HAYUN
Eu gostaria de dizer que eu e Jeonghan ficamos próximos ou que conversávamos todos os dias, mas não aconteceu. Não que não fôssemos compatíveis, era mais uma questão de tempo da parte dele.
Jeonghan sumia praticamente o dia todo, ele trabalhava até mais que eu e isso era algo difícil de conseguir. Após uma semana, desde que trocamos as malas, eu não estava colocando fé no seu convite para sair.
Foi uma surpresa quando minha tia me chamou dizendo que tinha "alguém" que queria falar comigo, obviamente eu sabia quem era por causa da Hana e o jeito que ela ficou me olhando ao ir até a sala.
— Jeonghan? — Falei um pouco surpresa.
Eu queria que fosse ele na verdade, não sabia se era mesmo. Mas ao chegar na sala encontrei Jeonghan sentado no sofá. Minha tia me olhava fascinada, ela intercalava entre olhar para mim e para o Jeonghan. Parecia que tinha algo que eu não sabia.
— Sua família me deixou entrar — Ele sorriu e olhou para a minha tia. — A gente combinou de sair.
— Hayun, por que você não me contou que tinha um encontro? — Tia Chun perguntou brava.
— Porque não é um encontro — Respondi constrangida.
Eu fiquei sem sabe o que fazer. Eu tinha duas opções, deixar Jeonghan ali, ir me arrumar e morrer de vergonha depois ou levar Jeonghan comigo para o meu quarto e ouvir da Hana ao chegar.
Entre minha tia passando vergonha e a minha prima me aborrecendo, eu preferia mil vezes a minha prima.
— Tenho que me arrumar, vem comigo?
— Sim, vou, onde fica seu quarto? — Ele perguntou apressado.
Seu jeito tímido era uma graça e não era só eu que achava isso, minha tia e Hana também pareciam segurar o riso. Fui para o meu quarto escutando os passos do Jeonghan atrás de mim.
Assim que chegamos, fechei a porta. Ficou um silêncio até que ele esbarrou em um dos meus sapatos e quase caiu.
— Cuidado — Eu fiz menção de segurá-lo antes que houvesse algum estrago, mas não cheguei a tocá-lo.
— Obrigado — Ele se recompôs e cruzou os braços. — Você quer que eu espere lá fora?
— Pode sentar na minha cama, vou me trocar em um minuto.
Peguei minha roupa que eu tinha escolhido e passado há quase uma semana e fui para o banheiro. Não tinha muito o que fazer já que já tinha me maquiado na esperança que ele aparecesse e eu não ter tempo por ser um processo demorado.
Estranhamente, não me sentia nervosa por Jeonghan estar do outro lado da porta, sentia uma familiaridade incomum.
— Sua família é legal, Hayun — Escutei Jeonghan dizer um pouco alto para que eu pudesse ouvir.
— Obrigada — Agradeci e saí do banheiro. — E a sua família?
— A minha família...
Jeonghan parou de falar assim que me viu. Respirei fundo já esperando alguma piada por eu estar tão produzida. Eu sempre me arrumava demais para sair e Hana vivia pegando no meu pé.
— Pode zoar, mas não me responsabilizo por xingamentos futuros.
— Eu não ia zoar, é só que...
— Só que?
Jeonghan me encarou como se estivesse decidindo se podia ser honesto ou não. Pelo seu suspiro, acreditei que ele seria sincero.
— Vamos a um pub e você está toda arrumada para uma reunião de negócios.
— Eu gosto de me vestir assim — Falei agora sem graça. — Mas está muito sério mesmo?
— Sim, muito sério.
Fiquei sem saber o que fazer, como eu podia ser mais... Jovem? Jeonghan parecia ter seu próprio estilo menos profissional, mas eu raramente saía, não sabia como era me arrumar para algum lugar e quando saía com a Hana, ela apenas ria das minhas roupas e deixava pra lá.
Olhei para minha calça social preta, que era um pouco justa, mas não tanto quanto um jeans, minha blusa de lã azul e meu blazer preto sem saber muito o que mudar. Pelo menos as botas pareciam decentes...
De repente Jeonghan veio até mim, fazendo minhas mãos suarem ao vê-lo caminhar em minha direção, o que me deixou muito mais ansiosa quando ele finalmente se aproximou e começou a tirar meu casaco.
— O que você...
— Sou bom com moda, espere aí — Ele me fez sentar na minha cama e levou meu casaco.
Apenas observei Jeonghan revirar minhas roupas, felizmente não abriu nenhuma gaveta de roupas íntimas. Meu Deus, ele era tão invasivo.
Segundos depois, Jeonghan se aproximou com uma nova roupa e eu comecei a protestar.
— Ah não, não vou usar esse jeans, Hana estava doida ao me dar isso.
— Vai ficar bonita, confia em mim.
— Isso é quase uma calça de couro de tão apertada.
— E qual o problema? — Ele sorriu.
Eu fiquei o encarando. Estávamos começando a ficar realmente amigos e isso me deixava feliz, Jeonghan não parecia ser do tipo que confia fácil. Mas existiam limites entre uma amizade entre gêneros diferentes, ele estar no meu quarto mexendo em minhas coisas já era um limite ultrapassado.
— Você está muito atrevido, Jeonghan — Sorri. Ele desviou o olhar meio envergonhado como imaginei que faria. — Se eu odiar, você vai ter que vestir o que eu quiser, nem que eu precise ir até sua casa.
— Fechado — Ele estendeu a mão.
Apertei sua mão com diversão. Jeonghan parecia gostar muito de jogos. Peguei as roupas e fui para o banheiro me trocar, assim que voltei Jeonghan me encarou... Animado? Feliz? Eu não soube definir.
— Ficou legal até — Fui até o espelho. Agora eu estava com um jeans azul cintura alta e uma blusa branca gola alta de manga longa. Minha bota preta ainda estava combinando se eu colocasse o sobretudo preto que eu tinha. — Porra, eu disse que era justa... Está muito ruim? —. Ele não respondeu. Me virei e ele continuava me olhando daquele jeito. — Jeonghan?
— O que?
— O que? Você está bem? Parece perdido.
— Não é isso, é que eu só tinha te visto de moletom e desleixada... A não ser pela roupa que usou agora... Fiquei surpreso.
— Desleixada!?
— Não quis ofender, é sério — Ele se aproximou. — Está bonita, Hayun.
— Obrigada, você também não é de se jogar fora.
Nem me dei conta do que tinha dito até Jeonghan explodir em risadas. Acabei rindo também, mas meu rosto pegava fogo.
— Sua sorte — Ele riu. — É que eu não me apaixono fácil.
...***...
Sua sorte é que eu não me apaixono fácil. Essa frase ficou impregnada na minha cabeça o caminho todo, mal consegui prestar atenção em como a cidade estava bonita na noite fria de inverno.
Eu queria sentir apenas atração por Jeonghan, mas infelizmente a cada minuto perto dele, eu tinha mais dúvidas sobre meus sentimentos.
— Esse pub? Tem certeza? — Perguntei com desagrado ao ver o estabelecimento.
Coloquei as mãos nos bolsos do meu sobretudo e o apertei contra o meu corpo. Pelo menos essa escolha que eu fiz Jeonghan tinha aprovado no fim das contas, o que era ótimo, pois a calça que eu estava usando realmente valorizava até demais o meu corpo.
— É pouco conhecido — Ele respondeu e ajeitou sua máscara.
Eu estava tentando entender esse lado do Jeonghan, ele estava se escondendo desde que saímos do carro. Cheguei a perguntar o motivo da máscara e ele disse que sentia muito frio, deixei para lá.
— Sim, mas esse pub é conhecido por alguns casos de assédio.
— Besteira, você está comigo.
— Sim, Jeonghan, mas ainda sou uma mulher e esses ambientes...
— Hayun, relaxa, ok? Você pensa demais nessas coisas.
Não queria admitir que ele tinha razão, eu realmente pensava demais em como a sociedade era complicada para o gênero feminino, mas a culpa não era minha se eu tinha descoberto isso da pior forma. E esse pub fazia parte das minhas experiências ruins.
Eu e Hana estávamos procurando um lugar para beber e encontramos esse pub, como estávamos só rindo sem garoto algum, alguns homens deduziram que precisávamos deles para nos divertirmos. Felizmente quando começaram a se exaltar por causa do álcool, eu e Hana conseguimos sair a tempo e encontrar uns amigos dela que ela tinha chamado no desespero.
— Ainda não estou segura, Jeonghan.
— Não se preocupe, não vou deixar nada te acontecer.
— Você é o dono desse lugar ou o que?
— Não, Hayun — Ele riu. — Mas somos amigos e amigos protegem um ao outro.
Jeonghan estendeu o punho para fazermos aquele cumprimento, porém como se tivesse lembrado do seu pedido, ele me deu um abraço de lado tão rápido que nem senti seu aperto.
— Ok, Jeonghan, estou em suas mãos.
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Atualizado até capítulo 86
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