A cidade de Lounerse - Parte 6

Parte 6: 

Amai apoiado no balcão, olhava para baixo. Por um breve instante ele não havia entendido o motivo de Millya ter ido em direção àquele guichê vazio.  Não seria melhor aguardar na fila de 3 pessoas do guichê ao lado? Porém, ao se aproximar, percebeu os movimentos ágeis de uma pessoa atrás do balcão e agora, ele encarava um par de olhos arredondados. Sempre teve alguém ali, só que eles não podiam vê-la de longe.

"Por que tem uma criança aqui?"

Ele fez uma pergunta que não esperava resposta, mais para tentar entender o que estava acontecendo. Talvez o seu senso de humano da Terra o tenha feito pensar em algo assim, mesmo ele sabendo que na Terra também havia crianças que trabalhavam, mas não daquele jeito, toda certinha. Naquele corpinho estava o mesmo uniforme que as outras atendentes.

"Criança!?"

O pequeno par de olhos se estreitou e a pessoinha pulou na cadeira, fazendo-a ficar, mais ou menos, na altura de Amai.

"Está tentando arrumar uma briga? Quer tomar umas porradas?!?"

A reação daquela atendente o assustou, ele não tinha a intenção de ofender. Então ele deu um sorriso discreto enquanto sussurrava um pedido de desculpas. A atendente à sua frente exalou um suspiro exagerado.

"Esqueça", falou a atendente e virou o seu olhar em direção a Millya. "E você, que surpresa te ver usando essa roupa. Conseguiu pagar sua dívida? Ou... Espera! Você enganou esse pobre rapaz? Dá para ver que não é difícil só de olhar para a carinha dele, coitado."

O rosto de Amai se contraiu com a ofensa, mas certamente ele não queria causar mais confusão e iniciar uma discussão com aquela menina. Millya quis sorrir, mas acabou fazendo uma careta.

"Para com isso, Margeth! Você está assustando ele, o novo membro da sua guilda. Não se importe com ela Amai." Millya jogou o pedido em cima do balcão. "Ele é meu companheiro! E em relação a essa roupa, é só um recado que a ladina Lya está de volta nas missões!"

Deu para notar um pequeno sorriso no rosto da atendente. Que se voltou a olhar para Amai.

"Me desculpe por agora. Prazer, me chamo Margeth. Pode me chamar de Marge, ou de Geth. Sou Filha do mestre daqui, e tomo conta desse pessoal. Sempre que precisar de algo pode vir falar comigo." Ela pegou a solicitação de trabalho que Millya havia jogado no balcão. “Lya, pode me mostrar o contrato de grupo? E você novato. Pode me emprestar seu cartão da guilda.”

Millya tirou a luva de couro que usava na mão direita e a marca do contrato apareceu na sua pele. Amai não sabia que ela também tinha ganho uma daquelas. Ele, por sua vez, entregou o cartão da guilda para a menina. Ela olhou desconfiada. Por um momento, Amai imaginou que seria devido às suas estatísticas baixas, mas então ela devolveu o cartão.

"Perfeito. Essa missão precisa ser entregue até no final do dia. Precisamos de 2 cascos. Tomem cuidado para não morrerem, mas também tomem cuidado para não utilizarem força demais e desintegrar todos os monstros. Caso mate algum, compraremos todos os cristais de tartaruga. Além disso, estamos pagando 5 moedas de bronze extra para cada esmeralda verde. Espero que tenham sorte.”

Margeth pegou o carimbo e o usou na folha de missão. Nesse momento, um sentimento estranho se infiltrou no corpo de Amai.  ☫  Eles saíram da cidade pelo portão principal e circularam a cidade próximos aos muros, andando por quase uma hora a mais antes de entrarem na floresta. Millya dizia com convicção que aquele era o melhor caminho, e Amai não tinha motivos para duvidar.

Já dentro da floresta, caminharam entre as árvores. Era difícil para ele acreditar que havia saído dali na noite anterior, só que agora seguia Millya pela floresta adentro na direção oposta da que ele havia vindo, do outro lado da cidade.

Antes de sair da cidade, Millya havia o feito um pedido para passarem na igreja. Eles enfrentaram o tumulto das ruas e seguiram em direção à fonte. Ele não havia notado na noite anterior aquelas construções. Havia 4 grandes igrejas, 2 de cada lado da fonte. Eram praticamente iguais. Muitos pedestres andavam entre elas e uma em particular estava lotada de pessoas carregando armas chamativas e usando armaduras. Millya entrou numa igreja pouco movimentada. Ao ver Amai parado na porta, ela hesitou, mas logo continuou seu caminho para dentro da construção. Saiu de lá minutos depois com um sorriso no rosto.

Agora ela praticamente saltitava entre as árvores na floresta com o mesmo sorriso que sairá de lá. Ela não conseguia disfarçar. Estava livre afinal.

Uma coisa que incomodava Amai era algo que tinha ouvido na guilda, conversas sobre a floresta. Aparentemente, quanto mais fundo iam nela, mais perigoso ficava e isso o estava deixando preocupado, pois, mesmo que ainda não tivesse encontrado nenhum animal ou monstro, já havia adentrado muito na mata.

Até então eles estavam andando rápido, e aproveitando que Millya diminuiu o ritmo, quis tirar mais dúvidas.

‘Millya, como vamos ganhar o dinheiro que precisamos?’, Amai perguntou.

Ela cortava os arbustos com suas adagas, fazendo as lâminas refletirem os feixes de luz que passavam pelas folhas.

“Existem duas principais maneiras para aventureiros ganharem dinheiro: " ela explicou. “Podemos aceitar trabalhos das guildas ou explorar as dungeons. Você também pode explorar dungeons a pedido da guilda ou caçar monstros por itens, mas normalmente não é tão rentável. Os trabalhos da guilda geralmente envolvem coletar itens de monstros, escoltas, proteção e coisas semelhantes. Quando aceitamos um trabalho, criamos um contrato indireto com o solicitante e nos comprometemos a cumprir o trabalho no tempo ou termos estipulados. No nosso caso, estamos coletando cascos de tartaruga, que são usados para fazer armaduras e escudos. Esse trabalho foi provavelmente solicitado por um ferreiro ou artesão. Se não entregarmos na guilda até a data limite, teremos que pagar 50% do que ganharíamos. Metade de 60 moedas de bronze.

Amai a olhou desconfiado, mas Millya sorriu.

“Não se preocupe. Eu não teria aceitado se soubesse que não poderíamos cumprir. Temos o dia todo para isso, e as tartarugas são monstros defensivos, com um único ataque mágico lento e de baixa velocidade de conjuração, não teremos problemas com elas. Além disso, as tartarugas esmeralda contêm cristais que podem ser usados em cetros, cajados e orbes de baixa ou média qualidade. Eles podem gerar dinheiro extra para a gente. Esse cristal esmeralda em seu cetro, por exemplo, vem de monstros com essas características.

Amai olhou para o cristal em seu cetro enquanto Millya continuava a explicar.

"Bem, sobre as dungeons. Hunn... Existem vários tipos de dungeons em todo o mundo, incluindo uma aqui em Lounerse, que possui seis níveis. Se bem que a daqui já foi completamente explorada e não há mais tesouros a serem encontrados. Ainda assim, ainda dá para coletar cristais de mana lá. Essa é a maneira mais fácil para os aventureiros ganharem dinheiro, já que os monstros de dungeon dropam exclusivamente esses cristais.” Millya olhou para Amai “Antes de ser punida, eu estava me preparando para viajar pelo mundo para explorar as dungeons. Tenho certeza de que existem muitas que ainda não foram descobertas.”

“Então, por que não fazemos vamos para a Dungeon? Estou curioso sobre elas.”, Amai disse deixando um pouco de empolgação escapar.

Ao ouvir a pergunta, Millya baixou o olhar.

"Desculpe, Amai. Eu acidentalmente vi seu nível quando você se registrou. Normalmente é um segredo, mas como sei do seu nível, devo lhe dizer o meu. Sou nível 17, sou aventureira desde os meus 14 anos e já consigo me virar até o terceiro nível da dungeon daqui, mas não arriscaria levar você lá. Ao contrário dos monstros da floresta, os monstros das dungeons são muitos inteligentes. Um mesmo monstro aqui e lá pode ser até julgado como algo diferente devido a essa inteligência que eles têm.”

“Bem, não tem o que fazer. Quando eu tiver pronto a gente vai na dungeun então.”

Amai pensou por um momento em contar a ela que seu nível era 1 até ontem. No entanto, havia muito a aprender sobre si mesmo e sobre o mundo antes de revelar a verdade a alguém.  

... ☫...

Millya parou drasticamente em frente a uma camada alta de arbustos e olhou para Amai sorrindo antes de abrir as folhagens com as mãos. Ao atravessarem uma parede de arbustos, Amai e Millya se depararam com uma vista de tirar o fôlego. Um vasto lago de águas cristalinas se estendia diante deles, refletindo a luz do sol como um espelho, tingindo toda a área em volta de um azul deslumbrante. O brilho das ondas criava um efeito hipnotizante, que se estendia até a margem do lago, onde a grama alta se curvava gentilmente sob a brisa. As margens rochosas que cercavam o lago era decorada com arbustos verdejantes e flores silvestres de diversas cores, criando um contraste vívido e harmonioso com o azul cintilante do lago.

O silêncio era quase absoluto, exceto pelo suave ruído das ondas quebrando suavemente na margem, e o som distante dos pássaros cantando em algum lugar. O ar fresco e úmido que soprava do lago trazia consigo o aroma de flores selvagens e musgos úmidos, tornando o ambiente ainda mais acolhedor

"Chegamos!” Millya diz, com um sorriso nos lábios "...Como eu senti falta disso.”

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