O fim e o início - Parte 5

Parte 5:

Vozes ecoavam em sua mente, vozes distorcidas, que não o permitia discernir as palavras que elas sussurravam. Os espectros negros que giravam em volta de seu corpo, oscilavam entre se afastar e se aproximar dele. A sensação era desconfortável e nauseante. Ele tentou dissipar a aura com as mãos, mas ela persistia em seu redor, como se estivesse impregnada em sua pele.

Desesperado para aliviar a dor que tomava conta de seu corpo, Renan caminhou até a margem e se curvou a beira d'água, esperando que a ela pudesse trazer algum alívio. Mas ao se deparar com seu reflexo na superfície, foi tomado por uma sensação de espanto e horror, o que o fez cair de joelhos. O que deveria ser apenas o reflexo de seu corpo, agora era uma criatura monstruosa, com olhos vermelhos e veias sobressaltando sua pele, marcas escurecidas no rosto e chifres que brotavam de sua cabeça em uma sinistra combinação de preto e vermelho. Para piorar a situação, aquela abominação parecia estar falando com ele, não sendo mais seu reflexo e sim uma entidade com vida própria.

"Você sabe o que deve fazer, Amai. Salve Oires!"

 "Você deve buscar ajuda!"

 "Você sabe o que fazer, Amai. Você já fez algo semelhante antes."

"Você foi escolhido pelo nosso mestre. Você é a única pessoa que pode fazer isso."

As vozes continuavam ecoando em sua mente, e ele não conseguia se mover. Seu corpo parecia preso em uma espécie de transe, incapaz de obedecer aos comandos de sua própria vontade. Ele sentia-se afundando cada vez mais, como se estivesse preso em uma espécie de abismo interno.

Afundando...

...Afundando......

^^^E Afundando...^^^

『 Efeito de maldição detectado, iniciando processo de dissipação automática. 』

Um clarão brilhante tomou conta do corpo de Amai por um momento, clareando tudo em volta.

...  ☫...

Quando o brilho que o envolvia começou a desaparecer e sua visão se normalizar, Renan olhou para a lagoa e percebeu que não havia mais fantasmas ao seu redor, e seu reflexo era apenas isso: um reflexo. Era ele mesmo. Seu rosto era normal de alguém quase maduro, seus olhos castanhos sem graça e, em sua cabeça estava apenas, apenas seus cabelos pretos compridos, que sempre odiou na Terra, mas aqui agora, por algum motivo, achou combinar com seu rosto.

Estava claramente com mais dúvidas que antes, mas estava escurecendo e a urgência de encontrar um lugar para passar a noite aumentava. Tirou o mapa do inventário, ignorando os avisos da Map, que diziam que não precisava dele. Amai queria ter uma ideia visual da situação. Estava a pouco mais da metade do percurso até a cidade em relação à quando começou a caminhada.

Ao estudar o mapa, Amai percebeu que ainda teria uma boa caminhada pela frente, e aquilo o deixou inquieto. Não tinha nenhum conhecimento do mundo e tudo que ele achava que sabia, era baseado em suposições de histórias fantásticas que leu enquanto estava na Terra. Em certo ponto, decidiu que lidaria com tudo de forma aleatória e improvisada. Mas será que estava mesmo preparado para enfrentar o desconhecido? Bem, não importava agora, já que havia decidido afastar todas as dúvidas da cabeça.

A única coisa que ele se permitiu foi imaginar o que faria quando finalmente chegasse à cidade.

Agradecido pelo que a Map havia feito ali, considerou fazer um agradecimento, até perceber que não era necessário já que ela podia ler seus pensamentos. Ele se levantou, tocando levemente sua mão na água ao longo do movimento. Tudo o que Amai queria era um lugar para aquela noite.

Ele, então, retornou à trilha.  

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