Capítulo XIV

...Marion🔥...

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Ouvir tudo aquilo me deixou completamente horrorizada. Eu estou gerando um filho, e pelo meu filho, mesmo ainda no ventre, eu mato e morro. Como uma pessoa pode fazer isso com um ser, que ela mesma quis gerar? Ela assumiu as responsabilidades dela de poder engravidar, conseguiu o que queria, e deixou o menino de lado, simplesmente porque lhe foi conveniente. Tratou o filho como se não fosse nada. Como se fosse completamente descartável. Eu não sinto ódio por ela ter engravidado do Barão, porque isso foi antes de termos alguma coisa. Mas, eu a odeio por ter escondido o menino. Eu a odeio, justamente pela forma como ela trata o próprio filho!

Como ela pode abrir a boca para dizer que é mãe? Ainda tem o fato de que, a Janete roubou o Breno. Quando penso que uma é louca, vejo que existe uma mais louca ainda, que serviu de espelho. Agora, o Breno foi buscar o Hugo. Me deixou num morro aliado, e os vapores vão me levar para casa, quando for seguro. Quero muito poder conhecer o Hugo. Quero poder abraçar, beijar, cuidar, entender o mundo dele, aprender com ele. Quando já estava em casa, o meu marido chega com o Hugo e com uma bebezinha nos braços.

O Hugo é a xerox perfeita do meu marido. Eles dois são identificos e pelo abraço gostoso que eu recebo do Hugo, percebo o quão carinhoso ele é.

Marion: Oi, Hugo! Seja bem-vindo. Eu me chamo Marion.

Hugo: M...Marion?

Marion: Isso mesmo!

Hugo: Vou ter que morar aqui? Por que? Queria minha casa...

Ele diz um pouco agitado e impaciente. Lendo um pouco sobre a condição dele, vi que ele poderia ficar assim, porque eles odeiam mudanças. Principalmente, sem aviso prévio.

Marion: Olha, eu entendo que vai ser um pouco difícil no começo, mas eu garanto que vai ser muito legal. Você tem a mim, tem ao Barão, tem os titios, as titias, que serão super legais com você.

Hugo: O Barão é o meu pai. Não é?

Barão: Sou sim, garotão!

Hugo: A Neide me disse que você iria me buscar algum dia, e vejo que você se parece comigo.

Barão: Cheguei um pouco atrasado, mas eu fui buscar você. Você me desculpa?

Ele acena em afirmação e o Barão o abraça.

Hugo: Se você é o meu pai. Quem é a minha mãe?

Marion: Eu sou a sua mãe. Se você quiser, é claro! Você não foi gerado no meu ventre, mas está sendo gerado no meu coração. Seremos muito felizes, eu garanto a você. Olha, tenho algo pra você.

Hugo: O que é, mamãe?

Eu dou um sorriso em meio as lágrimas, e ele me olha.

Hugo: Você ficou triste? Desculpa!

Marion: Claro que não fiquei triste, meu amor! Essas lágrimas aqui, são de felicidade extrema por ter você como o meu filho. Eu não sou merecedora de tanta honra. Eu sou muito grata esse presente lindo!

Eu não sei explicar conexão que temos. Não sei dizer como, mas a única coisa que eu sei, é que eu vou proteger esse menino com a minha vida! Pego alguns brinquedos de montar, e um quebra cabeças que eu comprei, pois vi que é muito bom ter algo que chame a atenção deles, para que eles foquem naquilo ali. São extremamente inteligentes, e eu percebo isso assim que ele começa a montar o quebra cabeças.

Marion: E essa coisa gostosa? Quem é?

Brinco com as mãozinha da bebê, que está mau cuidada. Ela está com os olhinhos vermelhos, acredito que pelo sono e também, por ter chorado.

Barão: Encontramos ela num galpão. O D20 e o Budyonny disseram que, tinha dois corpos lá e as mulheres se pareciam muito com ela. Pelas idades, podem ser que sejam mãe e avó dela, a mãe e uma tia avó da neném. Ainda não sabemos ao certo quem são, quem as matou e motivo de estarem mortas. Só sabemos que, a neném foi largada junto aos corpos e com toda certeza do mundo, foi deixada lá para morrer. Ainda não temos nenhum documento dela, não temos nada.

Marion: Meu Deus! Quem tem coragem de fazer uma coisa dessas com um bebezinho inocente? Quanta maldade, meu Deus...

Barão: Eu tenho certeza absoluta de que isso é obra do Paraná. Ele comandava aquele morro e não era possível que ele não soubesse o que se passava ali. Se bem que, ele é o responsável por aquele morro ter se tornado um verdadeiro inferno.

Marion: Ela precisa de um banho pra relaxar, e comer alguma coisa. Poderia pedir os vapores para comprar algumas coisas? Há essa hora, já tem algumas lojinhas abertas.

Barão: Claro, amor.

O Barão pede as coisas para a neném e eu subo com ela. Como aqui tem uma bacia, que inclusive tem até mais espaço, coloco a água morninha e começo a dar banho nela. Logo chegamos com as coisas para a higiene pessoal dela, e eu passo o sabonete, lavo os seus cabelinhos e escovo os dentinhos que já estão nascendo. A seco e começo arrumar os seus cabelinhos.

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