Diannel tomou um banho bem preparado por suas criadas. Normalmente, ela teria de ser banhada pelas criadas, mas agora não suportava ser tocada por outras pessoas. O toque de Susan e Maydi não a incomodava, pois as jovens irmãs tinham medo de machucá-la e mal a tocavam. A mão de Giovanni também não a repugnava, mas Diannel sabia que ela o afastaria se ele viesse abraçá-la.
"Desde que cheguei, o contato com outras pessoas tem sido abominável para mim".
É por isso que Diannel usava luvas e tomava banho sozinha, pois sua nudez era algo que ela não queria compartilhar com outros olhos. Além disso, ela estava feliz demais para suportar a vontade de rir por mais tempo. Ela havia humilhado o Sumo Sacerdote, deixado-o sem segurança e não tinha mais medo dele.
Mesmo que tente se vingar, ele não tem tempo para isso. Por enquanto, vou brincar um pouco com ele.
Diannel saiu do banheiro envolta em um elegante roupão, suas criadas a aguardavam para secar e pentear seu cabelo e ajudá-la. Imediatamente, ela percebeu que as duas queriam lhe dizer algo, seus rostos tentando evitar falar logo se tornaram irritados para ela.
"Falem", disse ela. "O que está acontecendo?"
"Bem...", Susan continuou secando seu cabelo. "Queríamos agradecer, mas achamos que algumas palavras não seriam suficientes..."
"Não é necessário. Seria uma zombaria se minhas donzelas fossem bastardas."
"Mas nos deu uma nova vida", Maydi apareceu em sua roupa de dormir muito animada. "Por isso estamos gratas!"
Pensei que Maydi era tímida, mas agora vejo que ela é exatamente o oposto. Será porque ela ainda tem 14 anos? Na minha idade, eu tinha que controlar as expressões na frente do meu pai furioso.
"A lealdade dela é mais do que suficiente para mim. Se eles quiserem me pagar, não me traiam."
"Nunca faremos isso!" gritou Maydi. "Certo, irmã?"
"Claro!" respondeu Susan, que começou a escovar o cabelo de Diannel. "Milhares de lâminas no meu pescoço não me fariam pensar em traí-la."
"Mas e se fossem milhares de lâminas no pescoço da sua irmã? Não a faria pensar em me trair? Bem, por enquanto, esses olhares leais de vocês e Giovanni não são tão irritantes."
Agora elas tinham outros nomes: Giselle Susan e Mikaela Maydi com o sobrenome Venei. Mas as duas gostavam que sua senhora as chamasse por seus nomes autênticos. Estavam encantadas com a duquesa, por isso se esforçavam em suas aulas. Queriam ter modos perfeitos, saber muitas coisas e conhecer sua salvadora. As criadas ao seu redor não paravam de comentar qualquer origem suja que ocorresse para as duas. Sobretudo apontavam a cicatriz de Maydi em seu olho esquerdo. Talvez a pequena tivesse se incomodado se não fossem pelas palavras da duquesa:
—As cicatrizes contam uma história. As pessoas sempre tentarão adivinhar essa história. A questão é que você nunca esqueça a verdadeira história e como ela mudou você. Assim, você se orgulhará de cada cicatriz em seu corpo.
Maydi não apenas mostrava sua cicatriz com orgulho, mas também deixava claro a posição das empregadas e a dela: a donzela da duquesa. Acima de tudo, ela gostava de dizer isso a Aylin, a antiga donzela da duquesa. A jovem venceu a empregada ao dizer a sua senhora que havia tirado o lenço da boca. Sua punição: trabalhar nos estábulos e não ser despedida, já que Lola falou por Aylin diante da duquesa, que concordou apenas para ver a jovem sofrer com o trabalho árduo.
Já havia se passado um par de dias e, em breve, soldados chegaram com cartas para Diannel e Sir Cristian. As minas tinham sido tomadas, três nobres haviam sido presos e ainda se esperava pelos novos nobres que assumiriam em nome do duque. Enquanto chegavam notícias de que as minas agora estavam em funcionamento, uma visita chegou ao castelo semanas depois.
— Minha senhora — Susan entrou no escritório — Alguém exige falar com você.
— Essa pessoa está dentro do castelo? - foi a primeira pergunta de Diannel.
— Não, minha senhora. Os guardas quase o deixaram passar, mas Maydi impediu que entrasse.
— E quem é essa pessoa irritante que não entende que não pode passar? - perguntou Giovanni.
— Bem, ela diz ser irmã da senhora.
Diannel parou de escrever, sorriu como uma menina que achou sua piada engraçada. Susan relaxou ao ver o sorriso de sua senhora, temendo que fossem repreendidas por não deixar sua irmã entrar. Enquanto a duquesa pensava, não esperava ver o rosto de sua meia-irmã tão cedo. Mas decidiu ir para reencontrá-la por um curto período de tempo. A caminho da entrada, ela se lembrou das manipulações que sofreu por parte dela. Ela se deixou enganar para obter algum carinho e deu a sua meia-irmã tudo o que ela queria sem resistir ou pedir mais do que um pouco de afeto.
"Vou fazer com que você seja demitida, maldita moleca!", gritou uma voz feminina irritada.
— Já disse isso! — Respondeu Maydi — Minha senhora ordenou que ninguém saísse e entrasse do castelo! Além disso, não recebemos notificação da sua suposta irmã.
— Eu não preciso de convite para vir aqui! Sou a princesa Carmina Alí Arank!
— E daí? Eu só obedeço ordens da minha senhora: a Duquesa Diannel Uma Verlur.
Diannel logo chegou e viu sua bela e extravagante irmã mais velha: cabelos vermelhos fortes e olhos verdes esmeralda, típicos na família Arank. Em seu passado, até a velhice, a duquesa bastarda havia esquecido quase todos os rostos que conheceu, exceto um.
"Não esqueça nunca do seu rosto bonito, querida irmã. E tudo porque você é a pessoa que ocupa mais meus pensamentos. É assim que muito eu me importava com você e agora, com a mesma intensidade do passado, sonho com você e com tudo o que vou te fazer. Porque eu te odeio mais do que qualquer pessoa no mundo."
"Irmã..." saudou Diannel sem acreditar que a estava vendo - "Que surpresa, não me lembro de uma carta que me avisasse da sua visita."
"Desde quando preciso avisar?" respondeu Carmina arrogantemente - "De qualquer forma, despede essa garota e esses guardas por obedecê-la. Eles me conheciam e iriam me deixar passar, mas essa garota horrível o impediu! Onde está Aylin?! Por que ela não está com você?"
—Mi-mi senhora... — disse Maydi nervosa — eu-eu pensei que ninguém deveria entrar... haha-desculpe-me.
—Se é a minha irmã — respondeu Diannel. Com isso, Carmina sorriu triunfante esperando a demissão da menina. — Obrigada por obedecer às minhas ordens, Maydi. Agora, eu sei que tenho que mudar os guardas da entrada.
—O quê?! — Carmina ficou irritada — O que você está dizendo?! Diannel, você viajou de casa até aqui! Você sabe o quão longe Arank fica deste ducado frio e horrível!
"E ainda assim você não avisou da sua chegada, irmã", Diannel se aproximou das grades da grande porta do castelo e olhou mais de perto para ela. A tentação de tocar o rosto de Carmina quase o fez ordenar a abertura das enormes portas. "Se você tivesse me avisado, eu teria respondido imediatamente que, por ordem do meu marido, o castelo está fechado. Não posso dispensar Maydi, ela fez bem em não deixar você entrar porque só me obedece. E sobre Aylin, ela foi degradada aos estábulos por desejar um homem casado."
"Acaso... Seu marido está bem?", perguntou Carmina, surpresa.
"Claro, por que meu marido não estaria bem? Mm."
"Você sabe sobre o envenenamento por Mera. Mas agora não sabe que meu marido ainda está vivo, embora esteja dormindo. Yodiveia deve ter contado aos outros sobre isso, mas é óbvio que eles não contariam a você.
-Não... Eu digo... Por que não me deixam entrar? Apresse-se e abra os portões! Preciso punir esse pirralho!
-Ela é minha criada", respondeu Diannel, "e merece ser recompensada.
-O que você está dizendo?
-Boa viagem, Carmina", disse sua irmã.
"Ainda é muito cedo, se eu deixá-la passar ou vê-la por mais tempo, certamente a matarei, querida irmã. E não deve ser assim, sua queda deve ser lenta, para passar o resto de sua vida na mesma solidão que eu. Então, no final de tudo, eu a verei novamente".
A duquesa virou-se, suas donzelas e escolta a seguiram e foram embora. Carmina gritou da porta, chamando Diannel e exigindo que ela voltasse. A ruiva não sabia, mas aquela pequena humilhação não se compararia com a queda de seu nome e orgulho que estava por vir. A duquesa ouviu os gritos de sua meia-irmã, mas não voltou, estava satisfeita em vê-la de novo e saber que ela teria que fazer uma longa viagem de volta.
"Que tola eu fui. Pensei que Carmina era esperta, mas agora vejo que é uma tola. Tudo o que ela tinha do seu lado era minha ingênua pessoa e seus espiões mortos. Mas agora que sei de tudo, ela não poderá mais me usar. O que me faz perguntar se o príncipe herdeiro a deixará de lado quando ver o quão inútil ela é".
-Maydi, Susan e Giovanni.
—Sim, minha senhora? — perguntaram os três.
—Quero que fique claro para vocês que não precisam obedecer a ninguém além de mim. Mesmo que se trate da minha irmã, irmão, pai ou meu marido. Está entendido?
—Claro, minha senhora — Giovanni respondeu imediatamente —. Mas eu não acho que alguém iria obedecer a qualquer uma dessas pessoas.
—Nós só a servimos, minha senhora — disse Susan.
—Bem, Maydi, peça o que quiser. Você merece uma recompensa pelo seu bom comportamento.
—De verdade?
—Claro — "Por que ela está tão animada?"
—Então... podemos jantar com a senhora?
—Sério, é isso que você quer? — Diannel perguntou diretamente, mas a jovem assentiu corada várias vezes —. Bem...
—Sabe que janto sozinha, então não entendo por que me pedir algo. Por agora, preciso me concentrar em outras coisas. Tenho que preparar o Festival da Primavera, principalmente, é hora de começar a planejar para meu próprio benefício.
Na sala da duquesa, Diannel continuava com a papelada. Susan e Maydi foram verificar seu jantar. Então, falou com sua escolta quando estavam completamente sozinhos.
- Giovanni.
- Sim\, minha senhora.
- Preciso que encontre uma boa guilda de informações. Deve ser leal\, competente e óbvio que devo saber as senhas e lugares que usam. A partir de agora\, pedirei informações que só você e eu precisamos saber.
- Entendido\, minha senhora. Mas você não confia em Susan e Maydi?
—Ela confia nelas, mas essa tarefa é exclusivamente para você. Elas terão tarefas mais difíceis para fazer por mim. Você entende?
—Sim, minha senhora. Trarei o nome da melhor guilda de informação.
Logo suas damas chegaram com o jantar. Na mesa redonda e de tamanho médio, Diannel jantou com as únicas pessoas leais a ela no mundo. Embora ainda fosse difícil admitir que podia confiar nelas. Ela apenas observou enquanto Susan e Giovanni riam dos comentários sarcásticos de Maydi sobre Carmina. Essa sensação a fez relaxar e sorrir com esses comentários. Tal gesto não passou despercebido por seus súditos e eles ficaram felizes ao ver um sorriso sincero no belo rosto de sua senhora.
"Bom, sentir-me confortável é algo que eu não fiz no passado. Isso não é tão ruim".
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Atualizado até capítulo 125
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