Capítulo 16

Antes de Peter sair da biblioteca, Diana faz um pedido:

— Peter, poderia trazer um caderno e canetas para mim, por favor? Sua patroa me deu permissão para ler os livros, mas eu gosto de fazer anotações. Porém, não posso mexer nos itens da mesa do senhor Kevin. Poderia me trazer esses itens depois?

— Claro, senhorita. Irei providenciar e pedirei para Tayla trazer para a senhorita. — Peter consente e sai do quarto deixando Diana à vontade para almoçar.

Tempos depois Tayla bate na porta.

— Entre! — Diana pronuncia.

— Peter pediu para eu vir trazer isso para você. — Tayla diz com tom de voz rude e coloca os itens na cama de Diana. Observa para todos os lados em busca das câmeras, porém não vê em nenhum lugar.

— Obrigada. — Diana agradece e Tayla faz cara de desgosto, pensou em retrucar, mas se conteve, então sai do quarto andando de maneira soberba.

Diana sorri por causa da atitude de Tayla e principalmente pela curiosidade dela em constatar a veracidade das palavras de Diana ditas anteriormente. Pelo menos a indireta que Diana deu sobre ter câmeras parece estar funcionando. Diana então começa a sua aventura nos livros e faz as suas anotações toda feliz. Bettany traz o lanche da tarde para Diana e ao vê-la deitada na cama tão concentrada no seu livro, apenas deixa a bandeja no criado mudo e sai de fininho para não perturbar o estudo da jovem.

Diana sentiu o cheiro do lanche e procurou por Bettany para agradecer, mas ela já estava fechando a porta e saindo. Então dá uma pausa e come o seu lanche. Depois ela deita um pouco e acaba adormecendo.

Mary retorna para o hospital no período da tarde e leva as filhas com ela para ver o irmão. Assim que entram no quarto de Kevin o médico que o estava atendendo está sentado e bastante nervoso diante da figura furiosa de Blake o interrogando.

— Irmão!? — Anastacia grita chorosa e corre para abraçar o irmão na cama. Alice também acompanha a irmã e ambas choram ao perceber o estado do irmão.

— Mamãe disse que você estava bem... Mas olha só como está? — Alice diz chateada e comovida.

— Eu estou bem, meus amores. Venci a morte! — Kevin diz de maneira gentil para confortar as suas irmãs.

— Mentiroso! — Anastacia rebate e limpa as suas lágrimas.

— O que está acontecendo aqui? — Mary interroga e Blake relata furioso:

— Estou tentando fazer esse sujeito a falar a verdade... Acredita que ele mandou os enfermeiros virem aqui buscar o Kevin para uma cirurgia e não existe sequer um exame? Pior, é que os enfermeiros não sabiam qual era o procedimento, e nem esse infeliz quer dizer o que pretendia.

— Que absurdo! Você mesmo disse que o meu filho iria estar em observação e só foi eu sair que você estava tentando matá-lo!? — Mary brada indignada.

— Eu sou médico, senhora! O meu dever é salvar vidas, não matá-las! — O médico se defende.

— Não é o que parece! — Blake contesta e olhando para Mary diz: — Senhora, os tios de Kevin vieram aqui...

— Eles não vieram fazer o que estou, pensando? Foi isso? — Mary o interrompe, questionando-o amedrontada.

— Eles não vieram ver Kevin, mas creio que esse médico estava disposto a acatar as ordens deles! — Blake responde apontando para o médico que engole seco e não protesta.

— Olha só doutor, eu sei que eles deram um tipo de aviso, ameaça ou pagaram para você machucar o meu irmão... Eles não são pessoas legais, principalmente, o tio Jonathan. Ele é invejoso e rancoroso. É melhor que nos conte logo a verdade. — Alice diz com tom de voz suave, mas ao mesmo tempo, intimidador.

— Desculpe, mas ele ameaçou machucar a minha família... Ele exigiu que mesmo que o senhor O’Coner tivesse chance de fazer o tratamento e reabilitar, era para eu assegurar que ele não o fizesse e exigiu que eu... Ele exigiu que eu... Bom...

— Está enrolando demais, doutor! Não vai poder sair daqui se não contar logo a verdade! — Anastacia se manifesta impaciente.

Alice então encara o médico e interroga:

— O que o meu tio exigiu que fizesse?

— Uma vasectomia. — O médico responde e suspira aliviado.

— Eles estão loucos!? — Mary grita furiosa.

— Não, mamãe. Eles estão desesperados! — Alice complementa.

— Então é isso que você dirá a eles! — Kevin diz e todos olham para ele.

— Aquela maldita cláusula de um herdeiro! Eu não deveria ter concordado com ela! — Kevin murmura zangado.

— Quer dizer que você precisa de um filho, irmão? — Alice indaga curiosa.

— Sim, infelizmente. E é por isso que eles vieram aqui, eles sabem desse fato também. — Kevin relata inconformado.

— Poderia proteger os meus familiares, senhor? — O médico faz uma súplica olhando para Blake e Mary.

— Vai depender de você! — Kevin o responde.

— Farei tudo o que estiver ao meu alcance, senhor. — O médico diz determinado.

— E o meu diagnóstico? Já analisou os meus exames? Eu realmente ficarei preso numa cadeira de rodas pelo resto da minha vida? — Kevin interroga o médico que se levanta e caminha na direção da cama de Kevin.

— Você precisará de um pouco de tempo e de um bom fisioterapeuta para te ajudar, mas não ficará dependente da cadeira. — O médico diz e Kevin fica aliviado em saber que em breve estará em forma novamente.

— Confia mesmo nele, irmão? — Anastacia indaga desconfiada.

— Acredito que ele não seria tão imprudente em continuar obedecendo as ordens do tio Jonathan. — Alice observa.

Kevin observa a postura da sua irmãzinha e fica orgulhoso. Anastacia e Alice, são gêmeas e tem dezesseis anos, porém transmitem maturidade, em contraposição das garotas com a mesma idade delas. Alice é a mais firme, apesar do seu jeito meigo, possui um poder persuasivo de dar inveja. Elas não tiveram tanto tempo com o pai, como Kevin teve, e elas costumam transpor para o irmão mais velho o carinho e tratam ele com muito respeito e admiração. Por compreenderem a intenção dos seus parentes paternos, elas sempre os evitam para não ter que suportá-los.

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