muito bonito o lugar, mas por que estou aqui?

Ricardo: Já disse, você me deve. E não queria vir aqui e ter mulheres se jogando pra cima de mim.

Safira: Você não é o todo poderoso Ricardo Bianchi? Por que todo esse receio?

Ricardo: Não é receio minha querida, é tédio. Sempre são as mesmas coisas, não quero ficar dispensando ninguém. Muito chato ver a cara das mulheres, e o pior a insistência delas.

Safira: Então eu sou apenas uma fuga pra você?

Ricardo: Por enquanto sim, mas pode ser mais que isso, se quiser.

Safira: Me poupe de suas investidas, só estou aqui por que no momento, não consigo contraria-lo devido as situações em que me encontro.

Ricardo: Não Safira, que fique claro uma coisa, você não pode me contrariar, independente das suas condições.

O olhar dele penetra minha alma, como se fosse uma ordem obedecê-lo, esse homem é muito esquisito. Desde que o conheci, ele me despreza, mas além disso fica dizendo que sou sua e que não posso dar mole para outro homem, eu não sou sua propriedade mas me trata feito uma. Isso não vai ficar assim, eu preciso sair dessa armadilha de homem.

Fico ali pensando em tudo que aconteceu e em todas as palavras dele, enquanto me saboreio de um filé mignon a molho madeira, com purê de batata.

Ricardo: Não tive a oportunidade de dizer, mas está linda.

Safira: Agora sai de uma mulher que não era tão atraente assim, para linda?

Ricardo: Pode somente aceitar um elogio vindo de mim, sem questionar?

Safira: Difícil quando se trata de um homem bipolar como você.

Ricardo: Desarme-se um pouco minha querida, afinal minha companhia não é desagradável, certo?

Safira: Ter a sua companhia me deixa desconfortável, isso sim.

Ricardo: Por que te faço arrepiar? É isso?

Safira: Jamais, eu só não gosto de homens como você.

Ricardo: Homens como eu? Não existe homem nenhum como eu querida, como você mesma disse, eu sou o Ricardo Bianchi, e não é a toa que todos temem.

Safira: Então você encontrou alguém que não teme seu nome e nem sua posição social.

Ricardo: Então não há o que temer né? Se estar diante de mim não te assusta, então é a mais indicada para ficar ao meu lado, não acha?

Safira: O que quer dizer com isso?

Ricardo: Quero dizer trabalhar para mim. Não pense besteiras mocinha.

Safira: Não pensei em nada, mas por que do nada quer isso?

Ricardo: Por que sim, preciso de uma advogada e você não está diretamente ligada a minha família, talvez possa ser a mais indicada. Último ano?

Safira: Sim, meu último ano.

Ricardo: Então nada melhor do que adquirir experiência, e a minha empresa pode te fornecer isso.

Safira: Mas tenho estágios.

Ricardo: Não se preocupe, você terá estágio. Pode trocar esses estágios fajutos por um de verdade. O que me diz?

Safira: Foi pra isso que me trouxe aqui?

Ricardo: Basicamente, considere um almoço de boas vindas, aproveite enquanto te deixo decidir pelo certo.

Safira: Tenho escolha?

Ricardo: Agora sim, mas farei com que não tenha, se me disser não.

Safira: Então sim. Obrigada de qualquer forma, não sou rude a ponto de pensar que não é uma boa oportunidade para mim.

Ricardo: Que bom que pensa assim. Vou te levar para casa, amanhã às 15hrs esteja no RH da empresa para assinar as papeladas, mandarei Sofia entrar em contato hoje, e irá fazer os trâmites da admissão.

Safira: Mas nem conversei com minha faculdade, as coisas não são assim senhor.

Ricardo: Ah, lá vem me chamar de senhor. Vamos combinar que só no trabalho me chamará assim, tá bom? E quanto a faculdade já está mais que resolvido.

Safira: Não tem como ir contra o sen…Desculpe, força do hábito.

Ricardo: Acostume-se a me chamar apenas de você ou pelo meu nome. Enfim, terminamos por hoje, vou te levar agora tenho outros compromissos.

Safira: Não precisa eu posso ir de táxi, obrigada.

Ricardo: Você não aprende mesmo né, terei que fazer algo pela sua teimosia.

Ele sorri de canto e meu coração palpita, o que será que ele quer dizer. Prefiro não perguntar sobre, e apenas o sigo até a saída do restaurante, ele abre a porta do carro para que eu entre e logo em seguida entra no banco do motorista.

Seguimos até a casa da dona Beatriz, ele se despede e eu entro. Confesso ser estranho ter esse homem tão por perto, fico sem reação quando estou com ele.

Passado alguns minutos, a tal Sofia me liga e conforme foi me dito, ela agiliza os trâmites da minha admissão por fotos, porém ela enviou um senhor para buscar meus documentos, a pedido do Ricardo. Então tudo está feito, e eu estou contratada, só preciso mesmo assinar os papéis amanhã.

Quero só ver o que me espera na empresa de Ricardo Bianchi, e o que ele planeja com minha ida até lá.

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Comments

Cecilia Almeida

Cecilia Almeida

Estou gostando muito mas qual a idade dele?

2024-01-11

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