13

A única coisa que ouvia agora era as ondas se quebrando não muito longe dali, suspirei e fechei os meus olhos, desfrutando da sua presença imóvel ao meu lado.

Olhei para Elisa, ela tinha o queixo apoiado nos joelhos e os olhos fixos na vista à frente, os seus cabelos levados fortemente pra trás pelo vento.

— Posso te fazer uma pergunta?

— Depende.

Respondeu sem me olhar, aproveitei disto para me sentir mais confortável.

— Eu te fiz feliz?

Elisa não se moveu, apenas piscou algumas vezes lentamente.

— Que diferença isso faz?

Respondeu com outra pergunta, e continuou a olhar pra frente.

— Eu te fiz feliz?

Repeti uma vez mais.

— Por que quer saber?

Virou-se pra mim.

— Isso não muda nada!

— Muda pra mim!

Afirmei, ela tornou a olhar pra frente, notei que o seu queixo tremia, eu não queria fazê-la chorar de novo, mas eu precisava saber.

— Vou te perguntar uma última vez, e se você não responder vou considerar como um não.

— Eu te fiz feliz antes que Paloma estragasse tudo?

— Você estragou tudo! Será que não vê?

— Eu te fiz feliz antes disto? Eu quero saber se antes de você chorar tanto por minha causa... Se por um momento, um único momento que fosse, eu te fiz sorrir com os olhos.

Eu falava com a intonação embargada, esperando que ela não notasse o desespero que parecia se propagar em meu peito.

— Eu... Não quero falar sobre isso, e se você quer deixar mágoas e diferenças de lado, podemos começar agora.

— Ok, eu entendi.

Eu não ia pressioná-la até porque eu não havia nada mais a dizer, peguei o bloco de papel e a caneta que eu trouxe no bolso, olhei para as linhas em branco e rabisquei o canto da folha enquanto pensava em algo bom o suficiente pra escrever.

Eu senti os seus olhos sobre mim enquanto eu lia o que havia sido escrito e reescrito algumas vezes por mim.

Terminei de ler e mordi o meu lábio, eu não diria que ficou ruim, mas retratava a minha realidade, resultando em tristeza, no final das contas.

— Você entrega, Lisa?

Perguntei deixando o bloco de notas ao meu lado, então me levantei.

— Aonde vai? Está tudo bem com você, Dani?

— Boa noite, Lisa.

Eu precisava sair dali antes que ela reconhecesse os meus olhos mareados.

Se Elisa me vê chorando, ela provavelmente se sentiria satisfeita, e eu não permitiria nenhum sorriso dela sobre as minhas lágrimas.

Eu não sabia bem porque estava me sentindo daquela forma, mas eu precisava ficar sozinho, foi então o que fiz.

Arrastei-me até o quarto retirando a minha camisa e me dei a permissão de fuçar nas coisas de Miguel até encontrar o creme que ele havia me emprestado, despejei uma boa quantidade nos meus ombros e nas bochechas, talvez toda a ardência que eu havia sentido fosse efeito do sol.

Peguei o meu celular e desci, me lancei contra o sofá, dali eu podia olhar o quiosque através da parede de vidro, me dando uma sensação de conforto indecifrável.

Coloquei os fones em meus ouvidos e por ali fiquei, me sentindo seguro. Não havia mais vontade de chorar, apenas de ir pra casa, mas antes que eu planejasse qualquer coisa, adormeci.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***