UMA SEMANA DEPOIS.
Cíntia não queria ver ninguém, a psicóloga que Diogo arranjou sabia lidar com situações difíceis com pacientes com alguma deficiência. Ela sabia a língua de sinais.
Cíntia olhava para o nada na sala, os olhos perdidos.
- Como se sente hoje? (Doutora pergunta a ela por meio de língua gestual)
Cíntia permanece em silencio.
- Não quis ir ao jardim hoje? A empregada falou que também não está se alimentando. (fala a doutora em sinais)
- Por favor se não se alimentar irá morrer de fome. Sabe a gravidade disso? (gesticula com sinais)
Cíntia não reage ou gesticula. Ela estava em completo silencio, nem usando nenhuma comunicação e expressão.
- Cíntia quer falar sobre o que aconteceu a seu pai? (pergunta a doutora)
Cíntia se levanta da poltrona e vai andando até a janela. Pior era o silencio, desde pequena ela era acostumada ao silencio do mundo, mas hoje esse silencio estava carregado de dor.
Cíntia se sentia em um barco a deriva, que a qualquer momento poderia afundar. Ela sabia que a doutora estava tentando faze-la reagir, mas Cíntia já tinha decidido não revidar, e sim deixar que as dores e decepções da vida a sucumbissem.
Ela não olhava para ninguém de proposito, não queria ler os lábios e muito menos ver os gestos de quem sabia se comunicar por meio de libras.
Ela apenas queria sumir.
A doutora tocou no seu ombro, Cíntia pode sentir as vibrações de que tinha mais alguém na sala, ela se vira e a doutora gesticula para ela com sinais.
- Esse senhor veio te ver. Ele quer falar com você.
Cíntia olhou para o homem de terno e gravata, ele tinha uma cara de mal com olhos escuros e sombrios, ela não o reconhecia.
Ela fica temerosa.
Evandro ia para a empresa, mas antes decidiu passar na casa de seu falecido amigo, a filha dele estava morando lá.
Assim que entrou a empregada deu um relatório detalhado de tudo o que estava acontecendo, Cíntia não comia a dois dias, e ela tinha medo de que a filha do seu falecido patrão fosse morrer de fome.
Evandro respirou fundo, mandou que a empregada preparasse uma tigela de sopa leve e nutritiva, que fosse levada até a sala onde Cíntia estava.
Quando chegou ele viu a doutora que balança a cabeça indicando a ele que não tiveram nenhum progresso. Ele pede para que ela o anuncie a Cíntia.
Quando Cíntia se vira os olhos de ambos se encontram, Evandro sente uma forte conexão nos olhares, era a primeira vez que ela o olhava nem no enterro do pai ela o notou, ele sente seu coração palpitar rapidamente.
- Doutora repita as minhas palavras a ela. (diz Evandro)
- Sim.
Ele fixou um olhar duro em Cíntia, faz um gesto com o dedo indicador mostrando para que prestasse atenção.
Cíntia arregala os olhos com medo, ela olha para a doutora que traduz.
- Todos aqui estão preocupados com você, não é fazendo greve de fome que ira resolver a situação. Eu também perdi um grande amigo e mentor, mas acha que realmente seu pai iria querer ver a filha dele se consumindo pouco a pouco a cada dia de tristeza? Conhecendo ele como eu conhecia, aposto que não ia querer. Agora pare de agir como se fosse a única a perder alguém importante e reaja, faça isso por seu pai que lutou todos os dias para te fazer feliz. Que mesmo sabendo de sua doença não desistiu de te dar uma vida normal e realizada, faça isso por ele Cíntia.
Ela olhou para o homem a sua frente, ele tinha um olhar serio.
Mais uma vez ele diz para ela olhar a doutora.
Que traduz as palavras dele.
- Eu vou pedir apenas uma vez, coma a comida que vão trazer. Se não comer por bem vai comer a força, nem que eu tenha que enfiar uma borracha na sua garganta e jogar o alimento dentro dela.
As palavras dele foram duras até a doutora ficou com medo de traduzi-las a Cíntia, mas de uma coisa estava certa as palavras dele a fizeram reagir. Cíntia arregalou os olhos em surpresa. Medo e receio de que o desconhecido cumprisse sua ameaça.
Assim que ele acabou de falar o prato de sopa foi entregue.
Como ela estava olhando para o rosto dele, ela pode ler os lábios quando ele disse as duas funcionarias na sala.
- Certifiquem-se que ela coma tudo.
Ele diz se vira e saí da sala.
Cíntia continua imóvel perto da janela, ela abraça o próprio corpo com medo, nunca tinha sido tratada dessa maneira, no geral as pessoas eram mais solidarias, sendo ela deficiente. Ele não parecia um homem de emoções, e o olhar dele deu um medo enorme nela.
Minutos depois dele sair, Cíntia comeu.
Evandro dentro do carro fechou os olhos, tinha ido lá falar sobre o casamento mas acabou perdendo a paciência ao vê-la definhando em melancolia. Ele pede a seu motorista para que o leve ao endereço de Suzi sua amante.
Evandro precisava esfriar a cabeça e somente os braços de Suzi que ele queria esquecer de seus problemas. O carro parou e ele desceu, falando para o motorista esperar por ele.
Ele pretendia passar uma hora ali com Suzi, até esfriar a cabeça e depois iria a empresa.
- Nossa esse é meu dia de sorte. Estava saindo quando me ligou, mau começou o dia e já está tenso. (fala Suzi massageando os ombros dele)
- Meu dia já começou tenso.
- Então querido deixe-me te fazer relaxar.
Ela começa a beijar o pescoço dele e o faz fechar os olhos, em um lampejo de momento Evandro visualiza os olhos de Cíntia, mesmo assustada com sua presença ela é linda, seus olhos eram expressivos e profundos. Ele para de repente e abre os olhos assustado em pensar nela.
- O que foi? (pergunta Suzi)
Eles estavam no sofá da sala e Evandro se levanta rapidamente.
- Vamos para o quarto, não posso demorar. (fala ele puxando ela)
________
Instagram @avelinoescritora
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 53
Comments
Luzia Nogueira
essa Suzi não vai aceitar esse casamento KKKK e se juntar com a tia coitada da cintia
2024-08-17
1
Marcilia Sidney
eita lasqueira la vem bomba 💣
2024-07-24
0
Maria Lima De Souza
Amante não, mas se ele não assumiu ela, então é ficante.
2023-12-09
2