Zaya

Foi difícil, mas consegui tirar mais três da jogada antes de ouvir meu nome e entregar meus papéis que assinei sem lê.

Com o coração acelerado e as mãos frias, forcei minhas pernas a ficarem em pé e se equilibrar naqueles saltos. Tentei prever o que aconteceria caso ele descobrisse minha farsa, mas foi inútil...Um escândalo seria pouco provável , contando que ele é um homem muito reservado e algo assim seria fora de sua conduta. Ele parecia ser um homem que fazia tudo por debaixo dos panos, tudo na calada da noite e pelo que eu sei, esses são os mais perigosos.

Alheia aos borburinhos e aos olhares da outras candidatas, eu entrei na sala. Uma onda de perfume me atingiu como um soco no nariz. O homem contra o plano de fundo dos arranha-céu da cidade e atrás da grande mesa preta ergueu os olhos escuros na minha direção. Estava descontente. O olhar gelado de pura insatisfação arrepiou os pêlos do meu corpo conforme ele passou seus olhos entre a secretária ao meu lado e eu. Com um brilho escuro e poderoso que atravessou o seu olhar, ele me analisou de cima até chegar no furinho da minha meia calça, que agora já havia se tornado uma linha seguindo até o dorço do meu pé, me deixou de pernas bambas. Cada gota de segurança e autocontrole que possuía, até mesmo de coragem, desapareceram.

"O homem era...Por Deus , não havia palavras para descreve-lo. A mandíbula forte, coberta por uma barba grossa. Seus olhos pareciam injetados de uma emoção, que me deixou assustada. A presença dele causou um nó na minha garganta, mas que passou despercebida porque eu estava mais preocupada em olha-lo, hipnotizada por aquele homem na minha frente. Seus cabelos em um preto bem vivo emoldura um rosto de tirar o fôlego. Sua boca de contorno firmes, seu nariz retilíneo e seus olhos castanhos intensos lhe agregaram uma beleza estonteante. Nenhuma foto que eu vi anteriormente era compatível com sua fisionomia pessoalmente. Não que eu já não soubesse que ele era lindo, mas nenhuma foto transmitia o domínio arrepiante que saía de sua íris."

Meu coração começou a bater mais forte; Meus lábios se abriram parcialmente com a aceleração da respiração. Continuamos nos encarando, por que eu não conseguia olhar para outra coisa.

- Zaya, Zaya Thompson? - Sua voz era suave e refinada, com um toque de rouquidão que fez meu estômago gelar.

- Sim !

Acenei com a cabeça e esbocei um sorriso tímido.

Ao contrair o rosto seu olhar se intensificou. Não tinha como decifrar sua expressão. Nada nele era decífravel, a não ser a raiva em seus olhos ligeiramente etreitados, sua fisionomia denotava uma imparcialidade total...

Um suspiro saiu entre seus lábios e eu sabia que ele iria me expulsar da sala.

Antes que o fizesse, dei alguns passos cambaleando. Poderia culpar os sapatos, mas a forma como ele me encarava de modo tão duro e possessivo era um tanto assustados, parecia um predador tentando evitar a presa.