Acordo no dia seguinte sem entender nada do que havia sonhado, como pode aquela criatura surgir em meus sonhos. Arrumo as últimas coisas na mala, me certifico que não esqueci nada no quarto e vou devolver as chaves na recepção. A senhorinha tirava o pó com um espanador e estava usando o que parecia ser um uniforme com a plaquinha com o seu nome ‘Rosaline’, ao me ver sorri de forma gentil vindo para perto do balcão.
— Dormiu bem, querida?
— Dormi, sim, obrigada. - A respondo entregando a chave do quarto.
— Que bom, tem café da manhã no salão ao lado. - Rosaline fala pegando as chaves e guardando na prateleira atrás do balcão e apontando para sua esquerda para uma porta grande de vidro. - Está tudo incluso na diária querida.
— Será bom comer algo antes de viajar, obrigada.
Vou até o salão, lá dentro tinha algumas pessoas já tomando o seu café da manhã, me sirvo de ovos, bacon, pão com geleia, salada de frutas e um copo gigante de café preto. Tudo estava gostoso e a vontade de ficar comendo ali era enorme. Me permito ficar tomando o café, relaxando, observando pela janela a estrada. Mas como tudo que é bom dura pouco, o som das motos voltam e logo entra na reta de minha visão. Vejo Calab e sua turma tirando o capacete, rindo e conversando sobre algo. Calab entra pela recepção, dá um beijo na testa de sua avó e vem para o salão. Ele olha em volta como procurasse algo, quando me vê mais ao fundo do salão, sorri de forma maliciosa e começa a caminhar. Tudo que eu consigo fazer é desejar que não seja eu que ele procurava, me viro para olhar para fora tentando ao máximo ignorar sua presença, mas abusado como é, Calab puxa a cadeira de minha mesa, vira o encosto para a mesa e senta com cada perna de um lado e o peito batendo no encosto.
— Ola, minha deusa, dormiu bem? - Calab fala inclinando sobre a mesa para pegar um pedaço do bacon em meu prato.
— O que você quer?
— Ui, ela tem garras, gosto disso, deixa tudo com mais… - Calab dá uma pausa dramática e morde o pedaço de bacon.- Emoção para a conquista.
— Vai falar logo o que você quer ou vai ficar aí roubando a comida do meu prato?
— A comida aqui é ótima, não é querendo puxar o saco da dona. - O seu sorriso fica mais largo contando aquilo, como se eu não soubesse seu parentesco com a senhora Rosaline. - Se eu passar a semana aqui vou perder esse corpo que tenho e não queremos isso né?
Ele alargou mais ainda o sorriso, me deixando com total vergonha da situação. Calab é um homem longe de ser considerado bonito, ele é lindo, com aqueles olhos azuis, cabelos negros totalmente bagunçados, os lábios rosados e a pele branca. Era visível ver que seu corpo era malhado mesmo com aquela jaqueta de couro grossa que usava, sua altura chamava atenção e as tatuagens dava o toque final que precisava para o visual ‘BAD BOY’. Isso sem contar sua bunda redonda e o volume indiscreto que foi possível ver nas suas calças ontem.
Balanço a cabeça trazendo meus pensamentos para o presente e para o fato daquele homem estar na minha mesa. Dou mais um gole na minha bebida e tento manter a pose de mulher desinteressada, cruzando os braços e olhando nos olhos dele, que agora estavam amarelos de novo.
— Fala logo o que você quer de mim.
— Quero me casar com você e por um filho no seu ventre, ter uma casa de fazenda e um cachorro para cuidar do rebanho no campo.- Calab responde sem rodeios, me deixando totalmente em choque. - O quê? Você queria saber, eu respondi.
— Primeiro, não, segundo, com certeza não, terceiro que drogas você usou? E quarto eu quero saber o que você faz aqui agora, idiota.
— Hum, você não quer rotular nosso relacionamento. Tudo bem aceito só a casa, o cachorro e você na minha cama.
— Que relacioname… - Respiro fundo, para não gastar o meu réu primário. - Quer saber? Eu vou embora.
— Calma minha deusa, só vim te dar isso. - Calab puxa de dentro da jaqueta uma sacola preta com uma caixa dentro e coloca na minha frente na mesa.
— Você está me dando um presente?
— Na verdade, te dando algo que você quebrou ontem a noite.
Olho para dentro da sacola observando a caixa de um novo celular. Volto a olhar para ele, incrédula que havia comprado um para mim. Tiro a caixa da sacola e verifico cuidadosamente. Estava com película protetora e a nota fiscal da loja de alguns minutos atrás.
— Eu não posso…
— Eu te devia isso e é só um celular, nada de mais. - Calab se levanta da cadeira e a coloca no lugar novamente. - Preciso ter como falar com você mais tarde.
— Você não tem o meu número.
— Não, mas sou neto da dona do hotel.
Calab pisca e sai, fico por alguns segundos sem entender o que ele queria dizer até lembrar que ele podia muito bem pegar meu número no registro de entrada do hotel. Merda!
Pego minha bolsa, vou para a recepção falar com a senhora Rosaline, explico para ela a situação que fica séria olhando para o computador, ela dá um suspiro cansada e me pede desculpa, diz que apagou meu número, mas me informa que Calab já poderia ter meu número, pois o mesmo ajudou ontem quando uma família chegou tarde da noite.
— Bom, estou partindo para Kalendis de qualquer jeito então não tenho o que me preocupar.
— Kalendis do Oeste?
— Do Norte. - Falo conferindo o endereço nas cartas recebidas do advogado do meu avô.
— Querida, North Kalendis City é apenas 15 minutos daqui. A área do hotel pertence à cidade.
Impossível, eu joguei a rota no GPS, pego o celular na bolsa e olha para tela toda estilhaçada com uma luz azulada de fundo. Tudo que consigo fazer é dizer:
— Merda!
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Atualizado até capítulo 61
Comments
Vanda Belem
Ele é bem agressivo, mas essa história vai render, e eu amo isso. ❤️
2023-06-13
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