— Desde que eu possa matar aqueles que me fizeram sofrer, pode me pedir o que for.
— Fico encantada com essa sua sede por vingança, mas quero mais que isso.
— O que seria?
— Quero que volte a vida e me liberte.
— Como?
— Sendo a assassina que sempre fui…
Me lembrava dessa lenda, uma família que gerava apenas mulheres e eram consideradas as melhores assassinas, pois não deixava rastros e todos os seus alvos eram eliminados.
— Vai estar comigo?
— Apenas lhe olhando, se aceitar você volta a vida.
— Quando e onde?
— Garotinha esperta — ela me rodeava pairando no ar — Gostei de você, vou te colocar no lugar certo, como a sua sede por sangue é tão grande como a minha, lhe presenteio agora com os meus dons.
— Quem é você? — pergunto me lembrando de vários livros que lia escondido de me pai, o seu sorriso cresceu ainda mais.
— Fui considerada uma Tenko a muitas gerações atrás — caio sentada naquela água, afinal um Tenko é a Kitsune mais antiga e com isso a mais poderosa — Isso mesmo minha garotinha, vejo que se lembra.
— Por quê?
— Existem muitos por quês na sua mente, quer que eu responda todos?
— O meu pai e como isso vai funcionar.
— Seu pai conhecia muito bem a tradição, por isso ele enfatizou sempre para ser uma boa esposa.
— Não adiantou muito — escuto a sua risada e novamente ela se aproxima de mim.
— Quando as mulheres são amadas e únicas na vida do seu marido, consigo ir me libertando aos poucos, mas ninguém conseguiu manifestar todos os meus poderes.
— Quais são?
— Somos extremamente inteligentes, conseguimos ver além das aparências, controlamos o fogo, manipulação de sonhos, ilusões e a minha melhor habilidade — ela se aproxima ficando rente ao meu rosto — me alimento de memórias e energia vital.
— Vou…
— Sim, você volta com todas as minhas habilidades liberadas, mas… — ela segura o meu rosto com as unhas entrando na minha pele, mas não estava doendo — Nunca poderá ter filhos.
— Sua última vida com a nossa família?
— Exato, estou cansada de vocês humanos, tenho outras espécies para me divertir.
— Vou conseguir a minha vingança?
— Sim, você será a arma mais letal nas mãos certas.
— Tem um, porém, nessa sua confirmação — novamente vejo ela rodear o meu corpo gargalhando.
— Gostei de você, está conseguindo ver além e nem está utilizando as minhas habilidades, mas sim, tem um, porém somos conhecidas como as melhores esposas e amantes, então você precisa que alguém lhe ame mais que a própria vida.
— Como faço para me livrar disso?
— Não faz — vejo ela novamente apertar o meu rosto — Mas não se preocupe, você já tem quem faz isso secretamente, mas de qualquer forma pode manter as suas habilidades se alimentando das memórias e energia vital.
— Eu aceito.
— Ótimo, mas lembre-se, não conte a ninguém, somente aquele que te ama incondicionalmente pode saber a sua verdadeira face.
Acordo novamente num quarto cinza e pela decoração não estou no complexo de Charles e isso me deixa apavorada e aliviada simultaneamente. Sinto todo o meu corpo doer ao ponto de não conseguir me mexer, mas ao menos não fui violada como Charles sempre fazia e por esse fato acabo suspirando.
— Não precisa ter medo — uma voz grave e rouca me traz de volta a realidade e levo as minhas mãos, a minha barriga e sinto ele me tocar — Não se mexa muito, você está muito machucada.
— Quem é você? — a minha voz falha, então ele se aproxima se sentando na cama e me ajudando a se sentar.
— Vamos com calma, vou te ajudar a levantar para você tomar um pouco de água — tomo goles pequenos e cuidando dos movimentos do homem a minha frente — Não vou te machucar, na verdade, não sei como te machucaram tanto assim.
— Ainda não me contou quem é? Por que me ajudou? O que quer em troca?
— Muitas perguntas, não acha? — nego com a cabeça o fazendo rir — Que tal começar me contando como se machucou dessa forma?
— Quem é você? Esquece depois você me conta e o meu bebê?
— Desculpa, você estava muito ferida…
Não consigo conter o choro, por saber que aquele monstro me tirou até o meu filho, aquela era minha única oportunidade de ser mãe, começo a soluçar por conta do choro e vejo o homem relutar sem saber o que fazer, mas o inesperado acontece.
— Calma, eu não sei o que fazer, então mantenha a calma — ele me abraça, meio desengonçado, mas ainda sim um abraço.
Fazia tanto tempo que ninguém me abraçava com carinho que acabo chorando mais e ele tenta se afastar, mas eu o abraço de volta ainda chorando. As suas mãos voltam a me abraçar, com uma mão e a outra ele acaricia os meus cabelos.
— Eu não sei o que estou fazendo, mas você deve estar com muita coisa presa dentro da sua alma — tento me soltar, mas agora ele que me segura — Não se preocupe, chore tudo o que tiver que chorar que depois conversamos, como eu disse antes não vou te machucar.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 107
Comments
Ana Lucia Zaros
nem eu
2024-05-27
0
Luciana Lima
ñ estou entendendo nada
2024-02-07
2
Ingrid Lopes Forchheim
Mas claaaro!
2023-12-08
1