Capítulo 7 - A fazenda Gilliand

Sigo Calab escadaria acima para os quartos no segundo andar. Havia oito quartos grandes, fora o quarto principal, um banheiro social, sala de jogos e duas sacadas enormes, sendo uma que dava para a frente da casa e outra para os fundos. Calab para perto da última porta no enorme corredor, abre as portas duplas para mim e para de lado dando passagem para que eu possa entrar.

O quarto era todo branco com lilás, possuía móveis vitorianos de cores claras, tinha estantes de livros, uma lareira enorme, uma pequena mesa perto da porta da varanda, uma penteadeira, sofá e poltronas. Havia um rádio ao lado da lareira, acima dela uma TV enorme e algumas plantas, flores, quadros e esculturas espalhadas. Do outro lado da lareira tinha uma porta que dava para o closet e o banheiro todo de mármore branco com dourado. No centro tinha uma banheira ao fundo, um chuveiro duplo e armários discretos com duas pias. Volto para o quarto e encontro Calab abraçado a uma mulher que ao me ver sorri soltando Calab e vindo a frente.

— Boa noite, senhorita Gilliand, sou a governanta Elisabeth. 

— Pode me chamar só de Anne, por favor.

— Sim, claro. Espero que tenha gostado do quarto. — Fala sorrindo gentilmente para mim. — Era dos seus avós antes, mas foi mudado os moveis pelo seu avô para agradar a você.

— Ele pediu para mudar?

— Sim Anne, ele queria que se sentisse em casa. Sinceramente adorei como ficou o quarto agora. - Elisabeth fala olhando em volta. — Espero que goste também.

— Eu amei, obrigada. 

Elisabeth sorri para mim, dá um beijo no rosto de Calab e sai do quarto nos deixando a sós. Olho em volta e vejo todas as minhas coisas ao lado da cama e algumas caixas embrulhadas. Seguindo meu olhar, Calab vai para o lado da cama e pega uma das caixas olhando os cartões.

— São dos funcionários da fazenda.-Vira me entregando.-É algo simples, mas esperamos que goste e se sinta bem-vinda.

Pego a caixa e abro, dentro havia uma pulseira simples de prata com berloques de uma ovelha, uma letra G e um sol sorrindo. Era lindo, delicado, simplesmente adorável. Calab se aproxima de mim me ajudando a pôr a pulseira no pulso esquerdo. Sua aproximação me faz esquentar, combinado com seu toque sutil em meu pulso imite uma onda de choque pelo meu corpo todo. Ele se aproxima mais de mim, segurando meu pulso gentilmente. Volto meu olhar para cima e fixo no dele que estavam negros me olhando de volta, quase me devorando. Calab, fecha os olhos, se inclina, fazendo meu coração saltar esperando o próximo passo dele.

— Você esta fedendo, é melhor tomar um banho. - Ele se afasta me olhando com cara de deboche colocando um cigarro na boca. — Logo o jantar fica pronto minha deusa, é melhor não estar com essa carniça no corpo na mesa de jantar.

Ele sai fechando as portas, me deixando estática no meio do quarto, com um tesão fora do normal. Aquela reação que tinha com ele fugia totalmente de qualquer relação que tive com o sexo na minha vida. Ele me deixava quente, louca por possuir seu corpo e ter seus lábios no meu.

— Espera um momento, ele disse que estou fedendo carniça? Mas que filho da put…

(...)

Tomo um banho longo, quente e mais do que merecido para aquele longo dia. Elisabeth, bate na porta me avisando que o jantar já estava pronto e que estavam me esperando na sala de jantar. Me troco no closet vendo ele vazio com apenas algumas joias guardadas em um expositor de vidro. Desço as escadas principais, vou para a sala de jantar e encontro a mesa posta apenas para uma pessoa. Acho estranho não ter ninguém ali e vou para cozinha procurar pelos três, mas a encontro vazia também. Pelo canto do olho vejo luzes vindo do pátio, olho pela janela e os vejo sentados perto da pequena casa dos funcionários, em uma mesa quadrada, finalmente entendo o que estava acontecendo. Pego meu prato, vou até lá fora e me sento na mesa com eles, começo a me servir do ensopado que estava no centro e comer com pão. Minha atitude faz com que me olhem como se o que eu estivesse fazendo fosse de outro mundo.

— O que gente? Estou com fome.-Como de forma relaxada e sem frescuras.

Elisabeth se serve, seguido de Paolo que puxa assunto falando dos rebanhos recém nascidos. Falo que quero os ver no dia seguinte e conhecer o restante da propriedade no dia seguinte. Conversamos, rimos, os conheço e observo o quanto são unidos e bons uns com os outros. Descobro que Elisabeth é mãe de Calab, que Paolo era policial que resolveu sair da corporação depois de um acidente. Os ouço fofocando sobre outros funcionários e pessoas da cidade, dou risada da empolgação de Paolo para contar as ‘novidades’. 

Sinto sobre mim um olhar fixo e vejo que Calab não parava de me encarar por um segundo. Seus olhos estavam azuis, seu sorriso era novamente doce, me parecia feliz com o momento.

— Calab? — Elisabeth nos tira da de nossos pensamentos.

— Oi mulher da minha vida. — Calab responde pegando a mão de sua mãe. — Desculpa, estava pensando no trabalho de amanhã.

— Perguntei se você ainda está saindo com a filha dos Brown querido.

— Verdade, semana passada vocês estavam quase se engolindo no celeiro.-Paolo fala antes de bebendo e olhando para Calab.

— Não era nada sério. — Calab fica vermelho, me olha sem graça e pela primeira vez o vejo perder a pose de ‘bad boy’.

— Que pena, esperava que dessa vez desse certo.-Elisabeth fala voltando a comer. — E você Anne, soube que estava namorando, como ele se chama?

A pergunta me pega desprevenida de tal forma que sinto o suco que tomava queimar meu nariz. Olho para a Elisabeth que me observava e Paolo que parara de comer para me ouvir falar, vejo Calab cruzando os braços com aquele sorrisinho prepotente surgindo novamente ao mesmo tempo que parecia aborrecido com algo.

— Estou solteira, creio que quando seu namorado dorme com sua colega de quarto é porque o relacionamento acabou.

— Sinto muito querida. — Elisabeth coloca a mão sobre a minha e sorrindo com carinho para mim.

— Bom, eu estou a fim de sorvete de menta com chocolate e vocês? — Paolo pergunta pegando a louça e lavando na pia externa do pátio.

— Quero de morango com cookie.-Elisabeth pega a panela e começa a andar para a cozinha para guardar. — Querido, busca para a gente, leva a Anne com você, tenho certeza que ela vai adorar ver a cidade.

Calab amplia seu sorriso para mim, aceitando a ideia de sua mãe e se levantando da mesa parando ao meu lado. Ele pega a minha mão, me ajudando a levantar, colocando meu braço em torno no seu e me conduzindo até a frente da casa pela lateral.

— Você vai ter que segurar firme em mim, minha deusa, vamos dar uma volta de Harley.

Quando dou por mim, estou agarrada ao seu casaco de couro, na traseira de sua moto, pegando pista para a cidade comprar sorvete. 

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