O começo

 Capítulo 14

- Será que sua irmã aceitaria uma cascata de chocolate no casamento? – ela perguntou deitando de lado.

Quando receberá as fotos naquele dia havia chorado que nem uma idiota por ter sido uma ingrata. Desde que ambos vinham se encontrando, Charles a tratava muito bem até aquele dia em que não soube interpretar direito o que estava passando pela sua cabeça. Passou os dois dias esperando que Charles lhe mandassem mensagem e só então percebera que havia algo errado, pois ele somente lhe enviou as fotos e mais nada.

Não sabia o que fazer até que viu as camisas e teve a ideia de devolver, com pretexto de ir vê-lo. Mas não imaginava que acabaria seguindo sua intuição e se entregou completamente há ele.

- Acho isso brega... Mas o casamento não é meu. – ele falou.

- Eu acho uma delícia, amo chocolate.

Ele sorriu e com uma mão a puxou pela nuca beijando-a, fazendo com que ficasse em cima.

- Você que é uma delícia... – ele sussurrou antes de beija-la de novo.

- Estou com fome.

- Por que tem que estragar o clima? – ele resmungou.

- Temos a noite toda para isso.

- Isso quer dizer que... Vai ficar aqui. – ele falou vendo a levantar-se e vestir a camiseta dele.

Ela sorriu assentindo.

- Posso fazer algo...

- É só pedir alguma coisa. – ele levantou vestindo a bermuda. – Não tem muita coisa aí, não.

- Não come em casa?

- Raramente. Passo a maior parte do meu dia no estúdio. – ele contou indo até o balcão onde o celular estava. – Vou pedir alguma coisa, o que você quer?

Ela hesitou, pensativa.

- Não sei.

- Não sei não existe. – ele brincou com um sorriso no rosto. – Pode ser comida italiana?

- Pode.

Paola agora que reparou no quadro esquisito. Se aproximou de um porta retrato em cima da mesinha, era ele com a mãe e irmãs na casa de praia.

- É a casa de praia?

Ele assentiu, falando no celular. Colocou o porta retrato de volta e sorriu.

- Pronto! Sobre a foto, sim foi na casa de praia o ano passado.

- Deve ser um belo lugar.

- É sim, mas não curto muito não.

- Não gosta de praia?

- Não muito.

- O que estava fazendo antes de eu chegar? – ela se aproximou dele.

- Trabalhando.

- Então por que fechou o notebook?

Ele a encarou.

- Deixa de ser enxerida.

- Só fiquei curiosa.

- E vai continuar curiosa. – ele falou puxando a para perto e a beijou.

Paola estava perdida com aquele homem, cada vez que o beijava sentia que nunca mais iria querer beijar outro homem, ele era possessivo e beijava como ninguém, tirando o fato que ele tinha um piercing na língua que a deixava toda desconfortável.

- Não pode me distrair desse jeito.

- E você tem que parar de estragar o clima. – ele ralhou se afastando um pouco.

- Você fica sexy quando está bravo. – ela falou. – Se eu não tivesse vindo aqui, estaria de cara feia pra mim.

Ele revirou os olhos.

- Você não me queria por perto.

- Foi essa impressão que te dei?

- Sim.

- Eu correspondi seus beijos... Mas não nego que tive medo de continuar a te beijar e acabar lembrando de algo. – ela falou envergonhada. – Eu cheguei em casa naquele dia contando para as minhas amigas que tinha sido estuprada.

Charles a encarou e ficou sério.

- É sério isso?

- Desculpa.

- Eu tenho uma mãe e duas irmãs, acha que eu teria essa capacidade. – ele falou meio zangado. – Eu não faço isso.

Ela fez careta.

- Desculpa, eu não sabia... Não lembrava, acordei no dia seguinte somente de lingerie na cama de um homem que não conhecia.

- Não rolou nada entre a gente além de um beijo... Que você roubou de mim.

- Me sinto mal por isso.

- E não deveria. Estamos aqui juntos de... Novo.

- Agora estou consciente.

Ele deu um meio sorriso e não resistiu em beijá-lo. Charles sabia ser irresistível e tinha uma boa pegada, mãos ousadas e que sabia exatamente o que a deixava louca.

- Você me deixa...louco. – ele sussurrou entre beijos.

- Estou tentando ser boazinha.

Charles a encarou confuso.

- Do que você está falando?

- Eu falei em voz alta?

- Sim.

Ela sorriu.

- Mas não precisa ser boazinha pra mim. – ele deu uma piscadela. – Adoro mulheres ousadas.

- Não sei ser ousada.

- Então faz um ensaio e vou te ensinar a ser ousada.

Paola o encarou balançando a cabeça.

- É assim que você conquista e tira fotos.

- Não. Esquece isso, sou profissional... Como já disse, quero que você seja ousada, está aqui. – ele apontou pro seu coração. – Toda mulher merece se ver sendo ousada e reconhecer que o amor próprio é tudo.

- Nunca pensei que ouviria um homem dizer isso.

- Nem todos são iguais. Eu cresci ao lado de mulheres que não foram valorizadas...

- Se eu fizer o ensaio não vai postar nas redes sociais?

- Só se você quiser.

- Tá bom.

No dia seguinte, Paola acordou sorrindo. Não estava na sua casa e lembrou do dia anterior em que fora se jogar nos braços do único homem que achou que não se envolveria.

Depois de jantarem ficaram um pouco assistindo e depois fizeram sexo antes de dormirem.

Se espreguiçou e percebeu que estava sozinha na cama, resmungou e olhou em volta. O apartamento era pequeno, o quarto só era dividido por uma prateleira e poderia ver a cozinha muito bem, mas Charles não estava ali e a porta do banheiro estava aberta. Sentou-se e pegou o celular, era seis e dez e ainda estava na cama e na casa de outra pessoa.

Levantou-se e vestia a camiseta dele, foi ao banheiro e se olhou no espelho. Estava horrível, agora ela estava parecendo uma completa prostituta. Deu uma olhada no armário e não encontrou nada além de coisas de higiene pessoal. Por ser homem achou até um local organizado e limpo. Ajeitou o cabelo e passou uma água no rosto.

Ao sair, pegou suas roupas e estava se vestindo quando ouviu o barulho da porta. Era Charles, ele estava vestindo bermuda, camiseta regata e suado.

- Bom dia!!

- Bom dia!

- Ia embora sem se despedir? – ele indagou a vendo se vestir.

- Não.

Ele tirou a camiseta e teve que desviar os olhos para fugir da tentação. Olhando para as roupas que ele costumava usar, não aparentava ser musculoso, mas Charles tinha o corpo definido e pelo jeito tinha costume de correr de manhã.

- Eu vou tomar banho... – ele falou indo até a porta do banheiro. – A sua blusa está aí, se quiser levar.

Paola assentiu e suspirou ao ficar sozinha. Ouviu o barulho do chuveiro e olhou em volta procurando a sua blusa, já havia esquecido que sua blusa estava ali e mesmo que fosse um cropped iria usar ele, afinal usar a mesma roupa do dia anterior não ficaria legal.

Deu uma olhada no closet e concluiu que não deveria mexer nas coisas que não te pertence. Se irritou só de olhar, ele era muito organizado e foi então que reparou em um cantinho, ia dizer que era macumba, mas ao se aproximar tinha um vidro com algo dentro, uma vela e  pedras.

Tentou não se apavorar e só então lembrou que não podia julgar a religião de ninguém.

- O que está fazendo? – ele indagou.

Paola olhou o sem graça, novamente ele estava enrolado na toalha, teve que desviar o olhar. Não podia ter distrações, pois tinha que ir embora trabalhar.

- Ah, eu estava... vendo... Isso. – ela disse toda sem graça.

- Ah, isso aí. Minha mãe que montou isso,  é pra proteção para afastar energias negativas. – ele contou indo até o closet.

- E funciona?

- Acredito que sim.

- Acho que vocês são uma família de hippies.

Charles sorriu e negou.

- Nada ver. Minha mãe acredita nessas coisas. – ele falou pegando uma camiseta. – Aquele quadro horroroso ali foi ela e minha irmã que deu...

- Por que não tira, já que é horroroso.

- Elas me deram... Fica chato recusar. – ele respondeu sem graça. – Se quiser, arrumo um amuleto pra você.

- Amuleto?

Ele mostrou uma pulseira que ficava junto com o relógio de pulso.

- Então, você acredita nisso tudo.

Ele deu um sorriso sorrateiramente.

- Um pouco. A sua blusa está aqui... – ele falou pegando a peça e lhe entregando. – Está limpa.

- Obrigada.

- O que vai fazer hoje?

- Trabalhar.

- Estou me referindo ao casamento da minha irmã.

- Ah, vou atrás de músico e depois um buffet.

- Se sabe que só tem essa semana para ir atrás disso tudo. – ele disse ao terminar de colocar a roupa. – Quer uma ajuda?

- Não vai estar ocupado?

- Não. Tenho dois ensaios e depois tenho que organizar algumas fotos.

- Hum... Seu dia parece estar melhor que o meu.

Ele sorriu e não tirou o olhos de cima dela. Só então se deu conta que ainda não havia se vestido.

- Não vai se vestir?

- Sim.

Charles balançou a cabeça e se virou indo até a cozinha, colocando a cafeteira para funcionar e voltou para calçar o tênis, enquanto isso aproveitou para trocar a camiseta dele por sua blusa. Não era uma roupa para trabalhar, mas não iria dar tempo de ir até em casa trocar de roupa.

- Será que você tem uma toalha limpa? – ela indagou toda sem graça.

- Sim. Não...tomou banho?

- Não.

Ele riu lhe entregando uma toalha limpa e ganhou um beijo.

- Se soubesse que não tinha tomado banho, tinha convidado pra ir comigo. – ele falou.

- Deixa pra próxima.

- Tem escova nova no armário. – ele disse quando ela entrava no banheiro.

Toda constrangida com a situação. A primeira vez já tinha sido cômica e agora novamente estava pagando mico. Tomou um banho rápido, vestiu a mesma calça e a sua blusa, ao sair do banheiro pegou sua bolsa e voltou só para passar um pouco de maquiagem que carregava e para sua sorte tinha um perfume na bolsa.

Ao terminar, calçou sua bota e Charles estava na pequena cozinha mexendo no celular, parecia chateado.

- Hum, o cheiro de café.

- Quer comer alguma coisa? – ele perguntou sem tirar os olhos do celular.

- Não, só o café. Está tudo bem?

- Nada. É só o meu pai.

- O que tem ele?

- Está me chamando para ir ver terno.

- Hum, isso é bom. Deveria esquecer do que ele fez e seguir com a vida.

- Está parecendo a minha mãe. – ele resmungou deixando o celular de lado e pegando duas xícaras.

- Sua mãe seguiu com a vida, está num novo relacionamento e feliz. – ela falou. – Deixa seu pai feliz.

- Mas eu nem infernizo a vida dele.

- Mas se recusa em falar com ele.

- Não é mesma coisa.

Ela sorriu.

- Deve ficar bonito de terno.

- Não fico não.

- Posso te ajudar a escolher um.

Ele fez careta. Depois daquele assunto tomou o seu café e antes de saírem, pegou suas coisas e se despediram com um beijo na frente do prédio.

Pela primeira vez estava sorrindo que nem idiota e indo trabalhar toda de qualquer jeito. Odiava ter que lavar o cabelo e sair sem secar, ficar com a mesma roupa do dia anterior, para sua sorte é que iria ficar no escritório o tempo todo resolvendo as coisas.

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Comments

Fatima Matos

Fatima Matos

ele da casa tirada nela já já vai levar uma lavada.

2025-04-10

0

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