Capítulo 14

“Evelyn Amaris”

Após ser lançada o meu corpo bateu contra o chão e senti que foram se abrindo alguns arranhões conforme fui rolando nas pedras... Com a dor do impacto tentei levantar porém não consegui me permanecendo ao chão, levantei minha cabeça e olhei em direção a minha família e consegui ver que a minha irmã é minha mãe estão chorando.

Elas tentaram caminhar na minha direção, porém foram interrompidas pelo meu pai... Voltei a minha atenção em volta e já estávamos rodeados de pessoas da aldeia, inclusive notei que Felipe está entre elas, me olhando com pena.

— Quem foi que deixou ela entrar!!!! — Gritou meu pai, andando entre ambos.

Ninguém foi capaz de responde-lo e eu consegui ver que Felipe se retirou... Com lágrimas escorrendo pelo meu rosto, me levantei e encarei o meu pai que parou a poucos passos de mim.

— Filha se transforma... Seu pai tem que ver que você ainda é uma Amaris — Voltei a minha atenção a minha mãe e o seu olhar implorara perante as lágrimas.

Meu pai no mesmo instante deu um passo na minha direção, então eu recuei e iniciei a minha transformação... Nunca havia sentido tanta dor neste processo a não ser da minha primeira vês...

— Ah!!! — Gritei em agonia e cai ao chão.

Após o início não se pode retornar... Gemi enquanto me encolhi deitada entre a terra e as pequenas pedras que haviam no chão, sentindo meus ossos se quebrar ao se modificar... Minha face estralava e eu podia escutar, a dor é insuportável, eu não sei porque, talvez eu esteja fraca de mais para uma transformação tão forte.

— Ah!!! —Após a minha última dor, levantei em quatro patas.

Meus olhos reluzirem assim como os da minha família, porém observei surpresa nos da minha mãe e na Aisha, e decepção em meu pai enquanto ele negou... Voltei minha atenção ao pessoal em volta e todos estavam espantados, quando consegui me ver, fiquei em choque em observar o quão pequena eu estou e ainda por cima magra, os brancos dos meus pelos agora estão acinzentados. Meu Deus! O que ouve comigo?

Observei meu pai negar, mais uma vês decepcionado e se virar caminhando para longe, me deitei ao chão! Incrédula comigo mesma e retornei a minha forma humana em lágrimas, senti minha irmã me segurar e me levantando...

Sinto meu corpo queimar por dentro, mais nada se compara a vergonha na qual estou sentindo neste momento, eu sempre fui uma das lobas mais lindas, meus pelos eram brancos vivos, meu tamanho era bom... Agora sou fraca e desnutrida, minha pelagem acinzentado ou com falhas pretas, como eu fui me decair desta maneira.

Minha irmã estava caminhando ao meu lado, segurando meu braço sobre o seu ombro ao me deitar na sua cama, gemi de dor neste processo.

— Filha a mãe vai alimentar o Miguel... Você vai ficar bem? — Indagou minha mãe se sentando ao meu lado e segurando minha mão.

Assenti ao voltar minha atenção a ela e ver o meu filho bem em seus braços, sorri em agradecimento, senti sua mão deslizar sobre o meu rosto em seguida ela saiu.

— Vou buscar uma sopa bem forte para que você possa se alimentar irmã!

— Não Aisha, eu não quero comer nada, obrigada —Referi olhando para minha irmã

— Você precisa se alimentar — Aisha me olhou com ternura — Fica bem irmã eu já volto.

Ela saiu e eu consegui ver minha vida passar diante dos meus olhos, minha infância nesta aldeia, meus pais ao meu lado na minha primeira transformação, a alegria em seus olhos e o orgulho não estavam descritos... Eu corria por esta aldeia, subíamos a montanha, uivávamos para a lua e então veio a gravides da minha irmã e a alegria apenas aumentou.

O seu nascimento, os nossos pais souberam dosar a atenção a nós duas, éramos repletas de amor e carinho! E olha hoje como estamos, presos a uma dificuldade sem fim, me pergunto quando isso irá terminar? Aisha adentrou segurando uma tigela em mãos me tirando dos meus devaneios.

Estava deitada, então para me levantar e me sentar sobre a cama, senti uma dor imensa, o que me fez gemer, então Aisha me olhou preocupada

— Evelyn esta tudo bem irmã?

— Está, foi muito para o meu corpo que já estava debilitado... — Referi então tossi algumas veses.

— Coma tudo então irmã! — Preferiu ela me estendendo a tigela.

Levei a mesma sobre o meu colo e esfriando consegui comer da metade que havia ali dentro... Minha irmã me observava, quando fiquei satisfeita lhe agradeci e entreguei a tigela, rapidamente ela levou e retornou com minha mãe chacoalhando o Miguel de leve e o meu pequeno está quase dormindo.

Encostei minha cabeça na parede e fiquei olhando para o nada! Minha irmã se aproximou e limpou os arranhados que estavam nos meus braços... Em seguida acariciou meus cabelos e eu pude sorrir para ela.

Após o Miguel dormir minha mãe se sentou ao meu lado e nos três pudemos ficar juntas novamente, com o cansaço batendo Aisha colocou um colchão ao chão e se deitou pegando no sono rapidamente... Eu não consegui dormir nada! Por falta de sono, por desespero e por tristeza.

Então consegui ver minha mãe, nos olhar quase a noite toda, assim como o Miguel, lhe dando de mama, já que ela pediu que eu descanse... Observei o dia amanhecer e a Aisha pular em uma alegria em nos ter por perto, primeiro ela me abraçou em seguida deu um beijinhos no Miguel que já estava nos braços da minha mãe.

Meu corpo doeu quase a noite toda! Porém ao amanhecer já me sinto melhor... Mas antes de qualquer coisa, meu pai adentrou ao local, sem nenhuma expressão ele caminhou até mim... Nos três ficamos sem reação, me cobri com o lençol até a minha cintura, quando ele parou ao lado da cama

— Você é uma vergonha para a nossa família — Seu olhar é de desprezo e decepção, observei que o mesmo tirou um maço de dinheiro do bolso e jogou sobre o meu colo — Va embora e nunca mais retorne a esta aldeia Evelyn!...

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