6-Hector

Eu não estava acostumado a ter problemas com cálculos, finanças ou nada envolvido a dinheiro. Lucrar para mim é fácil. Mas há alguns dias, algo vinha me perturbando e me tirando a paz. Algo que vai além do meu trabalho.

Zaya Thompson.

O nome dela voltou a minha mente, e, em vez de repeli-lo de uma vez, eu permitir que a garota fizesse moradia dentro na minha cabeça. Porque o contrário seria explicar para o meu corpo, e tesão que aquela garota era um perigo, um vulcão em erupção.

Ainda conseguia sentir o perfume dela na minha sala, uma fragrância tão marcante impossível de esquecer. Nunca vi tanta determinação em olhos tão inocentes. Quase não conseguir me controlar ao vê-la fechar os olhos e abrir os lábios fartos quando toquei sua pele macia por cima da meia calça. Ela me pareceu tão tentadora e tão entregue ao meu toque que me deu a impressão que, no momento em que eu quisesse, ela seria minha sem nenhuma resistência, mas eu não sou esse tipo de cafajeste, nunca me aproveitaria da vulnerabilidade de alguém, muito menos de uma mulher. Ela estava aqui apenas para uma entrevista e como todas as outras mulheres não resistiu ao meu charme e beleza.

.. Mas talvez, naquele dia, eu devesse ter deixado o maldito controle de lado e tê-la trancado aqui e feito tudo que estava passando na minha mente. Este pensado era uma tentação, todavia me arrependeria no momento em que meu maldito lado controlador a sufocasse fazendo-a fugir de mim. A traição da minha mãe me deixou uma marca que ferrou com a minha vida e com qualquer relacionamento amoroso que eu tentasse me envolver . Foi o que aconteceu com Ava, minha única namorada. Eu lutei dia após dia para não sufoca-la com meu temperamento e com o meu ciúmes excessivo.

Eu sempre soube que eu era um filho da puta controlador que vigiava cada passo que ela dava, mas que proporcionava tudo que ela queria desde jóias, carros do ano, até viagens ao redor do mundo ... Por isso nunca imaginei que ela me deixaria no meio da noite com uma carta expondo sua versão dos fatos e ameaçando me denunciar por assédio moral se eu fosse atrás dela. O que não foi fácil. Como não está sendo fácil agora controlar o desejo de saber tudo sobre Zaya. Quero saber com quem vive, família, se existe alguém em sua vida amorosa, ... E para saber tudo isso, bastava um telefonema e o histórico de sua vida estaria disponível em segundos no meu email.

Tentando controlar o impulso de investigar tudo sobre ela, me levantei e afastei a poltrona de couro observando o andar inteiro apagado através das divisórias de vidro. Meu escritório era o único com as luzes acessas, e possivelmente, eu era o único em todo o prédio ainda trabalhar.

Soltando um suspiro determinado, peguei meus pertences verificando que já passava das onze da noite. Saindo da sala indo em direção ao elevador privado, que já estava a minha espera, liguei para Raul Ortega, meu investigador e amigo de longa data. Apesar de já ser tarde, ele atendeu com rapidez e prontidão.

- Ainda não recebi as informações que eu pedi- Pronunciei com rispidez

- Peço desculpa, Hector. Mas eu vim para o o outro lado do mundo visitar minha mãe que está muito doente e ainda não conseguir reservar um tempo para puxar os dados da placa da moto que você me enviou, na verdade eu só conseguir internet hoje pela manhã.

- Como está dona Zilda?- perguntei realmente preocupado.

- Ela passou por uma cirurgia, mas graças a Deus passa bem.

- Que bom, se precisar de alguma coisa me avise... voltando ao assunto, você sabe que eu não gosto que me deixe na mão Raul, a moto estava me seguindo...só parou de uns dias para cá. mas Podia ter acontecido alguma coisa comigo, e você sabe que eu não gosto de ser relapso com a minha segurança.

- No máximo é mais uma colunista querendo saber da sua vida, você já devia estar acostumado.

- Eu nunca vou me acostumar com alguém tentando, a todo custo, violar minha privacidade... isso é inaceitável, especialmente alguém como eu que odeia ser exposto.