9 - Camille precisa de nós?

O caminho do hospital até a mansão foi um inferno para Artur. Ele não conseguia tirar da cabeça a imagem de Rodolfo limpando a boca de Camille. O riso dela... O olhar dela... Ela nunca riu assim para ele.

Desde que "Camille" acordou, algo estava diferente. E a irritação que sentia agora não fazia sentido.

Por que se importava tanto?

Então por que parecia que estava perdendo algo. Ele segurou o volante com força, os nós dos dedos esbranquiçando.

— Maldito Rodolfo.

Se Camille queria rir com outro homem, então ela vai sai do hospital hoje. Mesmo que tivesse que carregá-la nos braços.

————

Mansão Sherman

O relógio antigo na parede da mansão marcava o fim da tarde. Na ala leste da propriedade, no quarto luxuoso de Mirna, Lorenzo se jogou em uma das poltronas de veludo, girando um copo de uísque entre os dedos.

— Ele vai trazer ela para casa hoje. — Sua voz era fria.

Mirna, sentada à penteadeira, ajeitava o colar de pérolas, como se estivessem discutindo algo banal.

— Era óbvio que ele faria isso. — Ela lançou um olhar pelo espelho para o filho. — O que me preocupa é que ele tomou essa decisão rápido demais. Isso significa que Artur já começou a vê-la como dele, mesmo depois de ter jurado que se ela voltasse a deixaria ir.

Lorenzo arqueou uma sobrancelha, bebendo um gole do uísque.

— E isso nos atrapalha por quê?

Mirna se virou, cruzando as pernas elegantemente.

— Porque, meu querido, se Artur decidir que Camille é importante, não poderemos usá-la contra ele. Pelo contrário, ele fará de tudo para protegê-la. E não poderemos convencer ela novamente que a ajudaremos ser livre.

Lorenzo riu com desdém.

— E quando foi que uma mulher já conseguiu domar Artur Sherman?

Mirna sorriu, mas seus olhos estavam frios.

— Nunca. Mas Camille já o desafiou antes. E o fato de ele ter trazido ela para cá tão rápido significa que algo mudou.

Lorenzo ficou pensativo.

— Ela perdeu a memória.

— Ou está fingindo que perdeu. — Mirna pontuou.

Lorenzo assentiu lentamente.

— Se for isso, ela é mais esperta do que pensávamos.

— E se não for, podemos usar essa amnésia a nosso favor. — Mirna sorriu de forma calculista.

Lorenzo terminou o uísque de um só gole, levantando-se e caminhando pelo quarto.

— Os Montgomery acham que podem manipular Camille para reconquistar o apoio financeiro de Artur.

Mirna riu baixo.

— Eles são uns tolos. Não percebem que sempre foram peças no nosso jogo.

Lorenzo virou-se para encarar a mãe.

— Então qual é o nosso próximo passo?

Mirna se levantou, caminhando lentamente até ele.

— Precisamos descobrir o que Camille lembra... e garantir que Artur continue nos vendo como aliados, pelo menos por enquanto.

Lorenzo sorriu de canto.

— Até o momento certo.

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Mansão Montgomery

A mansão Montgomery, outrora símbolo de poder e prestígio, já não era tão grandiosa como antes. Os tempos haviam mudado. O brilho das festas luxuosas dera lugar ao silêncio desconfortável da incerteza.

Na sala de estar, o clima era pesado. Susan cruzava os braços, batendo os dedos no próprio cotovelo com impaciência. Estevan repousava no sofá de couro, a expressão carregada de frustração.

— Não podemos mais viver assim! — Susan explodiu, quebrando o silêncio. — Você precisa fazer alguma coisa, Estevan!

O marido apertou a ponte do nariz, cansado.

— Acha que eu não sei disso? — bufou. — Desde o acidente de Camille, Artur simplesmente nos virou as costas. Cortou todos os repasses, fechou as portas. E você sabe que estamos atolados em dívidas.

Helena, sentada numa poltrona próxima, revirou os olhos discretamente.

— Vocês dois falam como se Camille fosse um bilhete premiado.

Susan estreitou os olhos.

— Ela sempre foi nossa garantia. E você sabe muito bem disso, Helena.

Helena sorriu, cínica.

— Bom, então eu tenho uma notícia ótima para vocês.

Ela pegou a xícara de chá, bebeu um gole devagar e fez suspense antes de falar.

— Camille teve alta hoje.

O silêncio foi instantâneo.

— O quê?! — Estevan arregalou os olhos. — Mas ela acabou de acordar do coma!

— Artur mandou liberá-la imediatamente. — Helena girou a xícara nos dedos, observando o líquido escuro no fundo. — Parece que ele não quer ninguém tendo muito acesso a ela.

Susan endireitou-se no sofá.

— Então devemos visitá-la o quanto antes!

— E como exatamente pretendem fazer isso? — Helena arqueou uma sobrancelha. — Acharam que Artur vai simplesmente abrir os portões da mansão e recebê-los de braços abertos?

Estevan cerrou os punhos.

— Se queremos recuperar nosso lugar, precisamos convencê-lo de que Camille precisa de nós.

Helena soltou um riso curto.

— "Camille precisa de nós"? — ela repetiu, irônica. — Ou vocês precisam dela para que Artur volte a financiar nossos luxos?

Susan lhe lançou um olhar afiado.

— Seja como for, precisamos agir rápido.

Estevan levantou-se, decidido.

— Vamos até a mansão Sherman amanhã.

Helena observou os pais, descrente, mas ao mesmo tempo curiosa para ver como Artur reagiria.

Se havia algo que ela sabia bem, era que ele não gostava de ser manipulado.

E os Montgomery estavam prestes a testar sua paciência.

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