06

Evandro não intende a insinuação dela.

- Claro que é só por isso Beth. O que esta tentando insinuar?

Beth abre um sorriso ao vê-lo, sem jeito.

- Ela é bonita?

- É

- Então não será esforço algum esse casamento, até que poderá dar certo, né?

Evandro suspira pesadamente e fecha os olhos.

- A onde você quer chegar com isso Beth?

- Você já passou da idade de casar e formar uma família. Sua mãe concorda comigo.

- Vocês duas vivem fofocando sobre a minha vida.

- Olha como fala comigo menino, eu e sua mãe estamos preocupadas. Ah! Ela chega de viagem daqui a dois dias.

- Que bom, poderá participar do casamento. Prepare tudo, Cíntia vem morar aqui daqui a três dias.

- Tão rápido... Vou providenciar tudinho.

NA MANHÃ SEGUINTE.

- Beth! Beth! (grita Evandro)

Ela entra desesperada no quarto.

- O que foi meu filho.

- Por que tirou metade das minhas roupas do closet?

- A é isso? Sua esposa vai precisar de espaço para colocar as roupas dela.

Evandro põe as mãos nos olhos e conta até dez. Beth as vezes testava os seus limites.

- Beth eu te falei que Cíntia irá ficar no quarto de hóspedes.

- Evandro meu filho, a esposa deve dormir no mesmo quarto que o marido e não no de hóspedes.

- Ai céus... da me paciência.

- O que? (fala ela cinicamente)

- Coloque minhas coisas de volta no lugar, Cíntia vai ficar em outro quarto, eu e ela não teremos intimidades.

- Sua mãe vai surtar, ela deseja tanto netos.

- Beth sua estadia aqui nesta casa está por um fio, não me deixe contrariado.

- Você já falou isso tantas vezes, e olhe ainda estou aqui.

- Vou trabalhar. (diz ele desistindo)

Evandro pega a maleta e sai do quarto.

Beth fica dentro do closet rindo.

- Primeira fase do plano concluída, vamos ver até quando ele vai resistir a não querer a esposa. Eu vou garantir que eles sejam um casal de verdade. (fala ela batendo palmas)

***

NA CASA DE CÍNTIA

A empregada bate no ombro dela e diz que ela tem visita.

Cíntia estava comendo na cozinha e levanta rapidamente para ir até a sala, pensando ser o Evandro, ela queria tirar algumas dúvidas sobre o casamento, na noite anterior ela estava tão nervosa que esqueceu de fazer perguntas de como seria a convivência deles como casal.

Ela chega na sala e se depara com a Tia.

- A anos que não havia querida sobrinha.

Cíntia faz a leitura labial. Ela tem medo de sua tia e recua um pouco os passos conforme a mulher vai se aproximando dela.

- Eu deveria ter tentado contra a sua vida mais vezes sua defeituosa, você é uma pedra no meu sapato. Meu irmão deve ter pecado muito para merecer uma filha como você. Eu vou tomar tudo o que é seu... e te internar em uma clínica para sempre.

Cíntia engole o choro.

Luiza segura no queixo dela e aperta com força, as unhas enormes perfurando a pele de Cíntia.

- Eu odiei sua mãe, odiei seu pai e sempre tive aversão a você. Pra mim você não passa de uma coisa insignificante.

A empregada chega o exato momento que Luiz aperta o rosto de Cíntia e ela empurra a mulher para longe.

- Não se atreva a chegar perto dela novamente. (grita a empregada)

Neste momento Cíntia já não consegue ver nada, ela não sabe o que elas falam, seus olhos estão cheios de lágrimas.

Sua tia fala alguma coisa e depois sai da casa.

A empregada abraça Cíntia que ainda esta em estado de choque, a tia sempre a maltratou muito e até tentou matá-la afogada. Cíntia sentia muito medo de Luiza, aquela mulher seria capaz de tudo para obter o que quer.

***

Segunda-feira

Cíntia solicitou ao motorista que a levasse ao cemitério. Ela levou flores para colocar no túmulo dos pais.

Ela fala em pensamentos.

"Hoje é o dia do meu casamento, meu pai como eu queria que o senhor estivesse aqui comigo, assim eu não teria que buscar formas inusitadas para garantir que minha tia não tome tudo. Ela é um monstro, eu nem tive a oportunidade de contar todas as maldades que ela fazia comigo ao senhor. Queria poupar desgosto e acabei me calando. "

Ela ajeita as flores.

"Ainda bem que o senhor me levou para longe, nem sei o que teria sido de mim se permanecesse aqui. Até o filho dela tentou... tentou... eles são uns monstros."

Cíntia limpa o rosto banhado de lágrimas.

Ela recordou do dia de seu aniversário de 13 anos, ela estava no quarto terminando de trocar a sandália quando seu primo entrou, como ela não ouviu ele sorrateiramente a prendeu dentro do closet com ele dentro. Quando Cíntia o viu tentou sair mais ele a agarrou e tentou abusar dela, Cíntia lutou até conseguir se soltar e saiu correndo. Foi o pior aniversário de sua vida. Nervosa ela desceu descalça e correu para o jardim, seu pai a viu e correu atrás dela, ela sujou todo o vestido ao cair no gramado.

Bernardo abraçou a filha e vendo-a chorando a fez olhar para ele e perguntou o que tinha acontecido, Cíntia não conseguia expressar nada.

Depois disso ele achou melhor colocá-la em um colégio especial fora do país.

Ele nunca soube o que tinha acontecido naquela noite. Cíntia nunca contou a ninguém.

" Perdão papai por nunca ter revelado quem era a tia Luiza e o meu primo. Eles me odeiam... hoje vou me casar com seu amigo, tomara que ele esteja realmente disposto a me ajudar. Mamãe e papai sempre vou amar vocês." Pensou ela.

Ela levantou, olhou mais uma vez as lápides e depois saiu. Cintia tinha prometido a Amélia que não iria demorar, a maquiadora e cabeleireiro já estavam esperando por ela.

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