Passa alguns minutos que Paolo me deixou sozinha na cozinha, sumindo com Calab pela porta dos fundos. Me levanto indo até a janela e os vendo conversar, Paolo estava sorrindo e Calab parecia tenso. Paolo coloca a mão no ombro de Calab que imita o seu gesto e dá um sorriso. Os dois se viram olhando para a casa me vendo na janela os observando. Paolo fala algo e sobe as escadas, entra na cozinha e se volta para a pia para lavar a louça. Continuo olhando pela janela para Calab que agora fumava um cigarro sentado na escadaria.
— Ele me contou que te conheceu ontem. — Paolo me fala sem tirar os olhos da pia. — Espero que não tenha ficado constrangida com a forma de sedução dele.
— Se aquilo que ele fez é sedução, ele realmente precisa se reinventar.- Paolo dá um riso contido e enxuga as mãos.
— Ele é um bom rapaz apesar do jeito.
— Ele trabalha aqui na fazenda?- Me sento novamente no banco esperando Paolo me responder.
— Não é contratado, mas ajuda às vezes. - Ele se inclina na bancada como se fosse me contar uma fofoca. — Não deixe que o jeito estranho dele te impedir de ter um julgamento adequado sobre ele. Bom, vamos? Vou te apresentar ao local.
Após algumas horas conhecendo toda a fazenda e conversando com os funcionários que a mantinha funcionando. Volto para o casarão principal com Paolo no Jipe da fazenda, parando na parte de trás do lado de uma das entradas do fundo. Me sento no banco perto da entrada e tiro as potas as colocando do lado do banco, Paolo faz o mesmo e coloca o sapato para andar dentro de casa, se levanta e vai para a cozinha. Vou descalça andar pela casa, encontro a porta para um escritório que tinha algumas fotos de família e lugares que provavelmente meus avós visitaram, passo por uma porta lateral que me levou a biblioteca. Era enorme, com estantes que saiam do chão até o teto, lotados de livros, havia uma janela enorme com vitrais coloridos que possuía um banco almofadado, com diversas almofadas e à sua frente uma escrivania com cadeira antiga que pareciam recém restauradas. Me sento na cadeira, olhando cada detalhe da mesa, suas diversas gavetas com detalhes dourados e cheiro de madeira velha.
Abro gaveta por gaveta, encontrando documentos da fazenda, dos funcionários, fotos, algumas cartas de meu avô para minha avó e alguns de minha mãe. Mexo mais um pouco nos papéis, logo um em particular chama minha atenção. Era uma carta endereçada a mim, o envelope estava lacrado com um selo em cera verde com as inicias da família Gilliand. Analiso com cuidado e abro a mesma lendo seu conteúdo…
“Querida Anne,
Perdoe seu avô por não ser tão presente em sua vida, você me lembra as mulheres de minha vida, principalmente sua avó e seu espirito livre. Me doí olhar para você e ver tanto dela em seu rosto jovem. Não quero que pense que não te amei minha neta querida, pois te amei muito até o último dia de minha vida.
Sei que estou a deixando com uma responsabilidade enorme nas suas costas, mas me machuca a possibilidade de ver essa fazenda cair em ruína, isso levaria a vida de diversas pessoas também.
Espero que entenda as condições que me levaram a fazer o testamento como fiz cada exigência nela. Creio que como sua avó, no final do processo de dois anos, estará apaixonada por essas terras como eu me apaixonei por elas e também pela população dessa cidadezinha.
Deixei a casa o mais confortável possível e seguindo os seus gostos, se não estiver errado você provavelmente já viu a cozinha, o ateliê para seus quadros e essa biblioteca. Desejo de coração que encontre aqui o lar que não pudemos te proporcionar quando criança.
Com todo amor de um velho que te deseja o melhor.
Vovô Sebastião Gilliand.
P.S: Essa terra é magica e encantadora, explore o melhor dela.”
Sinto uma tristeza tomando conta de mim, vovô sempre procurou ser um bom homem e estar presente em minha vida. Nunca foi de viver de luxo e ostentação, mas nunca deixou faltar nada mesmo não aprovando o fato de minha mãe engravidar com 16 anos, casar, separar de meu pai e mais tarde se casar novamente com meu padrasto trambiqueiro e aproveitador.
Abro o envelope e encontro dentro uma chave pequena com uma etiqueta com as minhas iniciais e um colar com um pingente de formato redondo que tinha no centro uma pedra da lua e atrás as iniciais do nome da minha avó. As lembranças dela sempre usando e falando que a pedra a protegia me vem a mente, a coloco no pescoço admirando por uns segundos.
— Ficou lindo em você. — A voz que vinha da porta me faz pular de susto e ver em pé no batente Calab com um cachorro ao seu lado.-Lembro de ver sua avó sempre com ele.
— Ela dizia ser para a proteger contra os espíritos ruins.-O respondo voltando meu olhar para o pingente e me perdendo nas lembranças daquela senhorinha sempre sorridente com flores e ervas nas mãos.
Volto meu olhar para Calab, que pela primeira vez desde quando o conhecia, sorria de forma gentil para mim. Olho para o cachorro marrom e branco ao seu lado, sentado abanando o rabo, me observando com a cabeça inclinada meio de lado.
— Bonito Border Collie.
— O nosso pequeno Brutus aqui é um cão ótimo com o rebanho. Né meninão lindo?-Fala esfregando o pelo do cão que o responde dando ganidos e pequenos pulos.
— Ótimo, vocês estão aqui, o jantar esta quase pronto.-Paolo surge na porta fazendo carinho no cachorro e olhando para mim.-Senhorita, se quiser tomar um banho antes do jantar o Calab pode mostrar os seus aposentos. Eu vou voltar para a cozinha e alimentar o Brutus aqui.
— Sim, eu a levo até seu quarto senhorita Gilliand.-Calab, sorri de forma abusada de Paolo para mim.
Paolo me lança um sorriso gentil e sai levando Brutus, Calab se vira para mim com seu sorriso de lado estampado seu rosto e me olha levantando uma sobrancelha.
— Socorro Deus!
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Atualizado até capítulo 61
Comments
Dalva Ferreira Rocha
nossa essa história parece ótima autora mais não tem uma foto dos personagens e nem a idade deles e a história ganha vida e melhor conhecendo os personagens.🤔🤔🤔🤔🤔🤔
2023-06-15
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