Capítulo 14

O sorriso ainda permanecia naquele rosto que ela desconhecia. O olhar de admiração era visível pelo brilho intenso que emanava.

- Deixe que eu me apresente. Eu sou Lion seu tio. – Estendendo a sua mão na direção da sua sobrinha que arqueia a sobrancelha desconfiada.

Dando de ombros, ela retribui apertando-o. Mas algo a incomodava naquele escritório.

Sabe quando você fica atordoado e sentindo-se estranho com tantos olhares lhe encarando como se você fosse algo precioso a ser admirado? Era assim que Helena estava se sentindo.

O incômodo e desconforto, era explicito no semblante dela. Aquilo era um tanto além do estranho, ela está congelada no lugar e parece se mover no automático ao sentir uma mão tocar o seu ombro. Virando o seu olhar para saber quem e, o ar é solto sem nem ao menos perceber que estava sendo preso.

- Vamos Lena. – Danilo acena lhe indicando o local para se sentar.

Engolindo em seco e concordando, ela caminha parecendo estar com grilhões amarrados nos seus pés.

- Filha todos nós precisamos conversar. – O seu pai com um semblante sério e apreensivo lhe direciona.

Na verdade, Leonardo quer muito que a sua filha esteja a frente dos seus negócios e isso inclui a máfia, mas o mesmo teme por não conseguir fazer com que ela assuma o que se é seu por direito.

Todos estavam bebendo de um uísque caríssimo, fumando charutos cubanos que para eles sempre foram os melhores. O senhor que antes a cumprimentou com entusiasmo, se surpreendeu por ver uma pessoa tão idêntica a sua falecida cunhada, seu nome é Lion, irmão do seu pai.

- O que querem tanto falar comigo. É sobre estarem cobertos de sangue mais cedo? – Com as sobrancelhas arqueadas, ela fala com um semblante sério.

Todos ficam surpresos com aquela revelação. Como ela sabia que eles estavam sujos de sangue de um belo corretivo que deram ao cafetão já que o papo agradável que a mesma tinha com Alonso na estufa não ficava no seu campo de visão? Os olhares trocados entre eles na sua frente a faziam ficar divertida. Estava com vontade de gargalhar deles por estarem em choque, mas preferiu se recompor. O silêncio perplexo deles foi rompido com Danilo a perguntando um tanto intrigado com aquela observação que nem os seus melhores homens não puderam perceber em situações que requeriam atenção e percepção apurada.

- Como você sabe sobre isso?

Levando a mão a sua boca, ela ri, um riso contido e abafado.

- Desde criança eu sempre tive um senso que nem sei se posso chamar assim, prefiro dizer que tenho um dom. Mesmo que eu tenha uma visão periférica e não os tenha visto, mas meu olfato é aguçado assim como os meus outros sentidos e eu senti cheiro de sangue vindo da porta da estufa, como sou médica cirurgiã, esse cheiro sempre me acompanhou, então... já sabem que é algo fácil de detectar.

Leonardo se sentia orgulhoso da sua filha, Lion e Alonso estavam chocados com um mínimo detalhe foi capaz de saber sobre isso deles. Mas não era o mesmo que eles queriam conversar. Já Danilo, ainda estava incrédulo com tudo o que ouviu e resolveu indaga-la para conhecer mais um pouco a sua amada, para ele aquilo tudo estava sendo um tanto interessante.

- Mas só por isso que você sabia o que acontecia? – Estreitando os olhos com a sua voz rouca e sedutora.

Ela nega.

- Não. Eu também vi ao sair com a minha filha da estufa, o Prince levando roupas limpas para vocês. Uni tudo ao que os meus sentidos me mostraram e com o que falaram antes sobre resolver o problema com o cafetão que prejudicou a minha irmã, então uni dois mais dois e cheguei ao que era realmente se tratar. Agora me digam, vocês o mataram e com isso me chamaram para falar sobre isso?

Orgulho e admiração eram o que todos aqueles homens sentiam por aquela mulher que os olhava intrigada. Estavam estupefatos em encantamento por ela ser tão habilidosa e que seria uma excelente Dona da Máfia.

Pigarreando desconcertado pela tamanha excitação que sentiu ao se dar conta de que realmente ela é a mulher ideal é moldada perfeitamente para ele, um sorriso brota no seu rosto fazendo com que Helena sentisse algo estranho dentro dela. Uma sensação única que jamais fora capaz de sentir antes.

- Devo admitir Lena que você é muito habilidosa. Já pensou em usar essas suas habilidades para o nosso meio?

Mesmo que esteja intrigada, o seu receio em perguntar por medo da resposta, era maior do que aquele medo bobo que queria se alojar dentro dela.

Cruzando os braços e o encarando com uma feição de quem está pensando bem no que perguntar, suspira pausadamente e toma a sua devida coragem.

- E o que seria esse meio?

Uma voz vinda detrás dela, arrepiou todos os seus pêlos ao ouvir qual era o real meio de que Danilo se referia, quem lhe falava, era o seu pai com aquela voz grossa e imponente.

- A Máfia.

...~~~~~~

...

Obstinado a trazer Ravi para o seu lado, Marco pede a algum dos seus homens para segui-lo esperando uma oportunidade de traze-lo até ele.

Não demora muito e o médico que acompanha aquela mulher que ele tanto está velando o seu sono a chama-lo para explicar a sua situação.

- Senhor, ela agora está fora de perigo. Mas sugiro que traga logo a pessoa que ela tanto chama para vê-la, apesar que ela chama por duas.

- Quem seriam as duas pessoas que ela se refere?

- São duas moças pelo que pude perceber. Mas ela por hora chora muito por causa de um homem e suspeito que seja o seu marido.

Travando a sua mandíbula e cerrando os punhos, a raiva percorre por todo o seu corpo quando se lembra de tudo o que aquelas pessoas passaram só por serem poderosos no meio do submundo da máfia e muitas vezes irem contra a alguns princípios que não fazem parte dos códigos da cúpula.

- Fique atento a qualquer problema do mínimo que seja. Trarei a moça logo é creio que acho que conseguirei trazer as duas. Já o marido...

Ao falar sobre o homem por aquela mulher tanto chora, ele não podia fazer muita coisa, já que nunca mais soube ou viu nada sobre ele.

O médico assente e sai para olhar outros pacientes naquela ala.

Passando a mão sobre a dela, ele suspira pesadamente.

- Não se preocupe, logo elas estarão aqui. Eu te prometo. – A voz embargada por vê-la naquela situação acaba sendo sufocada pelo beijo depositado na sua testa enquanto adormecida.

Marco, gira os calcanhares e sai daquela ala parando em um pequeno jardim. Ele pega o seu celular e manda uma ordem aos seus homens.

- Já conseguiram levá-lo? Podem pega-lo assim que quiserem. Quero ele logo para colocar tudo em prática.

Assim que ele ordena, o seu segurança assente e após encerrar a ligação, ele sorri macabramente.

O olhar sinistro é logo direcionado as grandes portas daquela clínica. Mas o que ele pensava era que faria com que Rubia sofresse por todo mal causado a Helena e Ravi teria o que merecia após conseguir o que quisesse com ele dessa aliança provisória.

...~~~~

...

Ravi havia resolvido sair um pouco depois de insistentemente tentar contato com a sua esposa através de Josefa, mas sem sucesso.

Assim que ele saiu no seu Porsche, notou estar sendo seguido por um carro do mesmo modelo que o dele preto com os vidros escuros.

Engoliu em seco e segurando firme no seu volante, ele troca de marcha e acelera, mas precisa frear imediatamente ao se deparar com um furgão da mesma cor do carro que o segue bem na sua frente.

A porta do seu lado é aberta violentamente, tendo os eu corpo arrancado por dois homens encapuzados que pareciam dois armários embutidos.

- Quem são vocês, o que querem?

Ele não parecia assustado, já que também fazia parte do submundo da máfia, mas estava nervoso por acreditar ser uma retaliação. Antes de conseguir reagir, um que parece um pouco menor que os que o seguram lhe aplica uma injeção no pescoço despejando um líquido que o faz apagar rapidamente.

- Levem ele em segurança. O chefe não quer que a belezinha tenha nenhum arranhão.

Os seguranças que estão com aquele homem apagado e pendurado como se fosse um saco de batatas prestes a despencar, assentem com um sorriso de lado e o levam ao porta-malas o colocando lá. Em seguida, seguem direto para a mansão do seu chefe.

^^^Continua...^^^

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