Capítulo 17

— Ele me disse para fazer isso ainda hoje. Então vou precisar que você venha comigo para comprovar a veracidade das minhas palavras caso eles acessem as câmeras ou os prontuários médicos. — O médico diz nervoso com receio de ser rechaçado.

— Você não está sendo condizente, doutor! O que nos garante que você não agirá de forma traiçoeira? — Blake observa.

— Você poderá acompanhá-lo para ter certeza de que não farei algo que o prejudique, senhor. — O médico agora diz com mais confiança.

— Você sabe que pessoas como o meu tio, quando eles encontram uma pessoa obediente, em todas as vezes ele vai usar a mesma ameaça para fazer com que sua vontade seja feita. — Alice declara e o médico assevera:

— Tenho convicção disso, senhorita! Eu estava atribulado por causa do que poderia acontecer com a minha família, mas estarei preparado quando eles vierem novamente... Pelo que eles me falaram e agora como vocês os julgam, eu penso que foram eles que causaram tal desgraça a vocês, mas não temos provas concretas. As nossas palavras poderão ser usadas contra nós, caso eles forjem provas falsas... Então, farei a minha parte para que nem os meus e nem vocês sejam mais prejudicados por eles. No entanto, para fazê-los acreditar que além de inválido, o senhor O’Coner se tornou estéril, sugiro para irem logo providenciando um herdeiro, já que é esse o problema central para toda essa confusão. — O médico explica e Kevin se manifesta:

— Quanto à isso, a minha mãe já começou a dar os seus primeiros passos, sem o meu consentimento, não é mesmo mamãe?

Mary fica sem reação diante da alfinetada do filho. O médico então percebe que precisa deixar eles a sós para conversarem e privado e diz:

— Às dezenove horas retornarei para fazermos a encenação da sua possível cirurgia.

— Tudo bem. — Kevin assente e o médico sai do quarto.

— Eu já comentei com o Kevin sobre o casamento, mas os detalhes é com a senhora. Eu preciso ir à empresa para manter os nossos sócios mais encorajados e confiantes, e principalmente, longe do alcance das artimanhas de Jonathan. — Blake comenta, se despede das gêmeas dando um beijo na testa de cada uma e uma referência para Mary, logo em seguida deixa a família a sós.

— E então, mamãe!? Não vai me contar sobre o casamento forçado? — Kevin cutuca e as suas irmãs ficam surpresas com a declaração.

— Casamento forçado? Como assim? — As duas questiona numa só voz e olham incrédulas para a mãe.

— Você acabou de confessar que concordou com uma cláusula absurda... Já conversou com a polícia? — Mary indaga, puxa a poltrona para mais perto da cama do filho e se senta.

— Sim. Eu já dei o meu depoimento, e só me disseram que estão investigando. Infelizmente estão alegando que o motorista do caminhão estava bêbado, e como o infeliz está morto, não tem como prosseguir com as investigações. Contudo Blake percebeu que o delegado é um dos que gostam de frequentar os mesmos locais que o tio Harry, então, provavelmente, não teremos nenhum resultado concreto ao nosso favor e em breve ele encerrará o caso. Agora me diz por que a senhora comprou uma mulher para mim? — Blake questiona e a irmãs ficam ainda mais curiosas. Elas se achegam para mais perto da mãe e juntamente com o irmão ouve atentamente à mãe explicar:

— Quando Blake leu aquele documento que você carregava na sua roupa e me relatou sobre o nosso futuro... Eu tive a certeza que precisava agir logo. O médico não veio com uma cara muito boa para trazer o documento, por isso eu não pensei duas vezes. Josh falou de uma mulher que você chamou antes de apagar de vez e eu só pensei naquele momento de ter uma mulher que pudesse atender pelo menos um requisito seu.

— O nome? E a índole? O caráter? — Kevin indaga.

— Mamãe, por que pagar uma mulher? Tem tantas que fariam isso de bom grado! — Anastacia comenta, porém, a sua mãe rebate incisiva:

— Querida, eu ainda não paguei ela, e ela só irá receber se eu realmente achar que ela merece!

— Por isso colocou ela na minha biblioteca? — Kevin questiona enfadado.

— Filho, sabe que lá é o único lugar onde podemos vigiá-la, caso seus tios tentem levar ela para o lado deles. — Mary responde.

— Espere!? Deixa eu entender o que está acontecendo aqui... Os tios, ou melhor, talvez seja a família do papai... Eles tentaram matar o Kevin e a senhora para não deixar eles na melhor forçou uma mulher a se casar com o meu irmão? — Alice analisa desacreditada.

— Eu não forcei ela! Ela veio até a mim! Eu apenas disse ao Blake para encontrar uma mulher jovem com nome Diana, e sem filhos... — Mary se justifica.

— E de onde essa mulher veio, mamãe? — Alice interroga.

— Bideford. Ela disse que veio de lá. Pelo menos ela é bonita e a questão do herdeiro, é só o Kevin decidir... — Mary afirma deixando o filho desconfortável. Então ele diz:

— Nas minhas condições atuais?

— É só fazer uma inseminação artificial, Kevin. Mas antes a moça tem que passar por uma bateria de exames para ver se ela não tem nenhum problema de saúde, é claro. — Mary diz de forma resoluta, porém Kevin rebate indiferente:

— Mamãe... mesmo que a senhora tenha agido de tal maneira para nos proteger daqueles sanguessugas invejosos, eu não vou querer ver essa mulher na minha frente! Não me importa se ela seja bonita! Porque por mais que ela tenha o mesmo nome que a Diana, ela não é, e jamais será a mulher que eu realmente admiro. Então, assim que eu sair daqui eu vou cancelar esse casamento absurdo e vou atrás da mulher que eu realmente quero que esteja do meu lado. Não uma impostora!

— Sinto muito filho, mas para ter mais credibilidade junto aos nossos sócios e clientes, de acordo com a lei, você se casou há três meses atrás. E Blake já divulgou isso para eles. — Mary comunica apreensiva.

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