Capítulo 20

— Ríspido!? — Kevin contesta.

— Você está sendo muito radical conosco, sempre fomos considerados e tratamos sempre com respeito, o mínimo que merecíamos é sermos tratados da mesma maneira! — Harry argumenta inconformado.

— Vocês são quem deveriam agir de maneira mais coerente. — Mary interpõe indiferente.

— Tio Harry, as visitas forçadas e indesejadas de vocês quatro na minha casa, já foram bastante inconvenientes! Então vamos deixar claro umas coisas aqui. Todos nós aqui sabemos que vocês só vêm na minha casa para manter as aparências, e isso já passou da hora de terminar. Vocês agem por minhas costas, tentam me eliminar e ainda vêm com a audácia de me repreender dentro da minha própria casa por falar a verdade? — Kevin declara incisivo.

— Você por acaso está nos acusando Kevin!? — Michael questiona furioso.

— Não estou acusando, apenas expondo! Quero abolir de vez essa inconveniência para ambas as partes! Não são mais bem-vindos aqui! Então, não apareçam com quaisquer desculpas para usufruírem daquilo que pertence a mim e à minha família! — Kevin responde determinado.

— Nós somos a sua família, Kevin! — Michael declara ofendido.

— Não, senhor Harrison! Minha família compreende apenas a minha mãe e as minhas irmãs! — Kevin replica com tom de voz enfático e rude.

— E a sua digníssima esposa? Ela não tem vez nessa sua família? — Jonathan protesta com sarcasmo.

Kevin se arrepende por ter esquecido desse detalhe, porém, não recua. Todos dizem, ou melhor, um velho ditado diz que é melhor manter os amigos por perto e os inimigos mais perto ainda, no entanto, para Kevin já foi o suficiente toda essa proximidade. O lema agora é manter-se alerta em todos os momentos para não ser tragado por outra emboscada e fazer todos eles se arrependerem por ter tentado matá-lo. Então soltando um sorriso de lado Kevin assevera:

— Eu me referia ao fator sanguíneo, porque é esse o motivo de ter aguentado vocês por tanto tempo, mas acho que vocês continuam sendo incompetentes até mesmo para entenderem o contexto da situação.

— Você vai se arrepender dessa sua soberba, Kevin! Ah... Vai! — Jonathan vocifera indignado, se levanta rude e rapidamente da mesa, jogando o lenço sobre o prato e cuspindo sobre o mesmo.

— Que patético! Mesmo com essa idade ainda continua sendo infantil! — Kevin diz e espera calmamente os quatro se levantarem e se retirarem.

— Vamos mamãe! Papai! A partir de hoje não precisaremos mais agir com cortesia com pessoas que não merecem o nosso respeito! — Jonathan diz e a sua mãe o acompanha ainda soltando palavras de baixo calão, xingando e menosprezando os membros da família O’Coner. Michael e Harry também se levantam ainda relutantes, olham com desaprovação para Kevin e acompanham os outros dois.

Na casa finalmente puderam sorrir aliviados. As meninas sorriam debochando do desgosto da esposa do seu avô. Blake que estava ali, apenas assistiu o amigo a colocar os invejosos nos seus devidos lugares.

— Eu sempre quis fazer isso, mas não tinha coragem por causa de vocês em relação ao seu pai. Mas isso, as suas palavras foram as melhores, filho! Estou orgulhosa de você! — Mary declara feliz.

— Podemos comer agora? Estou faminta e ainda tenho muitas atividades para fazer hoje, pois quero aproveitar bem o meu fim de semana. — Alice se manifesta e todos voltam a sorrir e se põe a comer.

Blake analisa a situação e declara ao amigo que deveriam ter mais cuidado e Kevin concorda. Eles almoçam contentes e assim que acabam o almoço, Kevin vai para o seu quarto e dessa vez, muda para uma cadeira de rodas específica e toma sozinho um banho relaxante.

Lá no hospital ele precisou por várias vezes de ajuda, mas havia iniciado o processo de independência e agora estava pondo em prática pela segunda vez. Mas dessa vez, ele estava se sentindo com mais liberdade. Enquanto a água escorre pelo seu corpo ele medita sobre esse passo importante que acabou de dar. Se recordou de Diana, a sua linda salvadora e logo se sentiu bastante excitado. Então se liberou sonhando acordado com ela.

Depois do banho e já vestido, Kevin segue para o escritório do pai, onde começa a trabalhar. Embora estando no hospital e sob forte recomendação médica para descansar, Kevin não deu ouvidos e continuou trabalhando. Ele não poderá comparecer pessoalmente à empresa, mas isso não significa que ele vai ficar de braços cruzados enquanto a sua empresa necessita das suas decisões para continuar progredindo. Ele fica no escritório imerso no trabalho até a hora do jantar quando a sua mãe vem chamá-lo.

Na hora do jantar todos se reúnem e comem tranquilamente. Lorena havia preparado uma sobremesa para comemorarem na hora do almoço, mas não estava com a consistência perfeita, então levou depois fo jantar, mas apenas Anastacia, Mary e Alice comeram, pois eram do sabor preferido delas. Kevin seguiu para o seu quarto para descansar. Pegou o seu livro e começou a lê-lo até que o sono veio. Guardou o livro e desligou a luz do abajur e logo pegou no sono.

Kevin acorda com um grito abafado parecia estar chamando por socorro e quando liga o seu abajur é surpreendido com um spray de pimenta e grita furioso:

— Maldito! Você voltou para tentar me matar!?

Kevin se desespera. Mesmo já tendo um pouco de sensibilidade nas suas pernas, não tinha forças o suficiente para sustentar todo o seu corpo e se levantar. Temeu pela sua vida e pela vida das suas irmãs e da sua mãe. De repente ele sente ser sufocado com um travesseiro e luta para se soltar. O seu algoz parece ser mais forte e Kevin vai sentindo as suas forças se esvair e fica agoniado, seria agora o seu fim?

No entanto, um barulho forte próximo de Kevin faz ele respirar aliviado. Alguém entrou no quarto e mobilizou o assassino quebrando um vaso na cabeça dele. Kevin chorando em reação ao spray em seus olhos, retira o travesseiro do seu rosto e devido ao fato de não conseguir enxergar questiona:

— Quem está aí?

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