HAYUN
— Oi — Falei. Não obtive resposta, entrei e fechei a porta. Parei na frente do homem. — Olá?
Ele finalmente notou minha presença. Assim que ele me olhou, eu sabia que era JJ, não sabia se era porque ele automaticamente olhou para a mala ou porque ele sorriu com os olhos, meio tímido.
E eu sabia que JJ era tímido, péssimo com pessoas de todas as formas.
— Oi.
Sua voz era um dos sons mais gostosos que eu já tinha escutado. Não era grave, nem aguda, era "apenas" uma voz, mas parecia música falada.
— Eu não tenho certeza se você é você, então... Eu sou a Hayun — Estendi minha mão.
Claro que eu imaginava ser o JJ, na verdade eu queria que fosse, já que esse cara parecida ser... Legal.
Ok, eu não enganaria ninguém dizendo que ele era apenas legal. Esse cara era totalmente o meu tipo... Pelo menos de corpo já que estava usando uma máscara e seu rosto era impossível de descrever. Mesmo com muitas roupas, eu podia ver seu físico atlético, ele provavelmente não passava horas somente em frente ao computador.
— Se você é a Hayun, então eu sou o JJ — Ele levantou e apertou minha mão.
"Jayjay", eu gostei de como ele pronunciou o próprio nome.
Até então ele estava de máscara, mas assim que a tirou quase dei um passo para trás. JJ era... Ok, JJ era lindo. Seus olhos já conhecidos por mim eram castanhos e não muito pequenos como de costume da nossa etnia. Seu nariz era um pouco grande, mas combinava com ele e seus lábios eram rosados e finos, mas grossos os suficientes para uma mordida durante um beijo...
— Ah então, sua mala, minha mala — Falei meio atrapalhada. Respirei fundo e me recompus. — Sua mala, vim devolver.
— Percebi, melhor eu pegar a sua — Ele me deu um sorriso revelando seus dentes minimamente tortos e um pouco grandes, era fofo. JJ caminhou até uns armários. — Obrigado por vir até aqui, como pode ver é difícil falar comigo.
— Sim é muito difícil — Reclamei. — O que você é? Parente do cantor?
JJ parou, de costas para mim. Não entendi, mas fiquei com medo dele ter se ofendido ou algo assim.
— Você não sabe quem eu sou? — Ele se virou para mim.
— O que? Eu tenho que te conhecer? — Perguntei confusa. — Você já apareceu na TV? Eu não moro aqui, lembra?
Talvez ele quisesse que eu o reconhecesse já que era segurança de um cantor famoso, mas eu sequer sabia a aparência desse cantor, muito menos a de seus funcionários. Apesar de ser alguém antigo na indústria da música, segundo Hana, eu não acompanhava cantores e grupos desde os meus quatorze anos.
— Lembro sim... Posso fazer uma pergunta?
— Claro.
— Você ainda está com aquele cara? O das últimas páginas.
Oh. Ele estava interessado na minha vida amorosa. Sorri meio sem graça, isso era repentino.
De repente e direto. Afinal, ele era tímido ou não? Talvez eu tivesse enganado sobre algumas coisas...
— Não, eu não estava tão interessada assim — Respondi. — Por que?
Mas por que ele perguntaria isso? Ele sabia que eu era um desastre em relacionaments amorosos pelo conteúdo do diário e pelo conteúdo do seu diário, ele não fazia o tipo romântico, nem interessado nessas coisas. JJ era intrigante demais.
— Curiosidade... Aqui, sua mala.
Minha amada mala preta simples idêntica a do JJ. Peguei ela e quase chorei, meu diário.
JJ parecia sentir o mesmo que eu ao pegar sua mala, ele ficou segurando ela quase que a abraçando.
Agora que tínhamos trocado a mala, não tinha motivo para eu continuar aqui. Não tinha motivo para continuarmos conversando.
— Bom, a gente se vê por aí? — Falei em um tom triste demais. Perfeito. — Legal te conhecer.
— Sim — Ele olhou para os nossos pés. — Digo o mesmo, quer dizer legal te conhecer, não me conhecer... Mas é bom que ache legal me conhecer e...
— Eu entendi. — Ri baixo.
Ele respirou aliviado. Ele realmente não parecia ser muito bom em se expressar.
— Que bom — Ele sorriu e me encarou. — Daqui a pouco meu... Turno começa, então...
— Eu já estava indo — Sorri. Estendi minha mão novamente. — Até qualquer dia.
— Até — Ele apertou minha mão.
Ficamos de mãos dadas por mais tempo que o normal. Acabei tendo que puxar minha mão antes que ficasse ainda mais estranho.
Olhei para ele que encarava seus pés novamente. Peguei minha mala e fui embora. Não olhei para trás, talvez se eu o fizesse tornasse tudo pior.
...***...
— Você demorou — Minha prima começou o sermão. — E aí conseguiu a mala? O que aconteceu? Ele é feio? Velho?
— Demorei porque me perdi lá dentro —. Ela arregalou os olhos. — Mas eu estou aqui! Estou bem... E não, ele não é velho.
Começamos a caminhar para o carro. Me sentia triste, eu nunca mais falaria com o JJ. Droga, por que eu tinha que ser assim? Eu mal o conhecia de verdade.
— Isso significa que vocês vão sair?
— Claro que não! Não vamos sair, acabou toda essa loucura de mala.
Ela não disse mais nada, talvez percebeu que realmente tinha acabado tudo.
Entramos no carro e ficamos em silêncio, estava quase pegando no sono quando Hana decidiu falar novamente.
— Você parece triste.
— Não estou — Menti. — Ok, eu estava esperando algo diferente, mas... É idiotice pensar isso.
— O que estava esperando?
— Não sei, eu... Esquece você vai rir.
— Não vou.
Olhei bem para a minha prima, ela parecia estar sendo sincera. Apesar de ser brincalhona e não perder a oportunidade de me zoar, quando ela percebia que eu estava chateada, ela me levava a sério.
— Pensei que eu e ele fôssemos amigos por causa do que lemos um sobre o outro.
— Isso é estranho, desculpe, mas é.
— Eu sei — Respirei fundo. — Eu deveria ter sido mais realista.
— Você gosta dele?
Gostava. Não adiantava mentir, se antes eu gostava apenas da sua personalidade, sua aparência tinha fodido totalmente o meu psicológico.
— Se eu disser que sim, vai soar muito louco?
— Você já disse coisas mais bizarras.
— Droga, acho que gosto dele... Mas mais uma vez de nada adianta meus sentimentos, não vamos ficar juntos.
— Talvez ele seja um cara normal e não goste de você, mas por que não começar a gostar?
Isso quase me fez rir. JJ não era nenhum pouco normal e era tão bonito que certamente teria várias mulheres aos seus pés, eu não seria especial.
— Como? O que eu poderia dizer? "Ah com licença, é a moça da mala, quer sair pra beber?"
— É um bom começo.
— É um péssimo começo, Nana — Retruquei. — Esquece, não daria certo nem se tivéssemos nos conhecido em circunstâncias normais.
— Amo quando você valoriza todo o seu potencial.
Suspirei irritada e a conversa encerrou. Pelo menos o assunto JJ. Hana começou a falar sobre várias coisas, provavelmente com a intenção de mudar de assunto, já que eu estava triste.
Mas a tristeza era temporária, eu ia esquecer o JJ assim como tinha esquecido todos os caras que eu já tinha gostado. Só era realmente uma pena não poder passar pelo menos mais um tempo com ele.
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Atualizado até capítulo 86
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