JEONGHAN
O caminho todo fui pensando no que dizer, não sabia se perguntava diretamente ou se tentava ser discreto. Hayun nunca especificou o tipo de pessoa que ela gostava no sentido de amizade no diário, apenas o que ela desejava da pessoa no amor.
E eu não poderia dar isso a ela, não dessa forma, mas a minha amizade eu estava disposto a lhe oferecer. Ela era diferente de qualquer pessoa que eu já tinha conhecido e eu estava mais que interessado em criar laços.
Infelizmente cheguei no endereço mais rápido do que imaginei, não fazia ideia do que diria. Provavelmente passaria alguma vergonha.
Estacionei o carro na frente da casa, estava surpreso por ela ter me dado o endereço da sua casa, mas talvez ela ter lido minha vida tenha lhe dado certa confiança.
Sai do carro logo, mas não vi a Hayun em lugar nenhum, apenas... Um carro. Ela me disse que estava em um carro. Caminhei até a porta mais próxima, a do passageiro.
A cena que encontrei era no mínimo engraçada, Hayun estava com a cabeça meio jogada para trás e dormindo... De boca aberta.
Não precisei nem bater na janela, ela foi aberta imediatamente pelo motorista... Seria essa a Hana que o Daeshim me falou? Eu nunca tinha jogado com ela, éramos apenas rivais e nada mais.
— Yun — A provável Hana a cutucou. — Credo, você está babando.
Me segurei para não rir quando ela abriu os olhos pronta para xingá-la e me viu.
— JJ — Ela se ajeitou e fez menção de sair do carro, tive que me afastar da porta. — Muito obrigada por vir até aqui.
— Sem problemas, eu não podia deixar você dormir do lado de fora — Peguei o chaveiro e entreguei.
Ela me olhou e sorriu agradecida. Finalmente pude sorrir sem soar estranho.
— Desculpe pelo incômodo e pela demonstração de vergonha agora a pouco.
— O que?
— A baba — Ela tocou os próprios lábios e riu sem graça.
Meu olhar acabou sendo atraído para justamente aquele lugar. Seus lábios estavam vermelhos assim como seu rosto devido ao frio. Como alguém podia ser bonito depois de um cochilo no carro?
Quer dizer, não que Hayun fosse a perfeição em mulher, mas ela realmente era acima da média, podia muito bem ser modelo. Pisquei forte. Eu a estava encarando novamente.
— Nem percebi — Dei uma risada estranha. — E não se preocupe com minha viagem até aqui, valeu a pena, afinal.
Eu era um flertador nato e percebi que estava fazendo isso com Hayun inconscientemente. Eu deveria parar, ela me odiaria com certeza. Eu tinha total convicção, pois uma das coisas que ela mais detestava era quando alguém demonstrava interesse nela apenas pelo seu corpo... O que não era meu caso, mas eu não tinha como me defender no momento.
— Obrigada, JJ — Ela sorriu largamente e estendeu sua mão.
Ah os apertos de mão novamente, estranhamente queria um abraço, Hayun tinha um jeito caloroso demais, talvez por ser professora. Porém, eu sabia que isso seria ultrapassar os limites de boa vizinhança.
— Disponha — Apertei sua mão. — Até qualquer hora, Hayun.
Sorri e fui para o meu carro. Caminhei o mais devagar possível, queria pensar em uma maneira de chamá-la para beber, mas não sabia como começar.
Eu era um burro mesmo, não sabia nem como fazer amigos homens, quem dirá uma mulher.
— JJ! Espera!
Parei ao escutá-la me chamar. Seria possível que eu tivesse deixado algo cair? Parecia que só nos falávamos por causa de objetos perdidos.
— Oi — Fingi que não estava nenhum pouco interessado.
Ela tinha parado perto de mim... Perto demais. Geralmente esse tipo de situação não me incomodava mas porra, Hayun era mesmo bonita.
— Não entenda mal esse convite repentino, mas me sinto em dívida com você, não quer entrar e tomar um chocolate quente? — Ela perguntou rapidamente. — Não precisa ficar se não quiser, sei que é ocupado.
— Eu adoro chocolate quente — Sorri.
...***...
Eu estava adorando estar na casa da Hayun mesmo que só fizesse alguns minutos. Ela e Hana eram engraçadas uma com a outra. Por mais que parecesse que ela queria manter a postura, Hana sempre a tirava do sério. Eu gostava desse ambiente familiar.
— Então Guerreiro da Noite, o que você faz para subir no ranking tão rápido? — Hana perguntou sentando ao meu lado. — Você usa algum código? Pode me dizer, não contarei a ninguém.
Mesmo se houvesse algum código, eu provavelmente não falaria. Ela era a minha maior adversária. Era estranho conhecê-la, sempre a imaginei como um nerd idiota que passava o dia jogando. Não uma garota bonita.
Mas ela era boa, assim como eu, tinha uma vida e ainda conseguia ser o top dois no ranking.
— Não liga pra ela — Hayun me alcançou um apoio para pôr o copo na mesinha da sala.
— Obrigado — Respondi sorrindo. — E tudo bem perguntar, mas eu não tenho nenhum código.
— Ah... Então é tudo você.
— Sim — Sorri orgulhoso. — Eu poderia te ajudar a jogar melhor, mesmo que provavelmente você me passasse.
— Eu não consigo, não honestamente — Ela riu.
— Nana, trapacear tira toda a graça do jogo, você sabe — Hayun deu risada. Ela acabou derramando um pouco de chocolate quente em si mesma. — Porra, já volto.
Fiquei a observando, talvez um tanto indiscretamente, pois assim que ela foi para a cozinha se limpar, Hana me olhou sugestiva. Apesar de ser a mais nova ali, o que era evidente pelo seu comportamento um pouco impulsivo, Hana parecia muito mais maldosa que Hayun.
Não sei porque, mas algo me dizia que ela sabia mais coisas sobre mim e Hayun do que nós mesmos, só não entendi esse olhar para mim.
— Então você gosta da minha prima?
Me engasguei com o chocolate quente. Hana riu e me deu algumas batidas nas costas.
— Não.
— É sério? Depois de secar ela daquele jeito? — Ela me olhou sério. — Você não precisa mentir.
— É sério, eu não me apaixono.
Não estava brincando. Eu tinha certa dificuldade para me apaixonar, por isso já tinha prometido para mim que não iria dar em cima da Hayun, ia tentar ser apenas seu amigo. Com o tempo a atração iria cessar.
— Oh, ok, você é o tipo badboy.
— Claro que não, só nunca me apaixonei de verdade... Por que estamos tendo essa conversa?
— Yun é sensível a sentimentos, mas você leu o diário dela então você sabe melhor que eu sobre isso.
Ah como eu sabia. As inúmeras páginas da Hayun relatando sobre suas inúmeras desilusões amorosas eram bem esclarecedoras.
— Sim, não ligo para isso, só quero amigos.
— Amigos são honestos, Jeonghan.
— Como você...
— Por favor, minha prima não mora aqui e provavelmente nem acompanha essas coisas, mas eu sim — Ela riu. — Sou jornalista, eu já cobri uma matéria sua.
Eu não fazia ideia disso, fiquei surpreso de quantas pessoas passavam pela minha vida e eu sequer lembrava.
— Não conte a ela.
— Por que?
— Você não sabe o que são pessoas se aproximando de você por interesse.
Pensei que ela fosse me xingar por querer mentir para a prima dela, mas fui surpreendido por um aceno e um leve empurrão.
— Não contarei nada, pode ficar tranquilo.
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Atualizado até capítulo 86
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