4 - Hector Freeman

Ela ainda continuava a descrever cada espaço da minha sala sem ao menos tirar os olhos dos meus, mas eu não estava nem aí para o que saía da sua boca, pouco se importando com as janelas panorâmicas que exibiam a cidade de ambos os lados,nem com a única parede não transparente bem em frente a minha mesa. Os monitores no mudo que exibiam canal de notícias em tempo real. Os gabinetes distintos que ela mencionou colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha... Ou o bar com elegantes taças de cristal, a única parte que fugia da monótona decoração em que predomina as cores preto, branco e cinza.

Minha atenção estava exclusivamente na forma como ela se portava, sua voz sem vacilar, sua convicção, como sua boca se movia. Existia também a covinha que ameaçava a aparecer quando forçava um mero sorriso. Tudo ao mesmo tempo e com tanta força que me vi enfeitiçado pela garota. O que me fez lembrar o porquê eu mantinha um padrão para minhas assistentes que se estendia para qualquer outra funcionária; as loiras, altas, de pernas esguias que desfilavam pela empresa não chamavam minha atenção. Elas não despertavam nenhum sinal de excitação em meu corpo. Não faziam minha intimidade se enrijecer apenas com sua voz, não me fazia sentir um predador diante de uma lebre, cuja cabeleira densa e escura seguiam em ondas grossas e indomáveis capaz de me fazer imaginar as mais impuras atrocidade que gostaria de fazer com ela.

"AFF ela era a porra da distração que eu sempre tentei evitar, não só da minha empresa, mas da minha vida"

Sufocado em minha própria pele, inclinei-me para frente apoiando os cotovelos sobre a mesa me movendo tentando conter a pressão entre minhas pernas. Eu poderia passar o resto do meu dia comendo-a com os olhos, como um bom observador, poderia ver um brilho de suor em cima de sua sombrancelha grossas e escuras, os olhos expressivos que vacilava entre meus olhos e minha boca, o rosto oval e delicado que me fazia perder o juízo. Minha garganta queimava. Eu estava ao extremo da excitação, irritado e morrendo de vontade de perder o controle e expor aquela bunda branquinha em cima da mesa.

"Definitivamente, era o que ia acontecer se eu a contratasse como minha assistente pessoal "

Era arriscado demais, e eu ainda gozava de pleno juízo mental para cometer tal insanidade.

Quando se tratava de investimentos e negócios, eu costumava arriscar e dar saltos grandiosos sem medo. Mas na minha vida pessoal, a cautela é meu aliado para não cometer erros. Aprendi com meu pai que o amor é uma coisa assustadora, e nada segura, capaz de fechar seus olhos para as coisa mais visíveis, por isso eu não possuo o hábito de desperdiçar tempo ou noites com encontros e mulheres que demandam um tempo que eu não possuo. Ou que exigiam qualquer espécie de comprometimento. Também tinha um certo medo de se envolver e não conseguir controlar meu impulso por controle diante da insegurança de uma traição. Para mim, o mais difícil na vida é construir um elo com alguém, pois a desconfiança me persegue por todos os lados.

Mas nesse momento me sentia arrebatado com a intensidade mil vezes mais dilacerante do que sentir ao vê-la assim que entrou, e amaldiçoei-me por ter permanecido encarando-a com o desejo de tê-la só para mim!