09

Evandro esperava dentro do carro por Cíntia. Ela estava se despedindo de Beth, Amélia e da mãe dele. Diogo vai até o lado do motorista pela janela e fala.

- Boa viagem amigo.

- Amigo? Uma ova! Você me paga Diogo.

- Pra que tanta raiva? Nem parece que acabou de casar e estar indo para sua lua de mel, ficar sozinho com sua esposa no meio do nada, a quilômetros de distância da cidade mais próxima. Sozinhos poderão se conhecer melhor.

Diogo ria cinicamente.

Evandro sentiu uma vontade imensa de ligar o carro e atropelar o amigo.

- Você fez isso de propósito, tudo para ganhar o carro.

- Para de drama Evandro. Você não quer admitir que se sente atraído por sua esposa, só estou apressando as coisas que uma hora ou outra iria acontecer. Parece tão ruim assim ficar pelo menos três dias sozinho com ela? Aproveita para conquistar sua confiança, sua esposa parece um animal assustado. Tente fazê-la relaxar.

- Tentando faze-la relaxar eu que vou ficar tenso.

Ele passa as mãos no rosto. Inquieto.

- Aproveita essa oportunidade e seja feliz. Cíntia é uma menina doce e especial, acabou de perder o pai e agora você é sua única família.

- Obrigado por me lembrar o peso da responsabilidade. (fala ele bufando)

- Chegou seu momento de crescimento... Olhe sua esposa está vindo. Boa viagem.

Evandro olha para o lado e vê Cíntia entrando no carro. Ela fica um pouco tímida.

Os dois se olham.

Evandro suspira e liga o carro. Os dois vão embora.

MINUTOS ANTES DELA ENTRAR NO CARRO.

Cíntia estava se despedindo da sogra, de Amélia e de Beth.

Amélia disse a ela bem devagar para Cíntia ler seus lábios.

- Agora você é uma mulher casada, deve respeito ao seu marido, ele agora é sua família. Eu sei que não falamos sobre intimidades, mas não sinta medo de nada tudo vai acontecer no seu tempo. Seu marido vai saber te tratar como uma princesa.

Cíntia pensou: "Pera aí! Eu e ele não falamos nada sobre intimidades. Será que agora que estamos casados ele vai querer que eu e ele... aí céus. Não tinha pensado nessa possibilidade. Agora casada Evandro pode exigir de mim obrigações de uma esposa. "

- Não fique com medo. (disse Amélia ao vê-la tremendo)

Ela fazia leitura de cada palavra pronunciada.

- Meu filho vai te tratar muito bem. Eu o criei para ser um cavalheiro. (fala a sogra)

- Vá tranquila. (diz Beth)

Cíntia recebeu o abraço das três, quando se virou respirou fundo, andou até o carro estacionado. Assim que entrou nele, ela pode sentir o olhar do marido sobre ela, os dois ficaram um tempo se fitando, ela observa atenta cada movimento dele, até a respiração. Ele quebra o contato visual quando se vira para frente e liga o carro.

Cíntia olha pela janela pensativa.

"Acho que deveríamos ter conversado direito para esclarecer alguns pontos antes de casar. E agora? Terei que ser sua mulher de verdade? Ou apenas no papel? Pelo que me lembre o acordo era simples, porque agora depois de oficializar tudo parece mais complexo do que imaginei."

Evandro também estava pensando.

"Não caia na armadilha de Diogo e de sua mãe, você pode passar três dias sozinho com ela sem tocar em sua esposa. Afinal o acordo era casar e viver vidas separadas, apenas ajudá-la a derrubar a tia, ensiná-la a administrar os hotéis e depois o divórcio. Não posso me aproveitar da situação. Infelizmente ela é bonita, linda e seus olhos parecem que veem dentro da minha alma, mas não posso me aproximar dela. Em memória a Bernardo vou respeitar Cíntia, o que ele acharia se eu me aproveitasse de sua filha ingênua, que não teve uma infância como as das outras crianças e foi privada de ouvir o mundo ao seu redor. Não, não e não... tenho que me manter satisfeito em apenas ajudá-la. Não posso querer mais nada.

Duas horas depois...

Eles chegam na casa de campo.

Evandro desliga o motor do carro, olha para o lado e vê Cíntia adormecida. Ele sai do carro dando a volta no veículo vai até a porta da casa e usando as chaves que sua mãe lhe deu abre a porta, volta ao carro indo até o carona e abre a porta do veículo, tira o cinto de segurança de Cíntia e quando ia pegá-la para carregá-la para dentro da casa, ela abre os olhos.

Os dois ficam naquela bolha novamente, o mundo parece estar em suspenso, tudo pausado enquanto eles se olham.

O coração de Cíntia bate descompensado, ela tenta manter a calma em vão, seu marido a olha de um jeito que ela fica sem fôlego. Era a primeira vez que ela tinha contato visual tão intenso com um homem, ela sempre foi super protegida do mundo. Garotos ela via poucos, nenhum deles chegou tão perto.

A maioria quando via que ela era deficiente auditiva não arriscavam na paquera. Sua amiga Rebeca vivia dizendo que ela deveria sair mais, ou até mesmo arriscar paquerar, mas Cíntia se fechou em seu casulo.

Ela queria saber o que Evandro estava pensando ao olhá-la assim.

- Vamos entrar. (disse ele e ela lê)

Ela balança a cabeça em afirmação, ele a ajudou a sair do carro.

Evandro abre o porta malas para pegar as bagagens.

Cíntia fica admirada com o lugar, toda aquela natureza.

Evandro toca em seu ombro fazendo-a o olhar.

- Mais tarde vamos sair. Meia hora daqui tem uma cidade pequena, vamos jantar lá.

Ela afirma balançando a cabeça. Os dois entram na casa.

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