A recuperação dele foi bem rápida. E em poucos dias o belo rapaz já circulava pela casa. E embora eu queira muito fingir,não nota-lo é impossível.
Cada dia mais atraente e com aquele olhar que penetra a alma quando te olha. E é por isso que todas a servas da casa já haviam se rendido aos seus encantos e provavelmente se deitado com ele.
E pelo que soube nos comentários de Ciri sobre ele,Sebastian é cobiçado por boa parte das moças belas e jovens da redondeza e também da corte.
Sua beleza estonteante engana as incautas sobre sua personalidade difícil e indolente, e é por isso que não posso me deixar levar.
Um libertino. Isso sim me enoja nele. Saber quantas já passearam por seus lençóis. E eu insensata, desejando ser mais uma. Embora saiba que é impossível, dada minha posição como senhora da casa. E minha vergonha na cara nunca me permitiriam ceder a este papel.
Sr Otto continua a me cobrir de mimos,e já vejo que isso despertou mesmo a atenção dos irmãos, os peguei cochichando sobre o assunto outro dia.
E pressinto que tramam algo.
Só espero que não seja expulsar-me dali. Pois, preciso chegar a um ano de convivência com o meu marido, para garantir o acordo que ele firmou com minha mãe. “ a exclusividade no comércio do norte, e uma quantia substancial de libras , a fim de que eu possa reconstruir minha vida após a nossa separação oficial.
Em nossos dias, era permitido apenas o desquite com separação de bens, e mesmo que separados por corpos, ainda permanecia o vínculo contratual, em que para me casar novamente, precisaria da autorização de um juiz,e da coroa, ou não teria respaldo legal.
Posto que, perante a igreja a separação e novo matrimônio eram considerados adultério.
Poderei até ser excomungada.
Mais esta é a menor das minhas preocupações no momento.
Olhando por este ângulo, eu sairia perdendo, por outro lado, estaria rica e com um bom dinheiro para quem sabe encontra o amor verdadeiro em outros braços.
Estes eram os meus planos.
Senhor Otto me convidou para conhecer suas terras e durantes alguns dias eu viajei com ele para este fim.
Eram bem cuidadas e produtivas, mais faltava-lhes alguem de confiança para que se mantivesse tranquilo quando não estivesse por perto.
Por isso ele diariamente as visitava. Haviam muitos aproveitadores e fazendeiros invejosos, que se percebem certo descaso de sua parte, não mediriam esforços para se apossar de tais bens.
Para evitar este infortúnio e aborrecimentos com a coroa, pois se chegassem a acontecer invasões, os maiores detentores de terra sempre saiam perdendo, para se ter vantagem numa situação como esta, o homem precisa ser um nobre respeitado, ou ter muitas libras para gastar com subornos...
Que tempos estes ...
Ele, contratou diversos jagunços e capatazes armados para vigiar os limites entre uma fazenda e outra e sempre mantinha um arsenal abastecido caso houvessem conflitos armados.
Sentia-me desconfortável em viajar com tantos homens armados, porém este,era um mal necessários, pois alem de tudo isso ainda haviam os perigos oriundos de salteadores e desordeiros que atacavam comerciantes e viajantes nas estradas.
A guarda imperial das cidades fazia rondas, mais muito superficialmente. E alguns dos guardas, mantinham acordos com os bandidos em dividir os lucros dos roubos.
Desta forma, a melhor forma de proteção, era mesmo ter uma guarda pessoal.
Ao fim destas semanas de visitas as suas terras, sentia-me muito próxima dele. Mais entre nós não existia nada alem de um carinho mútuo.
Sua experiência me traz segurança e minha jovialidade lhes trás auto estima.
Sr Otto incubiu-me de fazer uma recepção para alguns de seus amigos próximos, posto que tínhamos pouco contato com pessoas de fora.
Seria a celebração de seu aniversário e ele queria fazer isto a grande estilo e com muita pompa.
Sente falta de festividades, posto que não se afasta por muito tempo das terras e não freqüenta livremente a corte.
Aquela idéia muito me alegrou, há tempos não organizo uma recepção.
Coisa que na nossa condição de família respeitável em Valedouro, minha mãe fazia com freqüência.
Dediquei ao Maximo em receber os amigos dele . Queria agradá-lo. Pois mesmo após o seu acidente, Sebastian ainda continuava indiferente ao convívio amistoso com o pai.
Ao contrário de Beni, que vi se aproximar e ceder um pouco mais.
Tudo o que senhor Otto quer,era que o filho mais velho se interessasse pelos negócios da família, mais quanto mais ele deseja isto, menos Sebastian cede.
Quanto a Beni, sua paixão pela botânica já começa a ser aceita pelo pai, embora ainda nutrisse esperanças de vê-lo como senhor de terras.
O delicado rapaz só se interessa por plantas.
Mais se pensamos bem, foi justamente os seus conhecimentos em plantas e raízes que salvou a vida do irmão, e isto o pai vai agradecer para sempre.
E então ao fim de mais um mês de um contrato de casamento em que cada dia sinto-me mais próxima da liberdade, eu terminei os preparativos para a recepção.
Sr Otto não queria que economizasse em nada, as melhores bebidas, a mais fina comida com iguarias de dar água na boca e muito luxo na decoração.
Seriam apenas algumas pessoas. Cerca de trinta convidados, mais ele queria mostrar toda a hospitalidade e abundancia que Moinho doce dispunha.
Só espero que os filhos não atrapalhem este pequeno momento de prazer planejado pelo pai.
***
O grande dia finalmente chegou e nos arrumamos com antecedência. Sr Otto queria que ficássemos as portas da casa grande recebendo os convidados, foi a única exigência que fez.
Então descemos as escadas espirais e Beni já estava a nos aguardar.
- Aonde está seu irmão?- Ele pergunta franzindo o cenho.
Beni fez aquela cara de “quem sabe”. Senhor Otto já suspira alto, imaginando que Sebastian não desceria.
Ai... que vontade de pegar aquele desrespeitoso e dar-lhes algumas palmadas.
Tudo estava perfeito. Pelo menos aos meus olhos. Fiz o meu melhor. E vou tentar fazer deste o melhor jantar que esta família já anfitriou. Mesmo com a falta de consideração do filho, que deveria ser o orgulho do pai.
Enlaço o braço dele, e procuro lhe dar todo o apoio que precisa e esquecer que Sebastian existe, pelo menos por algum tempo.
Qual não foi a nossa surpresa quando pouco antes do horário marcado para a chegada dos convidado, recebemos um mensageiro, portando uma carta da coroa, e ficamos sabendo por esta, que sua majestade imperial enviaria um representante para conhecer o candidato a futuro barão.
Pois , seriam feitas nomeações e ele estava cogitado a receber o título diretamente das mãos do imperador.
Que honra!
Vi o semblante do meu marido a se iluminar. Já havia perdido as esperanças de conseguir esta honraria.
Um título de nobreza abre inúmeras portas de comércio e privilégios na sociedade atual.
Escreveria sobre isto a minha mãe assim que esta recepção terminasse.
O nobre escolhido para vir nos visitar, foi um conde, o conde Sinclair de Voltariê. De alta confiança do império. Posto que ultimamente os títulos concedidos, estavam sendo muito mais bem analisados.
Uma coisa é se nascer um nobre, e outra coisa é receber um título.
Ele chegaria em alguns dias. Precisamos preparar sua estadia. Nunca imaginei que chegaria a receber um nobre tão respeitoso sob minha supervisão. Principalmente por minha idade. Seria um grande desafio, mais um a que me disponho a submeter-me.
Foi tanta alegria que até esquecemos da falta de consideração de Sebastian em não cumprir as ordens do pai.
Se Otto é tão paciente!
Se fosse eu, com certeza já teria dado de fato umas belas palmadas no filho.
Sinceramente, por mais que me ponha a raciocinar , jamais entenderei o que se passa naquela cabeça dura e resistente.
Enfim. Vou esquecer um pouco o irritante enteado que me atormenta os sonhos e me concentrar em ser a boa anfitriã esta noite.
E foi isso o que fiz.
A noite estava perfeita. Nossos convidados começaram a chegar em suas luxuosas carruagens . Mulheres bem vestidas acompanhadas por seus maridos elegantes com criados dedicados e damas belíssimas, alem de algumas filhas , que se interessaram em vir, por saber da existência de dois herdeiros jovens e promissores, que daria um belo pretendente de casamento.
Belos talvez, promissores nem tanto... Penso analisando as suas feições ao ver os olhos atentos em busca do filho mais velho e primeiro herdeiro, que não parecia mesmo que daria as caras nas festividades.
Com sua ausência, tiveram que se contentar em conhecer o mais jovem, e muito menos interessado na herança. Se elas soubessem quem são este dois, nunca teriam posto os pés em Moinho doce , com quaisquer expectativas de um bom casamento.
Preparamos uma linda mesa de jantar, e música de boa qualidade, tocada na arpa e piano, alternadamente. Mesas alternativas para conversas dos homens sobre negócios, e a mesa com o bolo de aniversário queencomendei para esta ocasião.
Vejo que ele está feliz e isso também me alegra.
Sebastian finalmente resolve aparecer.
Bem arrumado e com um discreto sorriso.
Agora sim as atenções se voltaram para ele.Apesar disso, sr Otto se alegrou.
Após o jantar vejo os homens enfim se reunirem para aquele momento deles, e faço companhia as senhoras que tão respeitosamente me cumprimentaram , apesar da minha pouca idade e experiência, sinto que agradei.
Já quase as 22 h. Alguns pares de dança começaram a se formar, e eu desejei estar entre eles.
Vejo Sebastian convidar uma jovem para dançar. A sala está preparada para este momento e a moça sorri como se aquilo fosse uma grande vitória.
Mesmo gostando da musica , meu marido já cansado de tantas conversas e um pouco pesado pela bebida, não parece interessado.
Sento-me a seu lado agora e observamos as danças animadas. Com palmas e rodopios.
Após algumas trocas de pares , Sebastian se aproxima de nós, e seu olhar me encontra. Embora fale com sr Otto. Sei que queria mesmo era se dirigir a mim.
Ele pega uma taça de vinho e se põe ao nosso lado agora.
-Feliz aniversário pai, espero que esteja feliz e que minha presença na sua ...festa tenha lhe trazido alguma alegria .
-De certo que sim Sebastian. Obrigado por ter se dado ao trabalho.
- Não perderia isto- mostra as belas moças a olha-lo- por nada.-Agora os fixa em mim.
Fica na minha frente e estende a mão.
- Me concederia a sua esposa para uma dança, pai? Percebo que ela esta ansiosa por isto.
- Não com o senhor- respondo prontamente.- Prefiro com o meu senhor marido.
- Pode ir querida Adele, sei que está querendo se divertir um pouco e seu marido não está em condições neste momento.
Vejo –o rir de lado. Sr Otto me parece mais cansado que o habitual. Ele me encoraja com o olhar e então olho para a mão de Sebastian estendida para mim. Poderia dar um tapa nela, mais por educação retribuo o gesto e o deixo me conduzir ao centro da sala.
Nos cumprimentamos como manda o protocolo da dança e com nossos olhares fixos um no outro começamos a dançar.
A dança é um momento muito intimo, mesmo sem contatos ou toques mais ousados, só o olhar e toque de mãos já acende os sentidos.
Pois o olhar preso um no outro diz mil coisas ao mesmo tempo.
Há tensão entre nós. Raiva, desejo , nem sei explicar direito.
Mais quando giramos em torno um do outro e sinto seu rosto se aproximar... quase pedi o chão.
O cheiro dele entrou por minhas narinas e eu tive que me conter e me segurar para não cair. Sua mão a segurar a minha , mesmo sob a luva , eu fiquei quente, e uma corrente de emoções passeou por meu corpo, indo e voltando, como um raio.
Que poder é este que a presença dele tem sobre mim?
Olho ao redor e temi ser descoberta. Mais ao encontrar o olhar atento do senhor Otto, me mantive firme. Não quero mesmo me denunciar.
Sebastian é desprezível, mais meu corpo inegavelmente o quer.
Uma áurea de luxuria e desejo nos envolve. Senti-me desconfortável em minha intimidade. Um calor e algo como um toque, bem no meio de minhas pernas.
O toque dele, para ser mais precisa.
E olha que nossos corpos, nem se tocaram direito... imagine o que aconteceria se a mão dele me tocasse a cintura mais de uma vez como manda os passos da nossa dança imperial?
Enlouqueci, eu sei.
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Atualizado até capítulo 76
Comments
Gisa
Tenho certeza que ele vai aparecer
2023-03-25
4
Gisa
Não sei a tentação é grande né fia kkkk
2023-03-25
2