Ajeito o roupão no corpo, pego minha xícara e dou uma golada. O prefeito me segue bebendo de sua xícara e observando o escritório. Arrumo minha postura o melhor que posso para parecer o mais seria possível, ainda mais após ter ficado com os mamilos dando sinal de viva no pijama.
— O que traz aqui Sr. Davies?
— Precisava vir pessoalmente lhe dar as Boas-vindas como disse anteriormente.-Fala cruzando as pernas.-Seu avô era um cidadão muito importante para essa comunidade.
— Pude ver pelo pouco que já conheci daqui.
— Vocês não pareciam próximos. Desculpa perguntar, mas o que houve?-Ele se inclina para frente querendo me ouvir com mais atenção.
— Meu avô tentava ser próximo como podia. Mas ele sempre dizia que eu lembrava minha avó, o que fez ele se afastar com o tempo.- Dou um sorriso sem graça recebido com um olhar de compreensão e empatia.-Bom, agradeço as boas-vindas.
— Imagina, mas não foi só isso que me trouxe aqui, gostaria de falar de algumas coisas relacionada a fazendo também.
Conversamos sobre os funcionários, a propriedades que pertence à fazenda, sobre a época de coleta de lã, o quanto isso iria movimentar a cidade e o comércio local. Ele me explica como a cidade fica nesses tempos, os eventos que irão acontecer, seus planos para a cidade e por fim confessa que gostaria da minha ajuda como patrocinadora para alguns eventos. Mas algo dentro de mim resolve perguntar algo aleatório e longe do tema que discutíamos.
— Me perdoe a pergunta Mattheo, mas quantos anos tem?
— Quantos anos acredita que eu tenha?-Ele me pergunta rindo gostosamente, mas ainda com expressão de surpresa.
— Creio que é novo demais para um prefeito, a barba te deixa com ar mais velho, mas ainda assim é novo.-Me inclino sobre a mesa, observando com cautela.
— Bom, eu tenho 28 anos, senhorita Gilliand.-Ele ajeita o terno relaxando um pouco.-Posso dizer que sou o prefeito mais jovem que essa cidade já teve em décadas.
— Entendo, acredita estar preparado para todas as responsabilidades que isso implica?
— Nunca estamos senhorita.-Mattheo me observa serio. — Creio que essa pergunta foi para você mesma.
— Posso dizer que sim, mas ao contrário de você, não escolhi estar nessa posição tão cedo.
Conversamos mais um pouco sobre a cidade, os moradores, sua cultura local e pontos interessantes para se conhecer. Ele se permite contar sobre sua vida pessoal, me conta sobre seu apartamento perto do centro, sobre o fim do seu noivado por conta de conflito de interesses e como sua família era bem tradicional da região, amando eventos típicos e festas que reunia todos.
Vou o acompanhando até a porta da frente, ele me fala sobre os restaurantes da cidade, eu ficando com fome e sem entender como nossa conversa acabou comigo tendo um encontro agendado para sexta a noite com o prefeito da cidade. O vejo montar em sua camionete prata e ir embora dando tchau para mim. Volto para dentro da casa, fecho a porta e ao me virar, vejo Elisabeth com um sorriso largo estampado na cara.
— Você tem um encontro com o prefeito Davies?
— Parece que sim.
— Tenho certeza que você ira gostar, ele é um amor de pessoa.- Diz vindo para mais perto. - O almoço esta quase pronto.
— Vou tomar um banho e já desso para almoçarmos “juntas”.- Falo dando enfase no ‘juntas’ para que ela fique comigo e não me deixe sozinha.
Subo as escadas com Brutus como minha sombra, entro no meu quarto e vou direto para o banho. Ao sair, pego um vestido no armário e coloco um sutiã para não deixar meus mamilos visíveis novamente. Lembro da chave que fui buscar na biblioteca minutos atrás, volto para o quarto pegando minha calça de pijama e puxando a chave para fora do bolso. Entro novamente no closet, indo direto para a fechadura, encaixo a chave e a viro com cuidado.
Ouço engrenagens rodando por trás dos armários, Brutus pula da cama, vindo para o meu lado, como se já soubesse o que estava por vir. Alguns segundos depois, no final do closet, pude ouvir um clique de algo abrindo, começo a andar na direção e reparo na pequena porta no canto direito no qual teria que passar agachada. Pego o celular, ligo a lanterna iluminando o pequeno local e percebendo ser como um corredor estreito, entro andando os poucos passos até o final onde tinha uma escadaria que permitia tanto subir quanto descer para algum lugar. Ouço latidos, volto para a entrada a tempo de ouvir os passos de alguém no meu quarto.
— Anne, querida, esta tudo bem? — Era Elisabeth do lado de fora do closet.
— Estou terminando de me vestir.-Grito saindo da sala secreta e me arrumando como dava.
— Desculpa querida, vim avisar que o almoço está pronto. Vou esperar lá em baixo, na cozinha.
A ouço saindo, cantarolando algo alegremente, corro para a porta a fecho e termino de me arrumar. Coloco um coturno com meu vestido florido de tons marrons, prendo meu cabelo como consigo em um coque bagunçado e me viro para Brutus que estava parado me observando.
— Ficou bom?- Brutus me responde com um latido.-Vamos que Elisabeth esta nos esperando lá embaixo.
Abro a porta com tudo, dando de cara com Calab, com o punho levantado no ar, lentamente ele abaixa a mão, mas me engolindo com os olhos. Ficamos parados nos entre olhando em total silêncio, até que Brutus late pedindo para abrir caminho para ele, que sai e some descendo as escadas.
— Precisa de algo?-Finalmente falo chamando atenção de Calab de volta para mim.
— Sim, mas tenho certeza que se eu pedir você não vai me dar.— O vejo sorrir maliciosamente.— Apesar que esse vestido facilita tudo.
— Como você é sujo.-O empurro abrindo passagem para conseguir sair.
— Lembro que de madrugada você queria isso.-Fala sussurrando em meu ouvido.
— Serio, o que você veio fazer aqui?
— Vim apenas te chamar para almoçar, está todo mundo te esperando lá em baixo.
— Paolo já voltou?
— Sim, esta com minha mãe na cozinha.
Descemos as escadas em silêncio, sigo com ele atrás de mim, como um guarda costa, seguimos em direção à cozinha, mas paramos quando a campainha tocou. Olhamos em direção à porta, depois nos entre olhamos, Calab vai até a porta e abre com cuidado, mas ficando de frente com quem estava na entrada, sendo impossível ver quem era. Mas eu reconheceria aquela voz de qualquer lugar, aquela maldita voz que fazia meu sangue ferver de ódio. Como um búfalo, ando a passos largos passando por Calab e parando na sua frente.
— O que você quer aqui seu imprestável?
— Vim atrás do que é meu por direito!
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Atualizado até capítulo 61
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