Mamãe por favor...

Chegando no hotel eles tomam um delicioso banho de banheira, aproveitando cada momento juntos.

— Eu te amo! Quem diria que eu me casaria com Guilherme Magalhães, um dos solteiros mais cobiçados pela mulherada.

— Vamos para a cama, hoje a noite é nossa como marido e mulher.

— Sim, somos marido e mulher e eu posso dizer que sou a mulher mais feliz nessa hora.

Guilherme a pega no colo e a leva até a cama e se entregam como se não houvesse amanhã. Eles dormem abraçados, mas quando Guilherme acorda ainda está escuro, ele olha no relógio e ainda não são nem quatro da manhã. Ele fica olhando Clarissa dormindo, e começa a se arrepender de não ter contado a ela sobre a condição do pai, mas ele sabe que não foi esse o verdadeiro motivo que o fez se casar com essa mulher que dorme o abraçando, ele realmente sente algo especial por ela, a ponto dele não querer estar com mais ninguém a não ser ela. Ele beija a sua testa e a puxa mais para si, ele se sente confiante em mostrar para ela os seus sentimentos, não pode afirmar ser amor, pois nunca amou ninguém antes, mas é um sentimento novo que lhe faz bem.

A lua de mel foi surpreendente, eles se divertiam e se amavam todas as noites, ele entendeu a reação de Eduarda, as pessoas os olhavam diferentes, como se ela não fosse capaz de estar com alguém como ele. Ele descobriu que em seu guarda roupa só havia calças e macações pantalona, ela não usava saias e nem vestidos, muito menos shorts. Segundo ela costumava pegar sol em casa, para as pernas não ficarem tão desproporcional ao corpo. Mas ela sabia se vestir muito bem, suas sandalias eram rasteiras, mas todas muito bonitas.

Eles decidiram morar no apartamento dele,era grande e confortável para eles, ele a convenceu a deixar o emprego, mas ela conseguiu um trabalho de home office, pois não poderia pensar em viver sem trabalhar. Ela já estava trabalhando, e gostava do que estava fazendo, mas futuramente, pensava em voltar ao mercado de trabalho, pois gostava da agitação de um emprego convencional.

Ela não tinha empregada, apenas uma senhora que ia três vezes na semana fazer a limpeza da casa. Como eram só eles dois, tudo se mantinha limpo e organizado, as vezes eles saiam para jantar fora, as vezes ele ia almoçar em casa. Não podiam reclamar da vida de casados, estava ótima, Guilherme era um marido carinhoso e um ótimo amante, quase todos os dias faziam amor, ele não queria filho por enquanto, ela concordou, pois filho tinha que ser uma decisão em conjunto, e poderiam curtir mais a vida a dois.

Eduarda uma dia saiu mais cedo do trabalho e foi visitar a irmã, iria jantar com eles, queria ver de perto como Guilherme tratava a irmã, elas se falavam quase todos os dias, mas ela ainda não tinha ido no apartamento deles, o pai não quis ir dizendo que eles ainda estavam em lua de mel.

— E entao irmã, gostando da vida de casado?

— Muito, tem sido maravilhoso.

— E Guilherme como marido, é tão bom quanto eram namorados?

— Confesso que estou achando ainda melhor, ele é carinhoso e atencioso, transamos quase todos os dias acredita — Clarissa fala rindo espontaneamente

— Isso quer dizer que logo podemos ter um sobrinho? — Eduarda ri, com a esperança de ter agido certo

— Guilherme não quer filhos agora, vamos aproveitar mais um pouco a vida de casado.

Eduarda se questina por qual motivo ele não quer um filho com Clarissa, será que é pelo problema que ela tem, ou ele pretende descartá-la após conseguir o seu propósito. Ela sente um frio percorrer todo o seu corpo, ver a sua irmã sofrer é a última coisa que ela quer. Mas infelizmente não tem muito o que fazer, a não ser torcer para que ela esteja errada, e que Guilherme realmente ame a sua irmã.

Quando Guilherme chega, estranha ver Eduarda.

— Oi Eduarda. Veio visitar a sua irmã?

— Estava com saudades, queria ver como ela estava —Ela o olha diretamente — Queria ver como estava a tratando

— Como pode ver muito bem — Ele dá um sorriso de lado

— Espero que continue assim, pois se magoar minha irmã, eu esqueço que é o meu chefe.

— Calma Eduarda, deixe de ciúmes, você sabe que te amo, e sempre será a minha irmãzinha querida — Ela se põe de pé e beija a cabeça da irmã que está sentada — Seu amor é só seu, não vou dividi-lo com ninguém

— Eu te amo irmã, nunca se esqueça disso, eu só quero que seja feliz.

— Eu sei meu amor, mas não se preocupe, eu amo o Guilherme e somos felizes juntos — Clarissa vai até Guilherme e o abraça — Não é meu amor? — Ele lhe dá um beijo carinhoso, a abraçando — Agora vamos jantar.

Quatro meses depois de casados Sr. Cezar passa a presidência da Construtora para Guilherme, eles fazem um jantar em família para comemorar a aposentadoria de Cezar e o novo cargo de Guilherme. Durante o jantar Clarissa se sente incomodada, pois tanto a mãe e a irmã de Guilherme a olham de forma diferente, ela sabe que não é por sua deficiência, mas por algo que ela não consegue captar.

Eduarda como a irmã de Clarissa, por sua vez cunhada de Guilherme estava presente assim como o seu pai Armando. Sr. Cezar estava feliz pela mudança do filho, não se via mais ele em festas com mulheres e muita bebida, agradecia a Clarissa por ter entrado na vida dele, pois já não via o seu suado dinheiro ser jogado pela janela por um filho que só queria farra.

— Estou muito feliz por estar em nossa família, Clarissa. Sempre soube que era alguém especial.

— Não fale assim Cezar, ela pode pensar que está falando sobre a perna dela — Clarissa pode sentir o veneno escorrendo pelo canto da boca da sogra.

— Não se preocupe Dona Gilda, eu sei que ele não se refere a minha perna — Clarissa logo olha para o sogro agradecendo o carinho — Fico feliz pelo elogio Sr. Cezar, mas acredito que a mudança tenha partido principalmente dele — Ela sorri para o marido — Já estava na hora, não é amor, de crescer.

— Ele a beija com carinho, mas se levanta indo pegar uma bebida para ele, e sua mãe vai atrás.

— Espero que não tenha um filho com essa aleijada, não sei onde estava com a cabeça de se casar com uma deficiente

— Mamãe por favor, de novo esse assunto não.

— Eu só não me meti porque achei a imposição do seu pai ridícula, mas agora que já conseguiu o que voce queria está na hora de por um fim nesse casamento.

— A senhora está doida, eu não vou me separar de Clarissa.

— Você me disse que ia casar com ela por ser necessário.

— Eu não disse isso, se a senhora entendeu assim, eu sinto muito.

— Ela sabe do motivo que levou a se casar com ela...

— Mamãe por favor...

— Não sabe não é, pois está na hora dela saber

— Se a senhora fizer isso, eu esqueço que sou o seu filho.

— O que???? Eu não acredito — Gilda põe as mãos na cabeça como se estivesse desesperada — Você está apaixonado por essa aleijada — Guilherme se afasta sem responder, sente o seu coração apertado por não saber o que fazer, a última coisa que lhe faltava era a sua mãe querer se meter em seu casamento.

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