Capítulo 16

Andando rapidamente em direção ao jardim ao lado da piscina, os seus sapatos pressionam sob a grama molhada emitindo um som de alguém que está com raiva. Danilo corre em direção a ela e consegue alcançá-la segurando no seu braço fazendo na parar.

O seu olhar vai em direção aonde o seu braço está sendo segurado e a proximidade daquele homem a deixava alerta pelo hálito quente com cheiro de tabaco e uísque misturados baterem contra o seu rosto.

A voz rouca e baixa, realçava ainda mais o inebriado da atmosfera. Ele murmura-lhe algo que a faz sair do seu transe habitual por toda vez que está em contato com esse homem.

- Lena, você tem certeza mesmo disso tudo?

Os seus olhos amendoados encontram com aqueles olhos negros que a olhava fixamente.

Lambendo os lábios que por mais que fosse algo involuntário, para ele se tornou algo sexy ao ponto de errar as batidas do coração e sentir o seu corpo se acender e a respiração pesar.

- Sim, não se preocupe. Só quero te pedir algo. – O sorriso e a calma na voz era algo que ele não estava acostumado a ter.

Com os olhos estreitos em desconfiança de que poderia ser algo do qual poderia se arrepender no futuro, mesmo em relutância, Danilo assente.

- Tudo bem, o que precisa?

- Quero que me treine para me tornar uma mulher poderosa na máfia.

Aquilo o pegou de surpresa. Por mais que Danilo não quisesse aquilo para a sua amada e que ela poderia estar fazendo algo do qual se arrependesse só pela motivação da raiva e decepção, ele se sentia envaidecido por ajuda-la, por transformar a sua doce Helena em alguém que mesmo a contragosto era inevitável não acontecer já que ambos eram filhos de integrantes mafiosos.

O brilho no seu olhar era de admiração e contentamento. Os lábios se curvaram em um sorriso e o mesmo assente com orgulho.

- Sim, com prazer te ajudarei sim.

Movida pelo impulso, Helena pula sobre o seu corpo másculo e forte abraçando-o e dando um beijo na sua bochecha.

Por mais que ele já se relacionara no passado com várias mulheres, nunca desejou tanto por momentos como esse que não fossem com essa bela mulher. A mulher prometida a ele e que o mesmo já nutria sentimentos profundos por ela. Nesse abraço e beijo na sua bochecha, sentia-se quase completo, mas muito feliz por em algum ponto dessa inciativa, ela tenha sentido algo e o seu coração também bata por ele assim como o dele bate freneticamente por ela.

Rapidamente ela se afasta e corre retornando para a casa o deixando ali com um sorriso bobo e a mão sobre o local em que os seus lábios macios o tocaram.

...~~~~~~

...

Ainda em choque, Ravi soube tudo sobre aquela mulher que está na clínica implantada por Dom Marco e sobre o quanto ele esteve enganado sobre a sua mulher.

O arrependimento era visível no rosto e olhar daquele homem. Se sentia mal por ter feito atrocidades no início do casamento por conta de uma vingança que ela não tinha culpa, sendo que fora também uma vitima daquele casal que tanto odeia. Mas de uma coisa ele tinha certeza, tentaria recuperar o amor da sua esposa e que ela ficasse ao seu lado novamente e faria Rúbia sofrer muito junto com os seus pais.

- Dom Marco, pode contar comigo na sua vingança. Trarei a minha esposa para cá e quero tanto como o senhor que ela saiba toda a verdade.

- Gostei de ver meu rapaz. Quero mesmo que tudo se resolva o quanto antes, mas de uma coisa eu tenho certeza, deixarei que cumpra a sua vingança.

O seu sorriso sinistro, por mais que Ravi se incomodasse com o que aquele olhar lhe transmitia que não era somente na vingança, mas que algo tinha a ver com ele, só que logo ele tratou de espantar aqueles pensamentos.

- Agora Ravi, como pretende fazer a Helena vir até aqui com você por livre e espontânea vontade, já que o senhor fez algo que sei que ela não perdoa? – Ele tinha curiosidade, mas não queria que ela sofresse mais do que já sofreu.

Mesmo com o seu coração apertado, ele precisava fazer algo. Queria muito que não houvesse julgamentos, mas precisava ganhar ainda mais a confiança daquele homem na sua frente. Suspirando, ele conta o que pretende.

Conforme ele ia relatando tudo, os olhos de Marco se injetavam em raiva. Em um movimento taciturno, ele agarra o pescoço de Ravi o pressionando contra a parede. Tentando escapar da força brutal daquele homem, as suas mãos tentavam desapertar, mas era inútil. Mais ele apertava o deixando sufocar.

A sua voz furiosa, vociferava contra o seu rosto, sentindo não só o hálito quente batendo em si, mas gotículas da saliva enraivecida de Marco.

- Você não irá fazer isso com ela! Já não basta tudo o que ela passou e ainda você a fez mal esse tempo em que ela esteve presa esperando pelo menos por uma visita sua com a filha de vocês e onde você estava? Estava comendo a que ela pensava ser a sua irmã e fazendo a sua filha sofrer. Não! Pense em algo de mais útil senão...

Percebendo que ele já estava mais se debatendo e voltando a sua razão, o seu corpo é solto caindo sobre o chão como se fosse um saco de batatas. Ele se afasta para não fazer algo mais sério naquele que agora leva a sua mão ao pescoço massageando e tossindo.

- Tudo bem senhor Marco. Pensarei em algo que não precisarei sequestrar a nossa filha e nem trazer mais sofrimento para a Helena.

- Ótimo. Agora eu preciso resolver algumas coisas da minha máfia. Você está liberado agora, nem tente fazer nenhuma gracinha, tenho olhos e ouvidos sobre você. Agora vá!

Com dificuldade, ele se levanta após Marco sair dali o deixando sob os olhares de dois dos seus seguranças. Ambos o acompanha até a sua casa.

Ao ser deixado no portão, um carro preto está com dois homens observando tudo o que acontece e o mesmo não percebera que estava sendo observado.

Ele adentra na sua mansão e vai diretamente ao seu escritório solicitar algumas pesquisas e tentar mais uma vez falar com Josefa para lhe dar notícias e quem sabe possa falar com a sua esposa. Como ele se arrepende por tudo o que fez à ela movido pelo ódio e pelas intrigas causadas por aquela que sempre foi a filha legítima de Mateus e Pérola Hernandes.

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...

No presídio, Nicole sentia-se triste e com saudades da sua irmã. Se pegou sorrindo com as mãos penduradas na grade da sua cela.

Lembrou-se do dia em que ela fora parar ali e o quanto implicou com a sua irmã. Um suspiro pesado e os olhos fechando pela dor da saudade, agora eram o seu companheiro naquele lugar.

Rebeca, a carcereira que tanto ajuda as meninas em especial Nicole e até Helena se aproxima da cela em que Nicole está pensativa nem se dando conta da presença a observando.

- O que faz aí desse jeito Nicole?

- Ah, estou pensando Rebeca. Pensando na vida e na minha irmã.

- Nem devia te falar isso, mas acho que em alguns dias você sai daqui.

Ao ouvir aquelas palavras um brilho acendeu no seu olhar que antes estava melancólico e triste. A curva nos seus lábios contrastava com o seu olhar naquele rosto que antes estava derrotado pela dor.

- Sério Rebeca?! Isso é maravilhoso mulher. Finalmente a minha inocência será provada!

Rebeca estava feliz por Nicole, sempre a viu como uma boa menina mas, que sempre mostrou o seu lado destemido e frio naquele lugar por uma auto defesa e proteção. E a mesma não estava errada. Sim, dentro daquela ou qualquer outra prisão, se você se mantém fraco e submisso, sempre é o motivo de ser perseguido.

- Mas, não diga nada a ninguém. Ouvi mais cedo o diretor dizendo que parece que pegaram o cafetão que fez com que fosse presa.

Aquilo foi a felicidade que precisava para se manter forte por mais um tempo naquele lugar fétido e cheio de raiva, rancor que ela queria deixar para trás.

Tudo agora seria diferente. Afastando-se da grade, ela faz uma dança engraçada, arrancando risos de duas presas novatas que estavam na sua cela e da própria Rebeca. Com uma grande diferença, a carcereira sabia o motivo daquela alegria, já as detentas nem sonhavam o significado daquela felicidade.

Naquela noite, ela dormiu muito bem depois da notícia de finalmente se ver livre daquele inferno e consequentemente estar junto com a sua irmã e àqueles que a amam, inclusive ela seria a tia que nunca pôde ser para a sua pequena Júlia, a quem tanto ansiava conhecer.

^^^Continua...

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