Capítulo 11

(Safira)

A pequena viagem até esta linda casa, que por sinal já está com todos reunidos, foi muito boa.

Conhecer um pouco mais o Ricardo, e saber que ele não é tão ogro como eu pensava, me fez ter um pouco de sensibilidade por ele.

Logo ao chegarmos, já fui provocada pela Helena, não sei o que ela vê tanto no Ricardo, para ter essa obsessão por ele. Não demoro muito com essa conversa, já dou logo uma resposta a ela, pois não ficarei ouvindo calada toda vez que ela tentar me insultar.

Peço para que me mostrem o quarto onde irei dormir, gostaria muito de ajeitar as roupas novas na minha bolsa. Então o Ricardo que me orienta e me leva até o quarto, afinal é lindo demais, com duas camas de solteiro, e uma vista maravilhosa para o mar.

Safira: Obrigada, agora eu dou conta aqui.

Ricardo: Não demore, já ouvi que a comida está quase pronta.

Safira: Tudo bem, pode deixar.

Ele sai, e começo a arrumar os biquinis, um vestido longo e dois curtos, além de dois shorts jeans e três blusas. Quando termino, resolvo descer para o almoço, e todos estão na sala.

Bruno: Precisamos ir à praia meu povo.

Helena: Concordo, acho que está na hora de experimentar meus biquinis novos.

Bruno: Não seja por isso, vamos todos após o almoço?

Emanuel: Se sua mãe concordar podemos ir.

Beatriz: Claro meus queridos, viemos para isso. Mas eu e meu querido esposo não temos a disposição de vocês.

Ricardo: Que isso tia, está tão inteirinha.

Emanuel: Mais respeito filho, ela está maravilhosa, mas é somente minha.

Já vi que é normal nessa família o transtorno de posse, nem sei se existe isso, mas estou começando a acreditar que sim.

Safira: Então depois que acabarmos de almoçar irei subir e trocar de roupa.

Bruno: Quero ver o que trouxe na mala bebê.

Safira: Nada que te interesse amor.

Bruno: Ih, olha que abuso gente hahaha.

Safira: Não ligo, pelo menos sei que não se ofende fácil.

Bruno: Não mesmo, e não desisto fácil também.

Bruno pisca para mim, mas eu percebo uma risadinha vinda da dona Beatriz e do senhor Emanuel, como se eles soubessem da provocação do Bruno, e que claramente atinge o Ricardo. Não sei exatamente o porquê, mas nem irei ficar presa nisso, logo nos chamam para o almoço, e depois subimos para colocarmos as roupas apropriadas para a praia.

Estava com um biquini azul royal, era de uma alça somente, mas com uma abertura que mostrava os meus seios, além de um detalhe com argola, e a calcinha em uma das laterais também tinha o detalhe com a argola. Não desfiz as tranças do meu cabelo, apenas tirei a maquiagem do rosto.

Vesti uma saída de praia branca por cima, e desci para me irmos a praia. Quando desço dou de cara com Helena, que estava com uma saída de praia preta e um chapéu enorme na cabeça, além de também perceber que o Bruno usava um short verde e uma blusa totalmente desabotoada florida também com tons verdes. Já a dona Beatriz, usava um maiô rosa muito bonito, e uma pareô rosa também, o senhor Emanuel vestia tudo vermelho, tanto o short quanto a blusa estampada. Mas os meus olhos se perdem mesmo no Ricardo, ele vem da cozinha com um short preto, uma camisa branca aberta, esculpindo o seu abdômen todo definido e tatuado. Eu começo a ficar desconfortável e mudo a minha visão para elogiar a dona Beatriz e a Helena, espero que ele não tenha percebido.

Safira: Estão muito bonitas, amei o seu maiô dona Beatriz.

Helena: Tanto faz, você é uma sem sal não tem como ter algum bom gosto né, ao contrário de mim, mas obrigada por reconhecer.

Beatriz: Muito obrigada minha menina, e Helena pare de tratar a Safira desta forma, ela não te fez nada, pare de ser rude.

Safira: Tudo bem dona Beatriz, não ligo para as provocações de Helena. Vamos?

Bruno: Só se for agora.

Descemos até a areia, a praia não estava lotada mas tinha pessoas no local.

Helena que é mais ousada, tirou a saída revelando seu biquíni rosa pink neon, muito chamativo por sinal, mas era modelo “cortininha” bonito por sinal, os homens do local ficaram olhando para ela, mas quem ela queria mesmo não deu nem atenção.

Dona Beatriz também tirou o pareô e estava maravilhosa.

Beatriz: Safira meu bem, vamos dar um mergulho?

Safira: Claro, vamos sim.

Nesse momento eu resolvo então, tirar a saída de praia, e quando revelo meu biquíni, Helena me olha com desdém. Sinceramente não sei o que faço para ela, e confesso que isso me deixa com raiva, ela sempre querendo ser o centro das atenções, não só das pessoas, mas principalmente do Ricardo, e isso me faz ter pensamentos em relação a ela, de uma qualquer que não se dar valor.

Por falar no Ricardo, o mesmo está vidrado no meu biquíni, analisando cada detalhe dele descaradamente, assim como o Bruno. O Ricardo também percebe o olhar do Bruno, e fecha a cara.

Bruno: Nossa, você está uma gata.

Safira: Obrigada Bruno, mas para de ficar me encarando.

Bruno: Difícil, mas vou te respeitar.

Safira: Bom mesmo, vamos dona Beatriz?

Beatriz: Claro que sim, vem filha conosco.

Helena: Tenho coisas mais importantes aqui, dispenso.

Ela fala olhando para o Ricardo, que mais uma vez a ignora. O Bruno resolve ficar com o pai na areia, então vamos eu e dona Beatriz na frente. Mas ouço o Ricardo avisando que viria também, e a Helena dizendo que viria junto, essa daí é indecisa mesmo.

Estava eu e dona Beatriz na água, o Ricardo se aproxima junto com a Helena.

Ricardo: Cuidado tia, para não se afogar.

Beatriz: Meu filho, eu nadava esqueceu?

Ricardo: Mas não tem a mesma idade de antes.

Beatriz: Está querendo dizer que sua querida tia está velha?

Ricardo: Não estou querendo dizer nada, só preocupação.

Helena: Eu em mãe, fica tirando conclusões onde não tem, e daí que é velha?

Beatriz: Me respeita Helena por que sou sua mãe.

Helena: Tá, tanto faz.

Eu jamais falaria assim com minha mãe, se eu pudesse tê-la novamente, prometeria ser uma filha ainda melhor. A Helena tem uma mãe maravilhosa, não só ela mas o senhor Emanuel também é maravilhoso, e não dá valor.

Ricardo: O que está pensando Safira?

Safira: Nada, eu vou nadar um pouco tá bom.

Beatriz: Tudo bem querida cuidado.

Decido por me afastar deles e ir nadar um pouco, deixo as lágrimas descerem junto com as águas do mar, depois de um tempo resolvo sair e sentar na beira da água. Sinto alguém sentar ao meu lado.

Ricardo: Por que de repente você decidiu ficar sozinha?

Safira: Não é nada, fiquei pensativa.

Ricardo: Tem haver com seus pais?

Safira: Tem sim, mais especificamente minha mãe, eu queria poder ter ela comigo.

Ricardo: Eu entendo, e sei que não é fácil, mas se precisar estarei aqui. Saiba que você tem uma família, minha tia te considera muito, todos eles na verdade.

Safira: Menos a Helena né.

Ricardo: Ela late mas não morde, Helena tem uma obsessão por mim que eu nem sei explicar.

Safira: Vocês já tiveram algo?

Ricardo: Surpreso com sua pergunta, não achei que isso te interessasse.

Safira: Não é isso, é só que ela vive no meu pé, eu quero entender o por que.

Ricardo: Não é óbvio? Justamente por que eu quero você.

Safira: Para com isso, você só pode estar ficando louco, eu sou sua funcionária.

Ricardo: Estou ficando louco mesmo, mas não é do jeito que pensa. E sim você é minha funcionária, mas não me impede de te achar linda, ou de ficar com raiva por ter outros homens te olhando com esse biquíni, por exemplo.

Safira: Vamos parar com esse papo, estou muito cansada, vou me retirar e ir para a casa.

Ricardo: Tudo bem eu te acompanho.

Safira: Não, quero ir sozinha por favor.

Ricardo: Como quiser, mas você pode até tentar fugir, só que sabemos que temos uma atração um pelo outro, e não vem me dizer que não, por que eu vi como olhou pra mim antes de virmos pra cá.

Safira: Para de querer forçar as coisas, e tem mais acho que devia investir em quem realmente se interessa por você. Você me faz de sua propriedade mas deixa eu te dizer uma coisa, EU NÃO SOU SUA RICARDO BIANCHI.

Ricardo: Você já disse tudo né? Pois saiba que você é uma covarde que se esconde atrás das suas dores, e não encara o fato de que também tem sentimentos por mim.

Safira: Nunca mais fale de mim, como se me conhecesse, você e eu não temos nada haver.

Quando dou um passo para sair o Ricardo me puxa e me abraça, ele não sabe o quanto precisava desse abraço hoje, mas não pensei que isso viria dele. Na realidade, a nossa briga mais parecia de casal, eu não sei o que acontece comigo que não consigo ficar longe dele, por mais que eu insista que não tem nada entre nós, mesmo que não tenha nada, eu sei que no fundo, ele tem razão.

Estou mesmo com medo.

Por isso, eu começo a chorar, tenho os meus motivos e um deles é sentir que pessoas que me amem muito, ou tentam ficar próximas acabam indo embora de alguma forma. Estou cansada de não ter ninguém, e de tentar levar a vida como se estivesse tudo bem.

Ricardo: Eu sinto muito meu bem, eu sei o quanto está sendo difícil pra você tentar ser forte para que ninguém perceba. Mas eu vejo você.

Safira:Do que está falando agora?

Ricardo: Alguma coisa que Helena disse a minha tia, te deixou mal. Te fez lembrar de como era com sua mãe?

Safira: Não exatamente, me fez lembrar de quanto ela faz falta na minha vida, e o quanto a Helena não dá valor aos pais que tem, eles são maravilhosos.

Ricardo: Tem razão, eles são sim.

Nesse momento, percebemos que estamos no meio da praia e que alguns olhavam, inclusive dona Beatriz, senhor Emanuel, Bruno e Helena. Todos não estavam entendendo nada, mas eu mais uma vez fui egoísta demais para desperdiçar esse abraço de conforto, e um pouco de carinho.

Voltamos para perto deles, e tentamos disfarçar ao máximo tudo que rolou a pouco, mas não teve jeito não.

Helena: O que foi aquilo? Parecia até um casal, pelo amor de Deus eu não tô crendo que…

Safira: Não é nada disso que está pensando, eu e Ricardo não temos nada.

Bruno: Não é mais senhor Ricardo?

Ricardo: Não estamos em um escritório né Bruno.

Bruno: Disso eu sei mas algo mudou entre vocês. Safira o que está escondendo?

Beatriz: Bruno e Helena, a Safira mora conosco mas não é da nossa conta nada sobre a vida dela. Ela não nos deve explicações, os dois são bem grandinhos, na verdade os quatro.

Bruno: Mamãe é que eu queria só entender, o que Safira fazia agarrada ao Ricardo, que por sinal não deixou de dizer nem um segundo o quanto ela era oferecida, a ofendendo o tempo inteiro.

Emanuel: Bruno chega, isso não é assunto seu sua mãe já disse. O Ricardo teve os motivos dele, mesmo sendo os errados, tenho certeza que isso ele deve ter pedido desculpas a Safira, por que a mesma tem caráter e tem ética.

Helena: Ética só se for para dar em cima do chefe dela, e se aproveitar da boa vontade da minha mãe por receber essa sem teto em nossa casa né?

De repente sou levada a um impulso e não me contive, dei um tapa na Helena que foi com uma força a jogando no chão.

Safira: Eu não sou aproveitadora de ninguém, depois de tudo que passei ouvir uma coisa dessas e ficar calada, está fora de cogitação. Então escute bem Helena, você pode não gostar de mim, mas não me trata como se eu fosse como você, por que você sim, se oferece o tempo todo para o Ricardo.

Helena: Como ousa!? EU VOU TE MATAR SUA VADIA.

Helena parte para cima de mim, mas é contida pelo Ricardo.

Ricardo: Helena já chega! Venha comigo.

Ricardo arrasta Helena pelos braços e ela sai rindo debochando, eu não suporto essa mulher. Bruno e senhor Emanuel, resolve por levar a dona Beatriz para casa, que ficou em choque com tudo. Eu apenas resolvo ir para um lugar mais isolado da praia e chorar tudo que eu puder, se as coisas tivessem sido diferentes, se meus pais não tivessem morrido.

Tudo vindo a tona nesse momento e eu só sabia chorar, corro para bem longe onde poderei ficar sozinha, que de fato é como me sinto.

Talvez nunca irei superar a morte das duas pessoas mais importantes na minha vida, mesmo que uma delas eu perdi a muitos anos.

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