Pequeno acidente

Capítulo 20

Charles saiu antes que alguém falasse mais alguma coisa. Não imaginava que iriam ser pegos daquele jeito, ainda mais por sua irmã e para completar seu pai estava ali com a namorada.

Ao entrar no quarto não a viu na jacuzzi e foi ao banheiro quando a viu encolhida no canto e o box estava quebrado.

- O que aconteceu? – ele pegou uma toalha estendendo ela que pegou se cobrindo.

- Eu não sei.

- Espera só um minuto.

Charles foi para o quarto e pegou um chinelo – não tinha como andar pelo box descalço – pegou um para ela.

- Toma cuidado.

Paola assentiu ao colocar o par de chinelos e pular os milhões de caquinhos que estavam espalhados pelo box. Segurou-a entre os braços e a encarou.

- Está tudo bem?

- Não.

- Não se machucou? – ele perguntou olhando para o corpo dela ainda sem se cobrir direito e viu um pouco de sangue escorrendo na batata da perna dela.

- Como isso... Quebra sozinho?

- Eis a questão. Vem deixar eu olhar isso... Está sangrando. – enquanto ela se enrolava na toalha se tremendo ele se agachou para ver a perna. – Vou pegar alguma coisa para cessar isso.

- Charles...

Ele tentou manter a calma, mas o desespero por vê-la naquela situação estava o deixando nervoso e preocupado. Pegou uma toalha mesmo, pediu para que ela se sentasse na tampa da privada e deu uma olhada, não tinha caco - pelo menos achava - mas estava sangrando.

- Vou ter que te levar ao hospital. – ele falou tentando manter a calma e ela começou a chorar. – Ei, fica calma. Vai ficar tudo bem... Deve ter cortado na hora que isso quebrou.

- Isso quebra...sozinho?

- Acontece. Esse lugar fica muito parado... – ele manteve a voz mansa para não deixá-la nervosa, ao enrolar a toalha na perna dela, passou a mão no rosto dela. – Vai ficar tudo bem.

Ela assentiu.

- Preciso me vestir.

- Eu te ajudo.

Charles deixou a sozinha no quarto e desceu para o andar debaixo, para sua sorte ninguém estava na sala e pegou a mochila e a mala dela, estava subindo a escada quando seu pai apareceu.

- Charles... Aconteceu alguma coisa?

- Não é da sua conta.

- Dá para ter uma conversa decente... Aconteceu alguma coisa? – o pai dele falou preocupado.

Ele abaixo a guarda e suspirou.

- O vidro do box quebrou.

- Ela se machucou? – seu pai se aproximou.

- Sim. Eu vou levá-la ao hospital. – ele contou voltando a subir a escada, mas seu pai veio atrás.

- Precisa de ajuda?

- Não. Eu sei cuidar disso sozinho. – ele respondeu e entrou no quarto. – Paola...

- Estou aqui. Estou com medo de andar... – ela falou e soluçando, ainda chorava. – Que droga!!

- Ei, fica calma. Vou só me vestir e já te ajudo. – ele falou abrindo a mochila e se vestiu o mais rápido que podia e foi até o banheiro. – Vem...

Ele a pegou no colo e levou-a para a cama, sentando-a e a ajudou colocar uma roupa.

- Está parecendo uma criança. – ele debochou fazendo rir. – Não deve ser nada grave.

- Eu tenho pavor de sangue.

Ele franziu o cenho, e uma batida na porta os fez olhar para a porta.

- Entra.

Alicia entrou toda apavorada.

- Está tudo bem?

- Acho que sim. – Paola respondeu limpando as lágrimas que escorriam pelo rosto.

- Como isso aconteceu? – seu pai perguntou ao entrar no quarto.

- Eu não... Sei.

- Não precisa responder para ele não. – Charles falou ríspido. – Vamos, vou te levar ao hospital.

- Quer uma ajuda? – seu cunhado perguntou.

- Não precisa, obrigado Heitor.

Charles a pegou no colo e saiu dali, e estava alcançando o fim da escada quando ouviu sua irmã.

- Charles, não precisa agir desse jeito com o papai. Ele está tentando...

- Eu não estou nem aí para ele. – ele falou já saindo para fora, colocou Paola no banco da frente do carro. – Será que dá para não... Falar disso agora.

- Eu sei de tudo... Não vai guardar isso pro resto da vida, Charles.

Ele encarou a irmã.

- Depois a gente conversa. – Charles falou e entrou no carro.

O caminho para o hospital foi silencioso e ficou aliviado por Paola não entrar no assunto. Ao chegar no hospital, carregou a novamente para dentro e logo trouxeram uma cadeira de rodas para que ela pudesse ficar, enquanto preenchia a ficha dela levaram-a para a emergência, a toalha já estava cheia de sangue.

Ficou na sala de espera por um tempo, até seu celular tocar e viu que era seu pai ligando.

- Oi.

- Está tudo bem ai?

- Está sim.

- Charles, sinto muito por tudo. – suspirou. – Podemos conversar melhor quando você voltar.

- Eu não quero conversar.

- Ok.

- E para de ficar colocando coisa na cabeça da Alicia. – ele levantou-se indo para fora do hospital. – Você contou para ela?

- Eu não contei nada para ninguém. – seu pai. – Você apagou mesmo as fotos?

Ele hesitou.

- Sim.

- Charles...