20. Apresentando o inferno

Deixei a Aline na empresa, finalizei os últimos detalhes para a noite e quando vi já era a hora que marquei salão. A bebê aqui também tinha que ter o seu dia de rainha, com direito a mudança no visual. Allan ia pirar. Ele adorava o meu cabelo. Quando vi já eram quatro da tarde, corri para casa para me arrumar.

Escuto alguém batendo na porta.

— Um minuto — Falei, não sei quem é. Deixa eu pelo menos terminar de me arrumar, certo?

Bom, eu me olhei no espelho e pensei: eu me pegaria. O cabelo loiro ainda me deixa confusa, gostava de ser morena, mas precisava dele para encaixar para mais tarde na apresentação. Sacrifícios pelo sucesso são necessários, pensei. Depois volto aos meus belos e negros cabelos.

— Pode entrar — Falei, depois que estava muito satisfeita com a gata do espelho

— PUTA QUE.. CADÊ MINHA MORENA? — Alan falou e eu não consegui não gargalhar com sua reação. Tadinho. Ele está certo. Ainda vou acabar matando ele com as minhas surpresas

— Foi sequestrada por uma loira, vai ter que pagar o resgate dela, gatinho — Falei puxando ele pela gravata

— Não me agita, que tu tá irrecusável. Vai ser impossível me parar depois que eu começar. — Ele falou me olhando e me girou, para ver completamente a obra de arte — Como tu pode ficar linda assim? Devia ser crime. Chama aqui a polícia. Essa mulher roubou meu coração.

— Você gosta de quebrar umas leis. E quem já viu mafioso chamando a polícia, Allan— Eu falei rindo.

— Talvez um confuso com essa mulher. Um pouco. De qualquer forma, vim te levar. Claro, se tive a altura de acompanhar deusa dessa.

— Meu amor, você é a combinação perfeita para essa deusa. Vamos. — Falei pegando a minha bolsa.

— Onde está a Aline? — Ele perguntou, procurando ela na sala.

— Tem que se arrumar lá. Ela vai se apresentar — Eu falei

— Achei que você iria por um segundo. Tive até medo de perguntar. — Ele falou aliviado

— Mas eu irei. Acha mesmo que iria deixar de brilhar no desfile da minha coleção. Nunca.— Falei rindo

— De lingerie? Sabe que sou um pouco mais ciumento do que deveria. Pode ser perigoso para integridade física dos presentes — Ele falou tão sério que me fez ri

— A parte engraçada é que todos só podem olhar, apenas você pode tocar e poderá. Deixem que vejam o que é seu, bobo. Sua esposa nunca quis ninguém além de você, não seria agora que isso mudaria — Eu disse sorrindo

— Não muda o fato que meu ciúmes trabalham contra mim. Então pega leve. Não quero matar ninguém hoje— Ele falou me olhando nos olhos.

— Sorry. Terei que te decepcionar. Será melhor ficar bem longe da arma.— Falei. Não seria nada leve. Era melhor nem dizer. Deixa para ele sentir a raiva de uma vez só.

— A merda é grande. Já vejo. Tu me apronta demais. Puta..— Freiou com tudo

— O quê foi? — perguntei

— Engarrafamento, deve ter acontecido algo, essa hora nunca tem trânsito — Allan estava falando quando o celular toca

...*CHAMADA ON * 📲...

— Fala — Alan disse atendendo pelo carro

— Lucifer, o intermediário de hoje morreu. Vamos limpar tudo, mas parece que sujou por hoje. Continuamos ou cancelamos? — O cara perguntou

— Cancela e manda alguém descobrir o que está rolando. Já é o segundo. Estão apagando eles por alguém motivo. Descubram. Não deixe nada por perto. Quero tudo seguro — Ele falou

— Sim, chefe.

...*CHAMADA OFF*📲...

— Alan? — Eu queria saber do que se tratava aquilo

— Agora não terá mais nada no seu evento. Vamos apenas aproveitar. Não se preocupe com nada. No máximo, matarei alguém que olhar para minha esposa de lingerie — Ele falou e fiquei na dúvida se era sério ou não.

— Alguém morreu? — Eu disse preocupada

— Todos os dias pessoas morrem. Você nem sabe quem é. Esqueça isso. E foco no desfile, amor.

— Fala como se uma vida não tivesse importância nenhuma.

— Princesa, sei que você odeia isso e tenta ignorar, mas eu sou o líder da máfia. E a morte me persegue. Não me importo com mortes. Ainda mais de pessoas que não tem nenhum valor para mim. — Ele falou sendo assustadoramente sincero.

— Allan, não fale isso. Você não é assim.

— Eu sou assim, você que não quer que eu seja. E por isso, ignora totalmente esse meu lado. Para abafar que eu sou assim e você sabe muito bem disso.

— Ah. Não sei. Só acho que você não pensa dessa forma. Mas não é conversa para hoje. Hoje é o dia para focar em outra coisa. Meu desfile — Eu não podia me deixar levar, tinha que ficar no evento

Me despedi do Alan, ele sentou na cadeira que reservei para ele. Era logo de frente. Tinha visão privilegiada. Ele merecia. Às vezes. Corri nos bastidores para checar se estava tudo pronto. Tudo nos conformes. Iniciamos o desfile.

Uma por uma modelo ganhava passarela. Que tinha fogo de verdade na sua lateral. Montamos com uma tecnologia parecida com as de lareiras. Parecia para que estava vendo de fora, que elas andavam no fogo.A coleção era toda em renda. As modelos estavam usando todas as cores e tamanhos. Estavam com cinta, luva, liga, tudo que tinha direita na até da sedução. A apresentadora anuncia Aline agora.

— Com vocês, agora, o anjo que ainda não perdeu sua asas. — Ela diz

Aline parece com usando asas brancas, com sua lingerie branca de renda. Quando ela chega no meio da passarela, um líquido é derramado nela. As luzes começam a piscar. A música calma acelera. Quando volta ao normal, em vez da lingerie branca ela usa uma vermelha, suas asas sumiram e agora usa chifres, rabo e um chicote. Ela ri e chicotei a plateia, completamente diferente da serena e calma que antes desfilava. Levando o público as palmas com a apresentação.

— Agora, a rainha dos demônios. A organizadora da coleção, a Lilith. — A apresentadora fala, acho que é a minha vez de entrar.

Todos me esperam andando na passarela, mas eu venho descendo pelo teto. Segurando correntes. Quando chego ao chão, todas as outras modelos entram na passarela atrás de mim e fazemos a última volta da noite naquela passarela.

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