18. A gente briga, mas a gente se ama

Chegamos em casa, tinham vários carros pretos estacionados. Meu brilho já sumiu. Alguma coisa estava acontecendo. Descendo, a reunião estava acontecendo na sala, vários homens armados. Na hora que passamos pela porta, todos os olhares se voltaram para nós. Aline não falou nada. Apenas subiu com zero de simpatia .

— Anjo? Boa noite. — Falei com Allan que se levantou segurando uma arma. QUE PORRA TAVA ACONTECENDO.

— Jantaremos mais tarde. Suba. — Ele falou seco e frio

— Ok. Até mais tarde. — O que podia fazer? Esperar certo. O modo chefe da máfia estava ativado, só baixamos a cabeça e concordamos. Assim foi decidido. O que me irrita um pouco.

Enquanto subia pude apenas ouvir

— Qual é cara? Não vai apresentar sua esposa?

— Parece até um tesouro. Bem guardado e intocável. Pronto para ser roubado. — Alguém falou e eu me arrepiei. Acelerei o passo. Acredito que meu marido está certo. Melhor eu ficar quietinha no quarto.

Algumas horas depois a porta do quarto se abre. Era ele. Todo com cara de fofo. Ele devia ser ator. Não tem condições de fingir tão bem. Ou será que tem dupla personalidade?

— Vamos conversar? — Ele falou

— Não — Falei sem nem olhar para ele.

— E se eu oferecer pizza?

— Podemos negociar — Falei sorrindo e ele me entregou uma caixa com pizza.

— Eu quero te deixar o mais afastado possível da máfia. Hoje fui pego de surpresa. Eles apareceram aqui. Querem fazer uma grande entrega. No dia do evento da empresa — Ele falou me encarando

Peguei a caixa de pizza e joguei toda nele. Passei dias montando tudo para servir apenas para encobrir? O que estou fazendo? Brincando enquanto ele que faz o serviço sério? Tô perdendo o meu tempo nessa porra. Era melhor ter ficado em Paris se fosse assim.

— Tu só podes tá me zoando. Sabe quanto me dediquei para esse evento? Vai ser meu lançamento individual. Isso é realmente sério? — perguntei cheia de ódio

— Iria ser antes, mas foi cancelado e jogaram para seu evento. Será rápido. Ninguém vai perceber. Não vai atrapalhar o evento. Não deixarei isso acontecer.

— Se você tivesse noção de quanto batalhei para montar. Você não falaria isso. Era para ser meu dia. Parede até que estou apenas brincando e não tem valor o meu trabalho. — Falei irritada

— Olha. Eu tô cansado. Vou quebrar a cabeça com frescura não — Falou tirando a roupa e indo para o banheiro

— FRESCURA? EU ESTOU ME DEDICANDO PARA AQUELA COLEÇÃO. SABE QUANTO TEMPO FIQUEI DESENHANDO ELA? PARA ELA SERVIR APENAS PARA CAMUFLAR SUAS ATIVIDADES. ALI É MEU SONHO. MEU TRABALHO. ESTOU EMPENHADA NISSO PARA TER QUE DIVIDIR COM PORRA DE MÁFIA

— Pode parar de gritar? — Ele falou sério

— Não — respondi no mesmo tom

— Então grite quanto quiser. Vai resolver nada. Só vai causar mais problema. Se quiser resolver no diálogo, resolvemos. Sempre fomos bom para conversar. Não vou entrar nessa de gritaria não. — Falou entrando no banheiro e deixando-me sozinha no quarto com os meus gritos.

Quanto ele saiu eu já estava fazendo as malas. Ok. Pareço mimada. Mas coloquei todos os meus sonhos ali. Ele é a única pessoa que espero que entenda o valor do que estou sentindo. E ele simplesmente pensa que estou de frescura. Não vou mais cair nesse papo dele. Ele não valoriza a mulher que tem? Ele apenas fala da boca para fora para me iludir. Que merda. Estou puta.

— Aonde vai? — Ele perguntou olhando minha mala

— Embora!— Falei com raiva

— Toda a vez que a gente tiver uma discordância você vai gritar, chorar e dizer que vai embora? Casei com você porque era minha melhor amiga e poderíamos dialogar sobre tudo. Não para isso. Pode ficar. Eu mesmo saio. — Ele disse pegando uma camisa e saindo.

Eu pensei em ir atrás dele. Estava com raiva, mas estava mais ainda com vergonha. Ele está certo. Nos casamos pensando no diálogo. Dissemos que faríamos isso pelo outro. Ele tentou conversar. Eu não deixei que burra que sou. Chorei até adormecer. Adormeci no chão do closet, abraçada com uma camisa dele. Acordei com a Aline mexendo no meu nariz.

— Bom dia, cunhada — Ela falou

— Bom dia, cunhadinha. — Eu falei me levantando

Passei pela cama, estava do mesmo jeito, que dizer que ele não voltou. Onde ele dormiu? Será que ele me traiu? Homens vão trair quando brigam? certo? Não! Para de paranoia. É do Alan que estamos falando. Tenho que confiar nele.

Me arrumo, desço e a Aline já esta na mesa comendo. Allan não está ali.

— Cadê seu irmão? — perguntei

— Disse que tinha uma reunião de negócios e ficaria fora alguns dias. Disse que você sabia — Ela me olhou desconfiada

— Ah! Verdade. Eu não acordei ainda. Tinha esquecido. Mas então vamos adiantar que estamos atrasadas. — Eu falei. Menti. Allan não queria causar burburinho, eu também não vou.

Chegamos logo ao escritório. Aline foi direto para Jônatas, estava em um curso intensivo de modelo de passarela. Eu estava verificando a coleçao do esfile, cada detalhe dele. Absorvendo minha atenção e tempo. Uma semana se passou nesse ritmo, o Alan ainda estava fora de casa. o Desfile aconteceria amanhã e eu queria ele ao meu lado. Era um momento que queria dividir com ele. Que se foda o orgulho. Mandei mensagem.

...*MENSAGEM ON*📲...

Maitê:. "Quer ser meu par amanhã a noite?"

Allan:." Olhe nossa cama. Tem muitas respostas lá "

Subi para o quarto na dúvida se era deboche ou ele preparou algo. Quanto abri a porta tinha um buquê de girassóis na nossa cama, com uma caixa, nele tinha um colar lindo em formato de sol. E tinha um bilhete.

" Queria só te lembrar, que amanhã você tem companhia, não só amanhã, como sempre. Mesmo nos momentos turbulentos de nós dois. Você continuará sendo o meu sol e vou sempre me voltar para você. Eu te amo. "

Eu só consegui chorar. Peguei o celular e mandei a foto da minha calcinha e do meu sutiã no chão do quarto e escrevi.

Maitê:. " Te esperando. Acho melhor você não demorar "

Ele não respondeu. Eu já estava ficando puta. E tremendo com frio. Aquele idiota. Quando estava prestes a mandar ele ao inferno, que é seu lugar. A porta do nosso quarto de abre com ele segurando champanhe e morangos.

— Demorei? — Ele perguntou se aproximando da cama com aquele sorriso que desarma Acho golpe baixo.

— Sim. Virei picolé — Falei fingindo raiva

— Foi? Então vem cá que quero te chupar. — Ele falou me puxando para perto dele.

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