HAYUN
JJ ainda ficou uns minutos conversando com a gente, nada relevante, apenas sobre jogos com a Hana. Era legal ele não zombar das vergonhas que tinha no meu diário... Se bem que se ele fizesse isso, eu também podia falar sobre as vergonhas dele.
Hana acabou nos deixando sozinhos dizendo que tinha "algo importante para fazer". Sem ela para falar sobre jogos, o clima ficou muito mais estranho.
— Acho que devo ir agora — JJ também estava desconfortável.
— Eu te acompanho.
Fomos em silêncio até o seu carro. Eu estava ansiosa novamente, por que não podia simplesmente dizer que queria conhecê-lo melhor?
— Obrigado pelo chocolate quente.
— Obrigada você por trazer minhas chaves, me salvou da minha tia.
Ele riu e, meu Deus, até sua risada parecia música.
— Então é isso, adeus novamente.
JJ estava com a mão na porta do carro, pronto para entrar, e eu deveria voltar para casa. Mas algo nos impedia, era como se tivéssemos um ímã em nossos corpos.
Um carro passou fazendo barulho e acabou nos tirando do nosso "transe". JJ acenou com a cabeça e entrou no carro. Acenei com a mão e sorri. Ia esperar ele sair da minha rua, então fiquei na calçada apenas o observando.
Ele não se mexeu, ficou lá com as mãos no volante parecendo indeciso. Eu estava começando a me preocupar, então bati levemente no vidro do carro.
— JJ, você está bem? — Perguntei assim que ele abriu a janela.
— Estou é que... Esquece.
— Seja lá o que for, pode falar, sei coisas bem sombrias sobre você.
Pensei que tivesse pegado pesado, mas isso o fez sorrir largamente, acabei sorrindo também.
— Não quero que me entenda mal.
— Você falando assim me preocupa — Dei risada meio ansiosa.
— Não é sobre você, quer dizer é, mas não sobre sua pessoa... Na verdade... — Ele passou a mão no cabelo. — Sou um desastre.
—:Você não é um desastre. Você está com problemas? Eu posso ajudar?
— Posso te perguntar uma coisa?
— Pode perguntar o que quiser, JJ — Falei gentilmente já que claramente ele estava nervoso.
— Você não precisa aceitar só para ser legal.
— Aceitar o que?
— Quer sair comigo? — Ele falou rapidamente. Fiquei um pouco surpresa. — Não desse jeito que você está pensando, mas como amigos, sabe? Sair pra beber, pegar... Umas pessoas, mas se você não quiser também não tem...
— Pode me deixar responder?
— Qual a sua resposta?
— Eu quero — Sorri. — Eu quero sair com você sim, mas tenho uma dúvida.
— Diga — Ele suspirou parecendo aliviado?
— Vamos sair como amigos para beber, mas você sabe que eu sou mulher, você não será um babaca, certo?
— Prometo ser um cavalheiro — Ele sorriu.
— E se nos entenderem errado? Você deve querer ficar com alguém com certeza, eu posso acabar atrapalhando sem querer.
A verdade era que eu queria que ele dissesse que não pretendia ficar com ninguém.
— Quero beber com você, Hayun — Ele me olhou sério. — Se eu quisesse beber com outra mulher, chamaria outra mulher.
Pisquei. O que ele tinha acabado de insinuar?
— Ah... Entendi.
— Não me entenda mal — JJ se apressou em explicar, parecia ansioso novamente. — Só quero dizer que vamos sair como amigos e você é uma mulher, eu não posso apenas te abandonar bêbada por aí.
Sorri. Ok, ele era um pouco fofo. Esse lado eu não conhecia ainda. Em seu diário, JJ oscilava entre loucuras de sexo, tristeza e bizarrice.
Sair como amigos... Seríamos agora amigos? Isso me deixava emocionada, ultimamente minha única amiga era minha prima, o resto eram colegas de trabalho e eu odiava isso. Não as odiava, elas eram uns amores, mas eu queria expandir meu círculo social, até porque fora do trabalho mal nos falávamos.
Eu estava muito insegura sobre JJ, por mais que o "conhecesse" sabia que ele não tinha os mesmos sentimentos que eu, ninguém era tão maluco assim. Talvez ele estivesse falando comigo apenas por interesse sexual... Eu deveria tomar cuidado com isso.
Não que eu fosse uma santa e estivesse me guardando para o casamento, mas eu não queria que JJ fosse alguém passageiro, uma transa de um dia. Apesar da atração, eu gostava muito da sua personalidade. Eu sabia que tinha uma queda pelo JJ, mas também sabia que não era um sentimento sólido, em breve nos tornaríamos apenas bons amigos.
— Obrigada por isso — Sorri. — Você está livre amanhã?
— Eu nunca estou livre — Ele disse em um tom chateado, mas logo o sorriso voltou ao seu rosto. — Ficarei de férias em alguns dias, podemos marcar um dia então.
— Você vai me dar seu número ou...
— Eu dou o meu e você me chama para eu anotar o seu.
— Certo —. Peguei meu celular. Ele ditou seu número e eu anotei nos contatos. — Seu nome é?
Só nesse momento que me dei conta que ele ainda não tinha dito seu nome. Agora eu estava mais curiosa ainda.
— Meu nome — Ele repetiu parecendo indeciso. — Jeonghan, esse é o meu nome.
— Como o cantor? — Perguntei surpresa.
— Sim... É um nome comum na Coréia.
— Você disse que era um nome estranho — Dei risada.
— Você não achou?
— Não, é bonito.
— Obrigado, você também... O seu nome.
Me segurei para não rir. Jeonghan cometia umas gafes que só o deixava mais adorável ainda, pena que seríamos só amigos.
— Obrigada, Jeonghan.
— Nos vemos por aí — Jeonghan estendeu o punho na minha direção.
— Até — Bati meu punho no seu.
Jeonghan fez uma careta. Ora, eu não era acostumada com esse tipo de toque. Hana e eu sempre nos abraçávamos como cumprimento. Acabei rindo ao vê-lo analisar sua mão.
— Porra, está com raiva de alguma coisa, Hayun?
— Desculpe — Ri mais ainda. — Não costumo me despedir dos meus amigos assim.
— E como faz isso?
— Bom... Eu e minhas colegas apenas nos abraçamos ou sabe... Nos despedimos com beijinhos.
— Da próxima vez, me abrace.
Sorri sem graça, mas Jeonghan me encarava muito sério.
— Mesmo?
— Mesmo.
— Certo, então... Melhor você ir logo para casa, trabalhou o dia todo.
— Tem razão. Até, Hayun.
— Até.
Assim que ele deu partida fui para casa, dessa vez ele tinha ido mesmo. Encontrei Hana na janela atrás das persianas... Ela estava só de roupão, parecia ter saído do banho.
Ela não tinha nem se dado o trabalho de fingir que não estava me olhando.
— E aí?
— Como assim e aí? — Eu a puxei. — Sai dessa janela, não tem vergonha?
— Se tivesse não estava na janela.
— De roupão — Frisei. — Maluca.
— O que? — Ela riu. — Maluca é você com esses pensamentos.
— Que pensamentos?
Hana só podia estar brincando comigo. Ela começou a rir e quase caiu no chão, mas eu a segurei.
— Obrigada, mas e aí chamou ele pra sair?
— Ele não gosta de mim assim.
— Você fala isso como se fosse um tipo de regra para chamar alguém para sair, estamos no século XIX ou o que?
— Hana, quando duas pessoas saem juntas e gostam do gênero uma da outra, você acha que isso soaria como o que?
— Você é tão antiquada, me dá náuseas — Ela fingiu vomitar enquanto eu a olhava feio. — Eu estava falando de sair assim na amizade, você é muito emocionada.
— Sério? Só na amizade? — Falei ironicamente.
— Insuportável.
— Olha quem fala.
— Porra, chamou ou não? Não chamou, né? Aposto que gaguejou e ficou toda sem jeito.
— Você fala como se fosse a rainha dos relacionamentos.
— E não sou? — Hana mostrou um anel de compromisso.
Essa porra de anel não significava nada para ela, esse anel era o de Sábado, ou seja, o que ela usava para sair com o garoto de Sábado.
— Para sua informação, eu tenho o número dele e vamos sair para beber como amigos.
— Escutei bem, você vai beijar depois de dez anos?
— Você é mesmo quatro anos mais nova que eu, diaba?
Hana se limitou a rir do meu comentário. Ela não era nada inocente e sempre conseguia o que queria, percebi que acabei fazendo a vontade dela quando ela parou de me encher de perguntas.
— Fico feliz por você, Yun — Ela sorriu. — Ele não é de se jogar fora.
— Hana?
— O que?
— Cala a boca.
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Atualizado até capítulo 86
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