17. Um anjo desfilando no inferno

O dia amanheceu. Eu estava me sentindo exausta. Estou matando a minha saudade de Allan cada minuto que fico perto dele. É quase irresistível ficar perto dele. Ficamos casados e separados. Nos víamos tão pouco. Agora juntinho, parecia uma lindo sonho. Fico vendo ele dormir. Era fofo e sexy. Fico logo me querendo. Acho que me converti em uma tarada.

— Se continuar me olhando assim vou acabar com medo — Ele falou me agarrando e me jogando na cama

— Você estava acordado o tempo todo? — perguntei

— Estava vendo quanto tempo a minha linda esposa me olharia sem me tocar — disse com sorriso safado

— Foi difícil me conter mesmo. É crime atacar pessoa dormindo. Ainda bem que acordou.— Falei beijando ele, mas uma batida na porta nos assustou. Ah! Sacanagem.

— Quem é? — Alan perguntou

— Deixem de putaria. O café da manhã está na mesa e eu já ouvi demais a noite. Me deixem pela manhã livre. Vocês são barulhetos. Peça a alguém para colocar isolamento de som aqui — Aline falou

— Não sei se consigo resistir a minha esposa — Alan falou já tirando minha calcinha

— Eu coloco fogo na casa e você vai resistir. — Aline falou chutando a porta — Não brinca com fogo, Alan. Você me conhece.

— Vamos. Ela vai colocar fogo no meu escritório uma vez. Tem ninguém normal na minha vida. — Ele falou se levantando rápido E eu comecei a ri

— Ela já 'fez isso? Sério?

— Sua cunhada tem um péssimo temperamento. Ela não é muito boa com raiva. Acho que vocês vão se dar bem. Desde que não briguem. Seria como a 2° guerra mundial— Ele falou se vestindo e eu só ria. Sabia que Alan deve ter aprontado para ela ter a paciência tão curta

Fui me arrumar, coloquei uma roupa confortável. Meu dia seria longo demais para uma roupa me incomodar ou deter-me.

Nada que um pouco de couro não resolva. Eu estava com uma vibe couro na minha vida. Coloquei uma maquiagem forte, para ressaltar esse look básico. E estava pronta. Desci e estava os dois irmãos um de cara feia para o outro.

— Bom dia, cunhadinha — Eu falei

— Ela acorda ameaçando colocar fogo na casa e você vem com bom dia para ela? — Allan falou bravo

— Minha cunhada é um pouco excêntrica apenas — Eu que não ia me meter na briga deles dois. Melhor era eu quieta.

Passamos um café bem infantil. Com duas crianças se alfinetando. Sim, Aline e Allan. Acredito que era saudade. Deviam está longe um do outro há muito tempo. Allan decidiu nos deixar no trabalho, Aline protestou, disse que queria dirigir, eu apenas ouvi a briga. Parecia tudo, menos que aquela família era da máfia. Pareciam dois adolescentes brigando. Tão normal que assusta. Chegamos me despedi do Allan e entramos, subi direto para meu escritório, Aline me seguia olhando tudo admirada e bem calada.

— Bom dia, poderia me chamar Jônatas? — Falei para minha secretaria

Não demorou muito e ele entrou na sala. Todo cheio de brilho que quase me cegou. Com a voz fina e exagerada falou.

— Bom dia, migs. O que precisa de mim? — Falou o espalhafatoso

— Essa é minha cunhada. Aline. Quero que ela seja modelo destaque. Vou transformar ela na porta voz da empresa. Ela tem que ser a cara da empresa. — Falei pensando nas estratégias que eu deveria

— Ela é fantástica. Não será difícil. Podemos começar ensinando ela como desfilar hoje e algumas fotos. Já a atitude com a imprensa, farei ou você fará? — Ele perguntou

— Podemos fazer juntos essa parte. Ela é inteligente. Pegará tudo rapidamente. Mas foque agora ela para o desfile e algumas fotos. — Falei

— Já escolheu qual será a cor que ela usará? — Perguntou me olhando

— Quer escolher? Aline? — perguntei a ela

— Eu posso? Mas se escolher errado. — Ela parecia empolgada e nervosa. Isso era bom.

— Estamos os dois aqui para orientar em tudo. Jônatas será sua sombra daqui para frente. Aliás, leve ela para assinar contrato no RH. Como porta-voz e representante. — Falei.

— Tem certeza cunhada? Não é melhor um teste antes? E se eu errar? — Ela falou

— Você aprende com o erro. Tem muita gente para te ajudar. E você saberá quem pode ou não confiar daqui a um tempo. — Falei sorrindo.

— Então irei levar ela para ver as cores. Depois pode passar lá para olhar o processo. — Jônatas falou

— Farei isso. Boa sorte aos dois — Me despedi deles.

A Aline saiu animada. Eu mais ainda. Era muito importante ter pessoas de confiança para representar a marca. Ainda mais porque a empresa além de tudo, serve como camuflagem para as atividades da máfia. Quando menos gente de fora envolvido, melhor.

Passei o dia quase inteiro resolvendo problemas do desfile. Parece que tudo estava indo bem, mas não tinha que ser "bem". Era para ser perfeito. Terminei de assinar os últimos papéis, pedi para a assistente protocolar e decidi ver como a Aline estava. Entro ela estava fotografando. Era linda. Tinha um brilho nela.

— Como está indo tudo? — perguntei

— Sensacional. Você estava certa. Ela é perfeita. Se encaixa perfeitamente com a modelo que você procurava — Jônatas falou sorrindo

— Qual for ela escolheu? — perguntei

— Branco. O que acha? — Ele parecia não ter gostado da cor.

— Deve ter um significa para ela. E usar branco na coleção denominada Hell. Me parece bom. Bem divertido. A modelo principal como um belo anjo. — Falei sorrindo

— Então meu branco foi aprovado? — Ela perguntou a mim

— Sim, você é sem dúvidas irmã de Allan. Você vai subir e desfilar como um belo anjo no meio do inferno. — Expliquei a ela

— Eu gostei ainda mais da sua ideia. — Ela falou pulando animada

— Já pegou algumas peças para você? — perguntei

— Não, eu posso? — Ela perguntou

— Claro. Jônatas. Faça um kit para ela com a nova coleção. — Eu pedi a ele

— Farei agora. — Falou saindo e não demora muito voltou com uma caixa trancada com cadeado e entregou a chave a Aline

— Porque um baú? E com cadeado.— Perguntou curiosa

— É a caixa de pandora. Se você compra um kit nosso, vem nessa caixinha. Bem, na caixa nunca se sabe que surpresa podem vir. — Falei rindo. — Mas essa noite você também terá como se divertir em casa.

— Eu tenho mesmo uma boa cunhada. Tchau, Jônatas. Até amanhã — Falou se despendido e me seguindo. Lá fora o Orgulho já nos esperava para ir para casa.

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