Saudade

Depois do desabafo de Clarissa, eles não se viram mais naquela noite, foram cada um para o seu quarto, como se estivessem fugindo um do outro. A noite foi longa, suas mentes estavam em outro quarto, e apenas tentavam dormir, mesmo que tenha sido difícil para eles. No sábado Guilherme não saiu de casa e nem Clarissa, eles tomaram o café da manhã em silêncio total. A única frase que falaram foi "Bom Dia" na hora do almoço, Clarissa fez a comida e almoçaram em silêncio, ele a ajudou a arrumar a cozinha e quando acabaram ela foi para o quarto e ele sentiu tanta vontade de ir atrás dela, mas preferiu deixar ela ter o seu espaço, ele não estava em condições de lhe pedir nada, nem mesmo perdão. Ele esperava que se ela realmente o amasse, como ele ainda acreditava, e se ele um dia conseguisse lhe provar o seu arrependimento e o seu amor, talvez ela o perdoasse, talvez.

Clarissa estava no seu quarto, e sentiu vontade de comer bolo de chocolate, ela sempre fazia na casa do pai. Resolveu ir para a cozinha e fazer o seu bolo, ela lidava no apartamento como se estivesse sozinha, pegou os ingredientes, preparou a massa e colocou no forno, depois de pronto, preparou suco de laranja, fez café e esquentou o leite e serviu na mesa. Ela senta para comer, mas fica pensando um pouco. Se levanta e vai até o quarto de Guilherme batendo na porta

— Entra — Ele estava lendo um livro, quando ela abre a porta, ele fecha o livro e se levanta.

— Fiz bolo e café fresco, você quer um pouco? — Eles ficam se olhando, parece que o tempo para, mas apenas permanecem em silêncio

— Você vai comer agora?

— Sim, está tudo fresquinho. Vim perguntar se quer, fiz bolo de chocolate.

— Vou experimentar — Guilherme a segue até a mesa que estava arrumada, ao provar o bolo, acha muito gostoso — Você gosta de cozinhar? Sempre cozinha tão bem.

— Não digo que gosto, apenas quando estou com vontade — Responde sem muita empolgação

— Mas você cozinha muito bem — Ela não responde e ficam em silêncio novamente — Podemos assistir um filme a noite, o que acha? — Guilherme resolve tentar uma aproximação

— Não vai sair com os amigos? — Ele fica a olhando, e tudo o que ele queria era assistir um filme abraçado a ela como antes fazia.

— Prefiro ficar em casa. Você vai sair? — Pergunta, torcendo para que ela diga não

— Podemos assistir um filme, faço pipoca depois.

— Tudo bem.

— Com licença, vou ligar para o meu pai, pode deixar as coisas que depois eu guardo.

— Clarissa — Ela o olha — Você já falou com Eduarda?

— Não quero falar sobre isso, tudo bem? — Ele faz que sim com a cabeça, ele sabe que um dia elas voltarão a se falar, mas a ferida ainda está muito aberta, se sente mal também por isso, a amizade das duas era muito bonita, e se sente culpado por ter as, afastado.

No final da tarde, ele escolhe um filme de ação e aventura, com um toque de romantismo. Depois de tomar um banho e colocar uma bermuda e uma camisa de malha, ele vai para a sala e fica esperando por ela. Ele sente uma tristeza tão grande, como pode ter estragado tudo, eles eram tão felizes juntos. Ela logo chega na sala, está vestida com uma calça de malha pantalona e uma camisa também de malha, 'será que voltarei a vê-la sem as suas calças pantalona' ele se pergunta. Ela faz pipoca e volta para sala e ficam assistindo o filme, sentado lado a lado. Ele quer tanto tocá-la, queria poder deitar e trazer ela junto, para assistirem o filme abraçadinhos como tantas vezes fizeram, como foi burro. Mas ele está decidido a reconquistá-la, mas sabe que será uma missão difícil, ela está muito ferida, mas ele não desistiria, ele a ama muito para perdê-la. Ele precisa fazê-la feliz, precisa provar a ela, que a ama. Quando acaba o filme, ela lava e guarda as coisas que usou para fazer a pipoca e logo dá boa noite, indo para o seu quarto,

Guilherme continua na sala, e não sente vontade de ir para o seu quarto sem ela, ele quase não dormiu a noite, sabendo que ela estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Era madrugada e Clarissa não conseguia dormir, ela vai beber um copo d'água mas a luz da sala ainda está acesa, Guilherme continua sentado no mesmo lugar, com a TV desligada.

— Está sentindo alguma coisa? — Clarissa pergunta, ele a olha e queria tanto poder abraçá-la

— Saudade — Decide ser sincero, mas ela apenas o olha e volta para o quarto. Quando fecha a porta, confessa para si mesma

— Não mais que eu — Ela queria correr para ele e simplesmente deixar as coisas acontecerem, mas já se machucou uma vez, e ainda estava doendo muito. Ainda tinha a sua irmã para se resolver, como ela amava a sua irmã, mas como estava difícil de encará-la. Sabia sobre ela pelo pai, ela havia ficado uma semana com febre depois que brigaram, ela costumava ter febre emocional, mas Clarissa sabia que ficaria bem, por isso não se preocupou, mas precisava saber como agir com ela, assim como estava fazendo com Guilherme. O domingo passou tranquilo, e como no sábado, nenhum dos dois saíram, ficaram em seus quartos e fizeram apenas as refeições juntos.

Quando chegou na segunda quando ele chegou na cozinha, ela já estava tomando café, ao vê-la arrumada Guilherme resolveu perguntar

— Vai sair?

— Vou trabalhar.

— Se importa de dizer onde? — Ele pergunta com cuidado, pois sabe que ela não lhe deve explicações

— Em uma empresa de cosméticos, será na minha área e o salário é bom, além dos benefícios

— Fico feliz por você.

— Preciso ir, não posso me atrasar no meu primeiro dia.

— Bom trabalho!

— Obrigada! — Ela estava bonita com a sua calça pantalona verde musgo e uma camisa preta, ela é muito linda, ele não se cansa de admirá-la. Guilherme fica pensando enquanto toma o seu café, que ela deixou pronto.

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