Charles

 Capitulo 2

- Ei, vamos parar um pouco.

Charles parou ofegante para esperar seu amigo que acabava de pedir por uma trégua. Isso porque costumavam sempre correr juntos nas manhãs de domingo. Havia acordado com uma ressaca e mesmo assim teve que criar coragem para correr e distrair sua cabeça naquela manhã.

- Como consegue correr depois de uma ressaca? – Ralph indagou ao parar e recuperar o fôlego.

- Minha mente está uma bagunça.

- Cara, você foi beber ontem só por que sua irmã vai se casar. Qual a lógica disso?

Na quinta-feira havia participado de um jantar em família e acabou recebendo uma notícia de que sua irmã estava noiva. Alicia era mais velha que ele há dois anos e conhecerá um cara há três meses atrás, a notícia foi um choque para ele que sempre a protegeu desde que seu pai havia abandonado sua mãe por uma mulher mais nova.

Durante esses três anos vinha tentando não ser como seu pai, odiava se olhar para ter herdado muitas coisas dele e isso às vezes o deixava desconfortável. Parecia fisicamente com seu pai, alto, loiro, olhos verdes e só para não ter que ficar igual há seu pai decidiu deixar a barba crescer já que seu pai odiava isso.

Sua mãe praticamente era uma doida, desde que havia se divorciado e arrumado um outro homem vinha dizendo que queria ambos sendo melhores que qualquer um deles, e para sua sorte ela nunca comparou-o com seu pai.

- Não tem nada ver com isso.

- Sua mãe está enchendo o saco sobre isso.

- Minha mãe não liga quem vai se casar primeiro... Sabe-se que minha mãe é muito doida.

Ralph riu concordando.

- Eu sei e por isso questionei se ela acha estranha sua irmã se casar primeiro.

- Minha irmã é mais velha que eu. Eu só estou inconformado pelo fato dela casar com uma pessoa que conheceu há três meses.

- Eu não vejo problema nisso.

- Isso não vem ao caso de eu ter saído pra beber.

- E cadê o Jean? Ele foi com você ontem...deveria estar aqui no meu lugar.

- Eu liguei pra ele, mas o celular está desligado. Saiu do bar com uma garota e se sabe né...

- Jean e suas... loucuras.

- Acho que todo mundo já fez loucuras um dia. – ele disse olhando para o relógio. – Vamos, preciso correr mais meia hora. Tenho que ir para casa e ajeitar algumas coisas.

- Certo.

Correram de volta da onde haviam começado e cada um seguiu em direções opostas, cada um em seu carro. Como ele morava mais próximo, chegou em dez minutos em seu apartamento. Era um local pequeno, cozinha, sala ,quarto e banheiro, mas muito bem equipado. Havia comprado o apartamento há uns três anos e desde então vem o reformando aos poucos.

Sua mãe e irmã sempre estavam trazendo coisas para ali e acabavam aceitando a maior parte das coisas. Até mesmo o quadro horrível que tinha na sala, mas não podia retirar . Isso deixaria as duas tristes.

Fez careta ao olhar para o quadro e foi tomar banho. Não demorou muito, ao voltar pro quarto apenas com a toalha enrolada na cintura viu a bagunça que estava no seu quarto. Sorriu ao lembrar da noite anterior, havia bebido muito e conhecerá uma mulher encantadora, ela praticamente caiu pra cima dele.

Não tinha como esquecê-la, era morena, de estatura média, cabelo preto, olhos castanhos e tinha um belo sorriso.

Era uma pena não ter acontecido nada entre ambos além do beijo que haviam trocado, afinal ela desmaiar na sua cama. Acordara naquela manhã sem ninguém na sua cama, e pra completar ela levou sua camisa e deixará as chaves do carro junto com a blusa dela.

Infelizmente não teria coragem de ir na policia para procurá-la, mas tinha que devolver as chaves do carro dela pelo menos. Lembrava apenas do primeiro nome e seria como procurar uma agulha no palheiro, afinal Portland não era um lugar pequeno.

Terminou de se arrumar e saiu de casa quando seu celular tocou. Era sua mãe querendo saber se já estava a caminho e desligou logo ao responder que chegava em dez minutos.

E como havia dito chegou em dez minutos, a casa de sua mãe ficava na área mais urbana, ela tinha preferido morar numa casa para a melhor adaptação de Greta, sua irmã mais nova que tinha síndrome de down.

Assim que parou o carro na frente da casa, pode vê que seu padrasto estava em casa. Teve que suspirar, não gostava muito dele, por mais que fizesse bem a sua mãe e irmã não podia questionar nada sobre isso. Bateu na porta e logo foi atendido pela cuidadora de sua irmã e entrou indo para o jardim nos fundos onde a cuidadora havia dito que estavam, assim que se aproximou Greta veio correndo e não pode deixar de sorrir.

- Você veio.

- Sim. Como você está?

- Bem. Olha o que ganhei... – ela mostrou os olhos pintados. – Mamãe disse que posso usar no casamento da Alicia.

- Ficou linda.

Ela sorriu e deu a mão a ele como sempre fazia. Greta tinha vinte e um anos, loira, baixinha e usava óculos que quase todo dia ela trocava por causa das cores e modelos, achava legal isso que sua mãe dava a opção pra ela, já que não podia fazer muita coisa por causa da situação de saúde que ela tinha conforme os anos.

- Mamãe, o Charles chegou...

- Eu vi querida.

Sua mãe sorriu e o abraçou assim que se aproximou. Sua mãe tinha uma vibe meio de paz e amor, por isso costumava dizer que ela era doida. Mas sua beleza era um encanto, não parecia aparentar a idade que tinha, com seus cabelos castanhos que ia até a cintura, magra e olhos castanhos, a única que havia herdado tudo da sua mãe era Alicia.

- Como você está, querido?

- Bem.

- Pela sua cara andou aprontando alguma coisa?

Ele franziu as sobrancelhas.

- Eu... não.

- Vou ler cartas para você depois.

Greta riu fazendo-o sorrir em deboche. Ela adorava fazer isso, e quase sempre acertava.

- Mamãe quer saber se você é o próximo.

- Eu tenho você Greta.

- Irmãos não se casa. – ela respondeu.

- Onde aprendeu isso?

- Mamãe disse isso. E hoje vou pra casa do papai.

- Mãe é sério?

Sua mãe ficou sem graça, foi ai que seu padrasto apareceu, cumprimentou o viu o sentar ao lado de sua mãe, que respondeu.

- Não posso proibi-lo de vê-la, ela é especial e senti falta dele.

- Não pode deixá-la com ele.

- Querido, seu pai sabe cuidar dela muito bem.

- Eu já disse isso há ela, Charles. – seu padrasto comentou. – Greta tem que ter um cuidado especial.

Charles assentiu.

- Por que o interesse agora? – ele indagou. – Depois de todo esse tempo, só agora lembrou que tem uma filha.

- Charles não é bem assim, ele sempre veio vê-la...com restrição, agora ele pode estar levando ela por algumas horas.

- Eu não deixaria...

- O que você não deixaria meu querido irmão? – Alicia chegou pegando o meio da conversa. Abraçou cada um e sentou ao lado de Greta. – Quem você quer proteger?

- Seu irmão acha que eu não deveria deixar a Greta sair com seu pai.

Alicia pigarreou.

- Qual é o problema?

- Ele é um idiota, só vocês não percebem isso.

- Ele é seu pai, Charles.

- Infelizmente.

Alicia tentou não rir e quando viu Greta estava rindo, mesmo sem saber do que o assunto estava sendo discutido.

- Não é engraçado.

- Já se olhou no espelho, Charles? – Alicia brincou.

- Eu acho o Charles muito... Bonito. – Greta disse fazendo os demais sorrirem.

- Você está certa, querida. – Alicia.

- Só não gosto da barba... Mas aí fica parecendo o papai.

Charles ficou sem graça quando todos concordaram, até ele mesmo odiava isso.

- Obrigada irmãzinha por me lembrar disso.

- Querido, você é melhor que ele.

Ele acabou assentindo todo sem graça. Depois disso sua irmã começou a falar sobre o casamento e acabou descobrindo que sua mãe havia ido a um casamento no dia anterior, que havia gostado dos arranjos do casamento e falou que daria isso à filha de presente.

Foram almoçar discutindo sobre isso e acabou tentando ficar fora do assunto, mas não deu muito certo.

- Achei o casamento maravilhoso, bem organizado.

- Eu ficarei feliz de fazer algo simples, mãe.

- Bom, uma organizadora de casamentos sabe fazer isso. – sua mãe disse. – Vou pedir pra Célia o contato da que organizou o casamento de Lílian.

- Não acha que está muito cedo pra isso?

Alicia o encarou.

- Não.

- Ninguém se apaixona assim... Em três meses.

- Eu tenho trinta anos, Charles. Estou no meu auge da carreira e estamos apaixonados sim.

- Não estou dizendo que você não deva se casar. Sei lá...espera uns meses ou um ano.

- Quando você parar de ficar com essas mulheres de bar a gente volta a conversar. – Alicia ralhou.

Ele sorriu em deboche.

- Não precisa apelar. Estou sendo sensato.

- Charles...

- Qual é o problema em esperar... Está grávida?

Alicia pigarreou.

- Não. Qual é o seu problema?

- Estou apenas...

- Ei... Sem brigas. Charles respeite a decisão da sua irmã e Alicia não dê ouvidos há seu irmão. – sua mãe interferiu. – Homens não são capazes de ter um raciocínio muito lógico.

Charles riu.

- Idiota.

- Como você sabe que saiu com mulheres de bar?

- Já se olhou no espelho? – ela perguntou fazendo o assentir. – Você é tipo de cara que vive em bar, olha suas roupas.

- O que tem a minha roupa?

- Você se vesti que nem um adolescente.

- É sério isso?

- Seja mais homem... Se vista com um homem da sua idade.

Ele abriu a boca e fechou, chocado com a ousadia da sua irmã.

- Eu não vou fotografar você no seu casamento.

- Retiro o que disse.

Charles riu fazendo os demais rirem também. Ela sabia que se continuasse a fazer showzinho iria acabar sem um fotógrafo, já que esse era o seu trabalho.

Acabou ficando mais um pouco por ali e decidiu ir ao mercado antes de ir pra casa onde pode ficar relembrando da noite catastrófica.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!