Capítulo 08

Enquanto Blake levava Diana até a casa de Mary, ela ligou para o seu mordomo Peter e informa sobre a moça que ficará na biblioteca de Kevin. Mary não deu tantos detalhes, apenas que a moça estava indo com Blake e que ela ficaria lá até segundas ordens e proibiu que a moça ligasse para quem quer que fosse. Peter achou estranho a ideia da patroa, mas não contestou. Afinal, ela sempre agiu de forma prudente.

A questão era o local onde a jovem ficaria. A mansão possuía muitos quartos no andar de cima e a biblioteca particular de Kevin era como um local sagrado. Ela foi organizada no quarto ao lado do quarto dele, e era o seu local preferido em toda a mansão. Por ser amante do conhecimento, ao longo dos anos, Kevin foi comprando várias coleções de livros e colocando no seu quarto, até que o seu pai sugeriu fazer a sua própria biblioteca particular.

Dessa forma, usou o quarto ao lado do quarto de Kevin para organizar sua biblioteca, colocando uma porta de acesso entre os dois cômodos. Além disso, Kevin prefere usá-la como o seu escritório. Apesar de na parte de baixo da sua mansão luxuosa ter um escritório, ele raramente o usa, pois, para ele, lá era o cantinho preferido do seu pai e só vai para lá quando quer se recordar das boas lembranças vividas com o seu pai.

De todos os empregados, apenas Peter tem permissão de entrar na biblioteca, mas como ele não consegue transportar uma cama sozinho, precisou chamar por ajuda. Então ele pede dois empregados para vir ajudá-lo a colocar uma cama lá. A sorte é que Kevin não retirou o banheiro, assim a moça poderia ficar mais à vontade lá dentro sozinha. Peter compreendeu que a moça na casa representava a alternativa encontrada para não permitir que os Harrison viessem e tomassem tudo dos seus patrões.

Ao chegar na casa, Diana fica espantada com a grandeza e o luxo da residência. Um jardim lindo, com várias roseiras. A entrada da mansão é espetacular. Por mais que tenha assinado aquele papel, e saber que o homem com quem casara é um homem importante, ela não se atentou na parte onde tinha o nome dele. E agora ela se arrepende. Pensou até que fosse o Kevin O’Coner, o homem acamado, por causa de Blake, mas repeliu esse pensamento. Porém, Diana sentiu que já havia visto aquela casa.

— E se eles me perguntarem sobre o cara? Nem mesmo me recordo do nome dele... Se me chamarem de golpista? Mas eu tive um motivo válido para vir até aqui! — Diana se questiona em pensamentos, mas justifica sua atitude.

Diana sai desconfiada de dentro do carro após Blake abrir a porta para ela. Ainda receosa ela o interroga:

— Eu queria saber qual era, quer dizer, qual é o nome do meu marido.

— Kevin O’Coner. — Blake a responde.

Diana cresce os olhos em espanto.

— Kevin O’Coner? Sério mesmo!? — Ela repete assustada.

— Não me diga que você não leu o nome dele...? — Blake inquire descrente.

— Eu fiquei olhando para ele naquele estado.. E a senhora me pareceu tão incisiva, eu sei que deveria ter sido mais atenta... — Diana se justifica um pouco sem graça.

— Tudo bem. — Blake declara.

Para Diana, Kevin O’Coner é um homem inteligente, amado e desejado por tantas mulheres, inalcansável para ela, mas ela o admirava, até mesmo acompanhava as raras entrevistas que ele dava. Ele possui um conjunto perfeito... Rosto, corpo, inteligência, perspicácia, além de ser um homem bem sucedido.

— Você está bem? — Blake indaga vendo ela ainda meio aérea.

— Queria... — Diana responde.

— Então vamos!? — Blake a chama, ela assente em seguida o acompanhando.

Os empregados estão ansiosos na sala aguardando pela chegada de Blake para ouvir as ordens. Peter abre a porta e encara a moça.

— Bom dia, senhores! Entrem! — Peter saúda e fica de lado para eles passarem.

— Bom dia, Peter! — Blake o cumprimenta.

— Bom dia! — Diana saúda acanhada.

— Peter, já organizou as coisas? — Blake questiona e Peter responde:

— Sim, senhor. Fiz como a senhora Mary solicitou. — Peter informa.

— Essa é Diana, a esposa de Kevin! — Blake comunica e as empregadas ficam pasmas com a notícia.

— Esposa? E onde ele está que não está com ela? — Tayla interroga incrédula e cheia de ódio.

— Ele sofreu um acidente e está no hospital. — Blake responde.

— Acidente? Por isso o Peter desde cedo está nervoso...? — Lorena, a cozinheira, se manifesta.

— E como ele está? — Tayla pergunta olhando feio para Diana.

— Ele está vivo, lutando pela vida. — Blake conta entristecido.

— Minha nossa!— Lorena exclama chorosa.

— Preciso ir para a empresa agora. A senhora Mary já deu a Diana as instruções que deve seguir. E por favor, cuidem bem dela. — Blake diz e retorna para o seu carro.

— Me acompanhe senhorita. — Peter diz e Diana o segue.

Já no corredor do andar de cima que dá acesso aos quartos, Peter ao notar que Diana não levava nenhuma mala indaga curioso:

— Onde estão suas roupas, senhorita?

— Eu não tenho, senhor. Minhas roupas acho que não são... — Diana gagueja. Ela teme devido a ameaça sofrida, e mais ainda, as suas roupas são bem simples comparada a tanto luxo.

— Só uma pergunta senhorita... — Peter diz receoso.

— Pode perguntar, senhor. — Diana fala.

— Desde quando conhece o meu patrão? E você conhece a família paterna dele? — Peter a interroga. No fundo ele está com medo de Diana ser uma espiã dos Harrison na casa do seu chefe.

— Desculpe, senhor... Mas conheci seu patrão de verdade hoje. Eu só via ele pela televisão e revistas. E quanto à sua família... Eu também não os conheço da maneira como o senhor pensa. Eu sei que nas famílias dos ricos tem muitas intrigas, cobiça pelos bens e riqueza, mas asseguro que não estou aqui por causa deles. Se eu te contar como eu vim parar aqui, o senhor não acreditaria. — Diana expõe sincera.

— Se a senhorita me contar... — Peter replica.

— Acreditaria que alguém venderia outra por dinheiro...? — Diana questiona.

— Infelizmente sei que isso acontece bastante... Mas quem a venderia, senhorita? — Peter indaga curioso.

— Meu tio, mas não quero ficar lembrando dessas coisas... — Diana diz ao se lembrar da ameaça do seu tio minutos antes dela ser levada pelo Holmes. Se ela contasse algo, Robert iria machucar os pais dela, e ele não era confiável.

— Tudo bem. Quando virá as suas roupas? — Peter pergunta.

— Eu não tive a oportunidade de organizá-las. Mas se o senhor permitir eu ligarei para os meus pais. — Diana responde.

— Desculpe, senhorita. Eu não tenho permissão para fazer isso. A patroa só me pediu para colocá-la no quarto. Porém, posso providenciar roupas para você. — Peter diz interrompendo-a.

— Obrigada, Peter. — Diana agradece.

Os dois enfim, chegam ao quarto de Kevin. Peter abre a porta e Diana observa curiosa. Tantas pessoas queriam saber como era o quarto, o lugar preferido do renomado CEO da empresa O’Coner, porém, ninguém tinha conseguido satisfazer a sua curiosidade. Peter vai na direção da porta de acesso à biblioteca e Diana o segue.

— Aqui será onde a senhorita ficará. — Peter informa abrindo a porta.

— Muito lindo! — Diana exclama maravilhada com a beleza e requinte do lugar.

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