4- Zaya

Frustada, o único jeito de acabar com a minha irritação e emplacar o desejo que corria em minhas veias era fazer o aquecimento na esteira e matar o restante do tempo me exercitando em alguns aparelhos de musculação ou socando o Fred, o saco de pancada da academia. Mas, apesar de não ter sido nada grave com o meu pé, o ortopedista recomendou suspender as atividades físicas e evitar colocar o pé no chão por pelo menos duas semanas, isso antes dele me expulsar da sala por eu tentar ensina-lo a fazer o próprio trabalho. De jeito maneira eu conseguiria ficar tanto tempo pulando de um pé só ou parada sem fazer nada, muito menos com uma bota ortopédica me empatando de pilotar minha moto. No máximo só conseguiria seguir suas instruções, manter o pé em repouso e com uma bolsa de gelo, até o final da noite. E mesmo assim, não conseguia relaxar e tudo culpa do homem arrogante, ignorante, bruto, lindo, cheiroso, másculo...

Eu nunca senti falta de ser tocada, de ser acariciada... de estar perto de alguém... Mas algo mudou no momento em que eu senti suas mãos tocarem minha pele me fazendo perder o controle do meu próprio corpo. E isso me deixou ainda mais estressada, por estar desejando desesperadamente um novo toque.

Equilibrando-me em uma perna, deixei o sofá em busca de uma taça de vinho. O meu apartamento não é muito grande, dois quartos, um meu e outro do Daniel, e sala integrada com a cozinha, por isso três pulos e eu já estava com uma garrafa e uma taça na mão.

- já vi que seu plano não deu nada certo- Daniel entrou no apartamento jogando a mochila no sofá apontando para a garrafa de vinho na minha mão. Fiquei calada enquanto mancava de volta para sofá.

- Qual virá agora? o plano C ou o plano D? Falou pegando uma taça e sentando ao meu lado.

- Nem c nem d, eu simplesmente jogo a toalha, eu desisto! -falo frustada enchendo minha taça e bebendo tudo em um gole só.

- Zaya Bahtley desistindo? É um marco na história, um fenômeno raro da natureza...

Eu podia soca-lo bem no maxilar quadrado e perfeito enquanto ele estava distraído se contorcendo de rir, mas o conhecendo, ele certamente me jogaria da janela, e cair do sétimo andar seria uma morte trágica até para mim que adoro ultrapassar os limites.

- Eu vou dormir, estou sem humor para aguentar suas piadas sem graças...

- Não antes de você me contar tudo o que rolou nessa entrevista, e porque voce tá parecendo um saci Pererê pulando de um pé só.

- Você acha que eu vou te contar depois de ter me zoado. Se eu te falar o que aconteceu serei motivo de chacota pelo resto do ano.

- Prometo ficar quieto, Agora me conta o que aconteceu para fazer você desistir.

Sem olha-lo no rosto, peguei a almofada e coloquei sobre a mesa de centro para apoiar meu pé que não parava de latejar. vendo meu desconfroto, Daniel mudou de lugar sentando na minha frente colocando minha perna em seu colo . Sentir suas mãos geladas tocarem minha pele não foi nada comparado com o toque firme, quente e possessivo que sentir ao ser tocada por Hector Freeman.

Contei a Daniel tudo o que aconteceu no escritório do senhor gostosão inclusive o mico que passei ao cair de quatro no chão. Ocultei apenas alguns acontecimentos irrelevantes, como a atração surreal que sentir no momento em que coloquei meus olhos neles, o volume em suas calças, e o desejo em seu olhar ....Daniel me encarava sem dizer nada, esperei que ele falasse alguma coisa, mas ele me encarava fixamente sem expressão nenhuma