Capítulo 8

Preocupada com a sua filha, Helena olha para trás constantemente. Josefa está abraçada a sua menina e sorri. Sente-se sortuda por nesse um ano ter uma pessoa tão presente na vida da sua garotinha.

Voltando-se para frente, ela olha de relance para Danilo e o vê pegar o seu fone sem fio fazendo uma ligação.

- Sou eu. Estamos na rodovia 5 com a rodovia 9. Furgão preto nos seguindo.

Ela só consegue ouvir ele falar sobre onde estão, mas não sabe nem ao certo com quem ele conversa. A ligação é logo interrompida.

Mesmo em alta velocidade, furando diversos sinais vermelhos, o carro continua quase se aproximando deles e não desistindo de segui-los, ele soca o volante praguejando por ainda não ter conseguido tirar aquele carro no seu encalço.

Preocupada com a sua filha e vendo o quanto Danilo está enraivecido, Helena olha pelo retrovisor e percebe que o furgão está se aproximando parecendo um carro indemnizado. Olhando para a sua filha, ela coloca a mão sobre as suas perninhas e a mesma, abraçada a sua babá, abre os olhinhos para encontrar os da sua mãe lhe olhando com ternura.

- Vai ficar tudo bem meu amor.

Ela apenas assente sem falar uma única palavra sequer, confiando na sua mãe, até que sem esperar o baque na traseira do carro.

- Ahhh. – Um grito agudo é ecoado naquele carro.

Helena vira-se de volta para a sua posição anterior e indaga Danilo.

- Quem são eles?

- Pessoas.

Mais um baque arrancando mais um grito agudo da sua princesa. Ela está enfurecida e o fuzilando, fala um pouco mais firme.

- Eu sei que são pessoas, mas o que querem?

Olhando-a de lado e voltando o seu olhar para a pista, ele responde friamente.

- Assim que estivermos seguros, vou te contar tudo, mas agora...

Ele consegue novamente uma boa distância do furgão. Percebendo que não conseguiria nada naquele momento, ela se volta a olhar pelo retrovisor e de repente, dois carros pretos surgem um de cada lado de uma avenida e começam a fechar o caminho.

- Dan... – Ela balbucia e fecha os olhos.

O medo a apavorou naquele momento. Conseguiu sair da prisão provando não ter nada a ver com aquele assassinato, recuperou a sua liberdade, está com a sua filha e agora que acha recomeçar a sua vida, sente o fim da mesma por entre o fio de passagem entre aqueles carros.

Mas, nada acontece. Ela escuta os gritos de comemoração de Danilo ao seu lado.

Abrindo cada olho por vez, ela se dá conta de que aqueles dois carros eram ajuda e olha pelo retrovisor vendo os mesmos fazendo uma barreira para o furgão não os seguirem mais. Em um movimento brusco, ele vira o carro em uma rua movimentada e logo adentra no pátio de uma luxuosa mansão.

Helena suspira aliviada, por finalmente estar segura e a sua filha estar bem. Assim que descem do carro, ela abraça forte a sua filha e logo em seguida, Josefa. Danilo ao longe, abraça um senhor com uma bengala que as olha com um sorriso e lágrimas nos olhos.

A barra do seu vestido é movimentada. Ela olha em direção vendo a sua filha chamando a sua atenção. Se agachando para ficar da altura dela, ela sorri e acaricia o rosto da sua menina.

- O que foi meu amor?

- Quem é aquele homem mamãe? – Ela aponta em direção a Danilo e Leonardo.

Olhando para onde a sua filha aponta, ela leva a mão a sua testa fazendo uma sombra para que possa ver melhor e erguendo o seu corpo como em câmera lenta, ela não sabe de quem se trata. De repente, uma lembrança surge na sua mente de que aquele possa ser o seu benfeitor, mas o que ele queria afinal com ela e quem era ele? Eram tantas perguntas sem respostas.

Os dois se aproximam, mas Leonardo não consegue conter a emoção. O sorriso sustentado nos lábios está trêmulo, pelo nó que se forma na sua garganta e pela felicidade de estar de novo com a sua filha. Agora estava duplamente feliz, por estar com a sua neta.

- Helena, Júlia e senhora. Sejam bem-vindas a minha casa. – Ele estende a mão em cumprimento.

Alternando entre a sua mão e o rosto daquele homem, Helena com uma certa relutância, acaba retribuindo. Ela sente um aperto no peito, um amor fraterno tão forte que ela se pergunta de onde o conhece para tamanho sentimento.

- Obrigada senhor?

- Leonardo Schelperd. Acho que temos muito o que conversar minha filha.

Ao escutá-lo chama-la de filha, Helena sente uma emoção forte e lhe lança um sorriso. Danilo que observava tudo atentamente, se manteve ao lado do seu padrinho com as mãos nos bolsos da sua calça. Desviando o seu olhar para ele, ela desmaia sendo amparada rapidamente por braços fortes que foram mais rápidos evitando a queda.

- MAMÃE!

- Venha Danilo, vamos levá-la para dentro. A senhora, por favor, traga a menina junto conosco.

Sentindo-se perdida e um pouco atordoada, Josefa demora a processar o que aquele senhor na sua frente falava. Ela, começa a recobrar os seus sentidos ao ouvir o choro copioso daquela pobre criança preocupada e desesperada por ver a sua mãe naquele estado.

Pegando-a no colo, Josefa acalenta Júlia que chega a soluçar por medo de que algo grave aconteça a Helena.

Assim que adentram na casa, em cima da lareira na sala, Josefa arregala os olhos ao ver um grande quadro, mas precisamente uma pintura da sua patroa em tamanho exorbitante e ao lado outro quadro só que daquele senhor que aparenta ser mais novo na pintura.

Mas o que a impressiona, é a pintura da sua patroa. Ela achou aquilo um tanto bizarro já que percebera que Helena se mostrou surpresa como se de fato nunca o vira antes.

O que Josefa não sabe, é que Helena não é a mulher da pintura e sim a sua mãe biológica que morreu quando ela tinha apenas 2 anos. Ela senta-se com a pequena Júlia na poltrona frente ao sofá que a sua mãe está e Danilo tentando acorda-la.

Gradualmente, Helena recobra a sua consciência e desperta um tanto assustada e um pouco desnorteada. Leonardo respira aliviado por vê-la acordar do seu desmaio.

Olhando ao redor e para aquelas pessoas, ela ajeita-se no sofá levando as mãos a sua cabeça e alisando os cabelos ajeitando-os.

- O que aconteceu?

^^^Continua...^^^

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