Capítulo 16

(Safira)

Senti uma felicidade ao ficar abraçada com Ricardo, como se toda dor por um momento não existisse. Ficamos assim por um tempo, nos beijamos mas por alguma razão, o Ricardo estava estranho.

Ele propõem da gente entrar, então eu fui na frente até a cozinha, estava doida para saber o que teria de jantar.

Safira: Olá, com licença.

Flora: Olá minha querida, como posso ajudar?

Safira: Gostaria de saber o que terá para o jantar.

Flora: Então, teremos a famosa lasanha de carne da dona Vera.

Safira: Dona Vera? Não a conheço.

Flora: É a avó desses meninos. Ela já faleceu tem muitos anos, mas sempre que vinha para cá em família era tradição fazer está lasanha, fiquei honrada quando ela me ensinou, era uma senhora muito boa.

Safira: Puxa, não vejo a hora de poder comer essa lasanha, parece mesmo ser uma delícia.

Flora: É verdade, de fato é muito gostosa…

Safira: Você está ouvindo isso?

Eu a interrompo e ela diz não ouvir, então sigo para a varanda, onde ouço a voz do Ricardo e uma voz que não reconheço quem seja, quando chego sou surpreendida por um rosto desconhecido. Um homem alto, forte, mas não como o Ricardo, de cabelos loiros e olhos castanhos quase mel, ele me olha de cima a baixo e eu fico muito constrangida. Já chego perguntando ao Ricardo o que estava acontecendo e consigo impedir que o Ricardo batesse mais no homem.

Fico lá buscando entender o que estava acontecendo, mas só recebo desprezo do Ricardo. Ele fica dizendo coisas como se eu fosse uma qualquer, e desde que eu apareci ele não olha para mim, nem esboça reação quando Helena aparece e fica indicando que os dois estão juntos. Confesso que fiquei com muita raiva e minha reação foi sair dali, então subo as escadas o mais depressa possível.

Nem sei se consigo olhar para ele no momento, pois tudo que eu sinto é um enorme arrependimento por ter me deixado levar no papinho dele.

Logo os meus pensamentos são interrompidos pela dona Beatriz, que pede licença e entra no quarto.

Beatriz: Minha querida, vim ver como está.

Safira: Como seu sobrinho foi capaz de falar aquilo dona Beatriz, desculpe a ousadia.

Beatriz: Minha filha, preciso te contar algo.

Dona Beatriz diz entender a minha raiva, ela começa a dizer que a família deles são divididas em dois sobrenomes, os Bianchi que são os que eu conheço e tem outro sobrenome chamado Va’zques. Me recordei do rapaz chamado Henrique Va’zques, o tal mandante da morte dos pais do Ricardo. Depois de dizer sobre a divisão da família, a dona Beatriz fala algo que me deixou em choque.

Beatriz: Então minha linda, aquele rapaz ali fora, é o Henrique Va’zques.

Então ele é o tal Henrique, o que ele faz aqui?

Por que ele me encarou daquela forma?

Ainda mais, por que o Ricardo me tratou daquela forma na frente dele?

Beatriz: O que está pensando querida?

Safira: Nada demais dona Beatriz, só que ainda tenho muitas dúvidas em relação ao que me disse.

Beatriz: Faz parte, mas saiba que meu sobrinho gosta mesmo de você, ele não era assim conosco e com alguém de fora a muito tempo.

Quando pensei em responder, a porta mais uma vez se abre e quem entra é o próprio Ricardo, ele parecia bem nervoso, e me olhou com suspeita, como se tentasse decifrar o que estou pensando no momento.

Ricardo: Será que podemos conversar Safira?

Beatriz: Os deixarei a sós, qualquer coisa estou aqui.

Ela fala isso depositando um beijo em minha cabeça e se retira, restando apenas eu e Ricardo acompanhados de um enorme silêncio. Ficamos assim por alguns minutos até ele vir quebrar o gelo.

Ricardo: Eu Sinto muito pelo que te fiz passar agora, eu só queria te proteger.

Safira: Se for para ser rebaixada a nada como você fez agora, eu prefiro que se afaste de mim, ou trate de me contar o que de fato está acontecendo.

Ricardo: Eu preciso te proteger Safira, ele é um psicopata.

Safira: Se você não for capaz de me dizer o que está acontecendo e por que de ter tido essa atitude tão infeliz comigo, então o melhor mesmo é ficarmos longe, pois jamais irei aceitar ser tratada dessa forma novamente.

Ricardo: Por favor meu anjo confie em mim.

Safira: Já que quer tanto me proteger, então fique longe de mim Ricardo Bianchi, não sou uma das suas peguetes de quinta.

Me levanto para sair dali, e sou impedida pelo Ricardo, ele tenta falar, mas não consegue então eu me solto dele e desço para o jantar.

Não ousei olhar pra ele e nem para a Helena, que por sinal estava sentada ao lado do mesmo. Aquilo foi me subindo um ódio ainda maior, ele não é capaz de mudar por mim, ele não é capaz de me amar ou de me respeitar. Mas uma coisa ficou bem clara para mim, Ricardo Bianchi é um sedutor de mulheres com o coração ferido, e se as mulheres perderem o juízo, elas ficam ainda mais destruídas.

Não me permito esboçar nenhuma reação em relação aos meus pensamentos, apenas aprecio a maravilhosa lasanha tradicional “Bianchines”.

Terminado o jantar eu me despeço de todos e vou em direção ao quarto, que infelizmente, terá o Ricardo. Nem é por ser ele, mas por que gostaria muito de ficar sozinha. Descido trocar de roupa e vestir o pijama mais descente que encontro, pois estou dividindo o quarto com um homem e não quero ser inconveniente.

Me deito e tento dormir, mas o sono não vem, então vou para a sacada e fico de lá com um cobertor sentada observando o mar e lembrando de tudo que aconteceu nesse dia. O tal Henrique, não me parecia alguém bom, olhar para ele me deu uma sensação ruim, eu não soube explicar até descobri de quem se tratava, e tudo passou a fazer sentido.

Sinto uma luz vindo das minhas costas, e ouço passos, mas não me atrevo a virar, apenas permaneço na posição em que estava, e a luz desaparece, restando apenas a escuridão. Ouço uma voz me chamar e percebo de quem se trata.

Bruno: Podemos conversar?

Safira: Claro Bruno, sente.

Bruno: Safira, eu não pedi permissão para vir até aqui dizer isso, mas acredito que você esteja dividida em seus pensamentos.

Safira: Sim, estou muito, ele disse que estava tentando me proteger, e eu pude ver o quão ruim é o Henrique, só de olha-lo. Ele é frio isso eu vi, mas eu estou com raiva do Ricardo por ter aceitado a Helena assim, e ter mudado a forma de me tratar.

Bruno: Isso é, eu tentaria protege-la de outra forma, mas é o Ricardo né, não tenho muito o que argumentar sobre isso, mas ouça com atenção isso.

Ele diz e pausa por um rápido tempo, respira e tenta buscar as palavras para me dizer.

Bruno: O Ricardo tem sido frio desde a morte dos pais, mas ele está voltando ao tempo em que era mais feliz, e percebo que tem forte influencia sua nisso. Por ser filho único, ele precisou correr atras de tudo, mesmo nós oferecendo ajuda ele não quis. Ele sofreu o dobro, por que os pais dele foram mortos a mando do melhor amigo dele, o Henrique. Ele viu seu mundo cair, ficou sem chão com tudo que aconteceu, e se sentiu traído.

Safira: Não sabia que eram amigos.

Bruno: Eram praticamente irmãos, eu desde sempre fui mais na minha, mas também entrava no meio disso, mas os dois eram inseparáveis. Assim que aconteceu a tragédia, eu particularmente investiguei, e descobri sobre o Henrique. Acompanhei meu primo em tudo, até ele ir morar na Inglaterra, e parar de esboçar os sentimentos. Nunca mais vi o homem carinhoso e amoroso com a família, além de brincalhão, até agora. Ele tem mudado, mas ver o Henrique despertou nele o sentimento de insegurança e raiva, ele não quer perder você, e sente que todos que ele ama podem ser tirados dele assim como os pais.

Safira: Achei que não gostasse do seu primo.

Bruno: Não o suporto, mas eu amo meu primo, ele é minha família também, assim como você.

Safira: Obrigada Bruno, você também é minha família, o melhor amigo que eu poderia ter.

Bruno me abraça, e deposita um beijo em minha bochecha, logo a porta se abre e a luz acende. O Ricardo está escorado na porta com um olhar mortal para Bruno, que se despede rindo do primo com ciúmes.

Ricardo: Uma hora vou quebrar o Bruno na porrada, no escuro com você, ele só pode estar ficando louco.

Safira: Estávamos só conversando. Está com ciúmes?

Ricardo: Só cuidando do que é meu.

Safira: Não sou sua Ricardo.

Ricardo: Sei que está com raiva, mas e-eu quis te proteger.

Safira: Eu sei disso, não estou mais com raiva.

Penso o quanto tenho medo de perder ele, ou do quanto ele está atingido, pois deve ser bem difícil olhar para a pessoa que você considerava tanto, e só enxergar os pais sendo mortos por essa pessoa.

Ricardo: Posso te abraçar?

Ele me surpreende ao me perguntar isso, e eu apenas concordo com a cabeça e ele se aproxima de mim, me abraça e inclina minha cabeça para que eu o olhe.

Ricardo: Safira eu sinto que você é a melhor coisa que me aconteceu em anos, só de imaginar te perder meu coração dói, não me deixe, por favor.

Assim ele sela com um beijo, de ternura e muito carinho, eu não consigo também imaginar minha vida sem ele, porém não consigo admitir isso ainda.

Ele me solta e decidimos ir dormir, me aconchego na cama e tento não ficar pensando muito no que o Bruno me disse, e assim eu pego no sono.

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