13. O tamanho errado

Carro parado na rua vazia, com vidro embaçado, bancos reclinados, coração acelerado, carro balançando, subindo e descendo, só paramos quando não tínhamos mais energia, perdi as costas de quantas vezes fizemos.

— Carro devidamente batizado. Vou chamar de 5 estrela. Ótimo quarto de hotel — Falei rindo

— Eu tenho a melhor esposa do mundo — Ela falou me acariciando o rosto

— Eu sei. Sou demais — Ambos rimos.

— Vamos para casa? Estou com saudade de dormir agarradinho com você... Em uma cama quebrada — Ele falou fazendo careta

Logo chegamos em casa. Não demorou muito e adormeci, nem liguei que estava dormindo no chão. O dia tinha sido cansativo. Acordei o Alan ainda estava dormindo. Fui me arrumar, precisava organizar umas coisas na loja para o próximo lançamento. Tomo banho, me arrumo e desço, tem uma mulher sentada confortável no sofá da minha casa. Virou bagunça isso aqui enquanto eu estava fora? Que putaria é essa?

— Está confortável? Quer um chá ou um café? — perguntei irônica

— Não, vou tomar com o Lúcifer. Irei chamar ele. — Disse o ser sem noção e subiu direto para nosso quarto, um tempo depois Alan desce com ela

— Agora pode servir café preto – ela falou e foi para sala de jantar

— Sim, senhora – respondi rindo

— Quê? — Alan falou confuso com cena e me seguiu.

— Vou servir café para a madame, anjo — Falei fazendo café

— Temos funcionárias para isso. Você não precisa servir café para ninguém. Muito menos para ela — Ele falou irritado

— Faço questão. E aparentemente, ninguém sabe que você tem esposa e todas acham que podem ter essa posição, me pergunto que tipo de abertura você está dando para pensarem dessa forma — Falo e levo o café para servir a mesa, Alan corre atrás de mim desesperado. Sabe que não sou muito simpática com desaforos.

— Lúcifer, se sente. Vim tomar café com você e nem ao menos me recebe direito. — Ela fala enquanto a sirvo o café, assim que ela bebe, começa a cuspir e se sufocar. Eu gargalhava .

— Você está bem? — Pergunto rindo, até tentei me controlar, mas era bem mais forte que eu.

— Que diabos tem nesse café? Está queimando minha língua, ardendo. Você não sabe bem preparar um café direito. Que tipo de empregada é essa? — Ela diz gritando irritada

— Devo ter confundido pimenta com adoçante. São tão parecidos. — Falei fingindo inocência

— Que absurdo, ninguém faria isso.— Ela me encarava

— Penso o mesmo de alguém que confundi seu lugar na casa dos outros e ainda não respeita a dona da casa. Prazer, Maitê Castro, quer dizer, esposa e dona da casa que você está se retirando agora. — Falei sorrindo

— Lúcifer, você vai deixar ela fazer isso comigo? — Ela pergunta a Alan

— Olha, eu não tenho patente para brigar com ela quando está errada, quanto mais ela certa. E eu tenho suspeitas que comigo a pimenta seria em outro lugar. Acho melhor não brincar com minha esposa. Ela pode ser bem cruel.– ele falou rindo

Ela saiu puta, pegando a bolsa e quebrando um jarro. Nem me importei. Tava querendo saber o que estava rolando para as mulheres estarem agindo assim. Meu marido perdeu o juízo? Cadê o respeito.

— Explicações. Agora. — falei irritada

— Ninguém acreditava que eu era casado. Achavam que eu estava apenas enrolando para não entrar em um relacionamento. Era cansativo ficar explicando tempo todo e comecei a ignorar elas. — Ele falou parecendo não se importar

— Como você ignora e eles se aproximam tanto? Algo parece bem fora do contexto.

— Se eu disser que não faço ideia, você vai achar que é mentira. Não vou dizer que não saia com elas antes de casar, mas depois nem lembro de falar com elas. Nunca trairia você. — explicou ele

— Eu posso fazer o que quiser com elas? — Falei com um sorriso cruel.

— Pode, vai fazer mesmo se eu disser que não. Só me diga com quem e o que fez. Preciso saber se tem consequências.— Ele falou apontando para mim.

— Se mexer com alguma delas tem?

— A máfia nada é tão simples, mas você não precisa se preocupar com isso. Tem carta branca, apenas me passe um relatório.

— Acho que estou por perto, esses encostos devem parar.

— Sim, as várias reuniões perguntando sobre meu casamento também — Ele falou como se lembrasse de algo cansativo

— Aconteceram muitas?

— Algumas por mês

— Me desculpa. Agora deve ficar tudo bem. Vamos comer? Quero te levar ao trabalho.

— Vamos!

Comemos, depois Alan dirigiu até a loja de roupa que ficava sob minha administração. Eu iria lançar uma coleção de roupa íntimas. Faríamos um desfile. Hoje viriam algumas modelos que estão interessadas.

— Vou resolver algumas coisas na administração do shopping, encontro já você na loja — Alan me disse

Eu já conhecia todos da loja. Vim várias vezes, para organizar o estilo da coleção. Queria que ela fosse focada no público. Então acabei me relacionando logo com todos.

— MC! — A gerente grita — Que bom que você chegou, não sei como resolver esse problema

— O que precisa?

— Uma cliente diz que comprou o vestido e rasgou assim que vestiu. Alega que a qualidade é ruim e quer reembolso. O que faço?

— Vamos falar com ela— eu disse

— Bom dia, como posso ajudar.

Para minha enorme surpresa, a cliente era Brena. Claramente aquele vestido não era o tamanho dela e ela forçou até o vestidos rasgar.

— Ah, então você desapareceu para virar uma funcionária de shopping. Era melhor ter morrido mesmo — Brena falou rindo

— Não, senhora, ela é — Eu interrompi, quero deixar Brena se enforcar com a própria corda

— Senhora, pelo que vejo o vestido foi aberto devido a uso errado do tamanho. No seu caso, o manequim é 2x maior. Por isso, houve esse problema. Entretanto, iremos trocar ele pelo mesmo vestido do tamanho correto da senhora — Eu falei sorrindo tão falso quanto a bolsa que ela estava usando

— Eu quero o dinheiro de volta — Ela falou irritada

— Faremos a troca, caso não seja o suficiente para você, pode entrar com um processo através de seus advogados — Falei

— PIRANHA IMUNDA — falou tentando me dar uma tapa, mas Alan segurou

— Porque sempre que chego alguém está tentando te bater? — Ele disse rindo

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