Capítulo 15

Estava frio, a noite já havia caído e a temperatura estava baixa naquela região, era época de férias então eles haviam saído todos juntos na sua tradicional viagem de família em alto mar, apesar de ser um barco utilizado sempre para pesca Manoel tinha feito algumas adaptações e mudanças para poderem sempre viajar todos juntos e depois de um longo dia pudessem ter a sua noite merecida de descanso com o conforto que mereciam, além de é claro suportar longas viagens. Apesar disso eles não ligavam muito para os eletrodomésticos ou dormir, preferiam sempre estar com Manoel na hora que ele fosse subir a rede para ficarem olhando os peixes no convés, o cheiro não os incomodava mais, já estavam tão acostumados com aquilo que algumas vezes achava o cheiro dos peixes até agradável, ajudavam ele a separar as espécies em caixas diferentes. Já havia se passado quase uma semana que estavam viajando, e haviam pescado toneladas de peixe pelo caminho, a melhor parte com toda a certeza era durante o dia em que saiam na canoa e podiam pescar com a vara, tanto Dyllan quanto William já haviam pescado peixes avantajados que precisaram da ajuda de Manoel para o trazer até eles. 

E então naquela noite fria Manoel estava com insónia e decidiu que iria tentar aliviar o seu estres pescando e de quebra já teria as iscas vivas para o outro dia, más não foi bem isso que aconteceu, naquela mesma noite ele pescou um Tarpon de mais de 90 kg que chegava a quase 2 metros onde tiraram então todos juntos uma foto em uma camera fotográfica que sempre levavam nas suas viagens em família. Após mais dois dias eles desembarcaram no porto do Itaqui em São Luís do Maranhão para poderem aproveitar o resto das suas férias nos lençóis Maranhenses.

Alguns meses haviam se passado depois de tudo aquilo e as suas vidas cotidianas voltaram ao normal. Manoel estava sempre concentrado na sua pesca e nos momentos que estava fora do mar aproveitava para ficar com os filhos já que Marcia passava sempre parte do dia fora.

Aquela semana para Dyllan tinha sido realmente caótica, chegou em casa correndo da escola enquanto proferia palavras de baixo calão sobre os seus colegas de classe. Estava se sentindo pressionado por todos os lados, magrelo, vara de arrancar manga, tábua, ouvir isso diariamente estava o cansado, porém aquilo que mais o deixava inquieto era a pressão de todos, a inclusão em algum grupo social era tudo o que ele queria, mesmo que fosse um grupo daqueles moleques idiotas com um vocabulário limitado e que tinham a média bem abaixo das suas praticamente em todas as matérias, mesmo que eles não conhecessem os personagens excepcionais da Marvel que ele gostava, mesmo que eles não tivessem os mesmos gostos musicais, mesmo que eles não gostassem de anime e ainda chamasse de desenho de criancinha, mesmo não fazendo nenhum sentido na cabeça dele era aquilo que ele queria, não dava para continuar assim, desde que ele era menor e começou a frequentar a escola acabava sempre ficando de lado, quando era apresentação de trabalho ele estava sozinho porque os grupos sempre estavam formados.

— O que tem de errado comigo? — Dyllan joga a mochila no chão ao seu lado e se encosta no pé de cedro de frente para sua casa.

— Nada filho — Manoel logo que estava chegando viu Dyllan ali encostado na árvore e então se aproximou sem que o garoto percebesse e ao ouvir falar aquilo ele se sentou ao lado do garoto — Você é perfeito por ser quem você é, e do jeitinho que você é — Ele diz colocando a mão sobre a cabeça do garoto e o olha com ternura.

— Pai — Dyllan o abraça apoiando sua cabeça contra o peito de Manoel — O senhor não conta

— Ai, essa doeu fundo — Fala Manoel fazendo drama e então um pequeno sorriso se forma no rosto do garoto.

— Como eu fui arrumar um pai desses em? — Dyllan fala e então separa o abraço — Sabe eu queria ser popular, ter vários amigos e poder sair pra vários lugares com eles.

— As vezes estar rodeado de pessoas não significa necessariamente que elas gostem realmente de você, ou que você será feliz, acho que muitos acabam se aproximando só pra se aproveitar da situação — Ele olha para Dyllan e então ele vira o rosto para o lado emburrado — Quantidade não significa qualidade e você sabe muito bem disso.

— Tá mais então porque eu não tenho nenhum? Eu sou um zero a esquerda mesmo — Assim que ele fala é contestado por Manoel.

— Dyllan olha a boca, sabe que não gosto que se diminua, pode até falar dos outros mas de você próprio não, não tem amigos? E eu sou o que então? Um poste? Não importa se algumas pessoas na escola não enxergam quem você é ou não conseguem ver o seu potencial, eu consigo ver ok? E você é um garoto incrível e excepcional, eu tenho muito orgulho de ter você como filho — Manoel fala e então Dyllan se levanta rápido fingindo não ter se importado muito com as palavras que o pai disse mas que o deixaram muito feliz.

—Tanto faz, agora vai se levanta daí que eu quero almoçar anda, tô com fome — Dyllan pega sua mochila.

— Nam, a gente vai comer fora hoje, o William vai passar o dia na casa de um colega dele então ia ficar só nós dois aí trancafiado nessa casa, vem comigo que eu já até sei aonde a gente pode ir.

— Anão pai, eu tô com a roupa do colégio e ainda por cima tô com minha mochila, vou sair carregando ela por aí não o — Manoel vai até o filho se agacha e o pega o levantando e o joga sobre o ombro e sai andando segurando em suas pernas.

— O pai me solta, Pai não tem graça paro.

— Então para de graça, vai fugir? — Manoel pergunta enquanto caminha já pela calçada.

— Que? Não! —Assim que Dyllan fala Manoel o coloca no chão.

— Ai, eu vou precisar ficar fora por uns dias pra resolver uns negócios, mas não precisa se preocupar que eu não vou demorar muito — Manoel fala agora andando lado a lado com o filho.

— Eu me preocupar? tá viajando na maionese agora — Dyllan fala sorrindo.

— Ai vai gostar de se livrar de mim em seu Zé ruela?! — Manoel bagunça o cabelo de Dyllan dando uma risada.

— Ai meu cabelo — ele começa a tentar arrumar seu cabelo — Mas é lógico que não, quando o senhor viajar quem vai me perturbar e me trazer de volta pra esse mundo maluco?

— Quando eu voltar a gente vai pescar — Ao ouvir aquelas palavras Dyllan logo da um sorriso que logo é desfeito quando escuta um barulho alto e a voz de alguém falando no microfone.

— Anão pai, vergonha pública? Eu prefiro morrer

E então naquele dia os dois ganharam o segundo lugar em uma competição de comida em dupla e tiraram uma foto com as medalhas de segundo lugar, Manoel sorridente e Dyllan quase morto de tanto comer.

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