3- Zaya

Concentrado, e com os olhos levemente estreitos, Heitor deslizou seus dedos fazendo uma leve massagem. Aproveitei para observa-lo mais de perto. Sua camisa preta mais a gravata combinava perfeitamente com sua íris escura. Seu terno requintado impedia qualquer visão que eu pudesse ter de seu corpo, mas minha imaginação criou vida própria imaginado um corpo sarado, desnudo e musculoso cheio de gominhos dividindo seu abdômen. Aquele pensamento me fez fechar os olhos, meu cérebro lutava para voltar a funcionar novamente tentando me lembrar porque estava Ali, mas a única coisa que sabia era delirar com sus mãos quentes em torno da minha perna roçando centímetros mais alto na minha panturrilha. Sentindo a ausência do seu toque soltei um gemido rouco de protesto.

- Acho que não quebrou nada, senhorita Thompson.

Me despertando abri os olhos, notando algo totalmente diferente em seus olhos... Ele mudou !

Estava sério, muito mais sério do que antes. O brilho de desejo que havia em seus olhos se transformou em um escudo, revelando uma força vital e avassaladora.

Cinco minutos nas mãos desse homem e eu já me sentia dominada por um impulso impaciente e inquietante mandando meu plano para o ralo. eu podia argumentar que ainda estava doendo, para ficar mais alguns minutos em suas mãos, mas a expressão dele me dizia claramente para dar no pé.

- É melhor eu ir - Eu disse baixinho para mim mesma. Dirigindo meu olhar para o MacBook dele, não pude deixar de notar um email aberto em sua caixa de mensagem, alertei

- Este email em seu MacBook está na página não salvo, se acontecer algum problema na rede você poderá perde-lo. E se tratando de algo tão urgente imagino que seja de suma importância.

-Isso não é da sua conta! - Falou arrogante, virando de costas e indo até as paredes de vidro. Mordi os lábios, tentando manter a boca fechada. Esse sempre foi um problema para mim e já causou inúmeros problemas porque eu tinha pouco controle sobre minha língua atrevida.

- Ok...- vociferei, xingando mentalmente a bipolaridade da pessoa. caminhei lentamente até a porta. Antes de sair virei encontrando-o com as mãos nos bolsos me encarando. com a mesma intensidade que ele, mantive seu olhar da cor das nuvens carregadas com uma tempestade prestes a desabar. Esperei para ver qual seria sua reação, se ele me pediria para ficar ou se andaria até onde eu estava, mas nenhum e nem outro aconteceu. Ele simplesmente voltou seu olhar para o céu azul de um dia de outono.

" Bobinha... desde quando um homem como esse, com mil e uma mulher caindo aos seus pés, pediria para uma mulher ficar ? Nem se essa fosse a última mulher da face da terra!"

Com esse pensamento fechei a porta atrás de mim e caminhei em direção ao elevador. Na sala de espera não havia ninguém, provavelmente até a vaga de secretaria estaria disponível depois de hoje ...