Brandcity – Residência da Família Jackson
Diana Jackson cruzava os braços, impaciente. O relógio na parede marcava quase meio-dia, e a chuva leve batia contra as janelas da casa. Orlando Jackson, seu marido, permanecia sentado no sofá de couro escuro, fitando o sobrinho com um olhar desconfiado.
— Então, me diga, Scott… onde está Liana? — Diana perguntou, tentando soar calma.
Scott, que estava de pé diante dos dois, sorriu nervosamente.
— Ela teve que viajar de última hora. Uma cidade foi atingida por uma enchente, e vocês sabem como Liana é… Ela não conseguiria ficar aqui sabendo que há pessoas precisando de ajuda.
Orlando suspirou, balançando a cabeça.
— Essa menina… Sempre correndo para problemas que nem são dela.
Diana olhou para o sobrinho, estreitando os olhos.
— E você tem certeza de que é só isso? Ela parecia preocupada com alguma coisa antes de viajar?
Scott hesitou por um segundo antes de abrir um sorriso mais largo.
— Tia, você sabe que Liana nunca avisa direito quando decide ajudar alguém. Mas ela disse que entraria em contato assim que pudesse, ela acrescentou dizendo que talvez ficaria meses por lá dessa vez.
Diana e Orlando trocaram olhares. Não era incomum que Liana desaparecesse por dias quando se envolvia em causas humanitárias, mas algo naquela viagem repentina parecia diferente. Ainda assim, Scott parecia confiante, e eles decidiram não insistir mais.
————
Mansão Sherman
O silêncio da mansão era quase perturbador. Artur Sherman estava sentado na poltrona do escritório, girando um copo de uísque entre os dedos. A porta se abriu de forma brusca, e Lorenzo entrou com passos firmes.
— O que diabos foi aquilo, Artur? — Lorenzo questionou, jogando sobre a mesa uma pasta com documentos. — Você anulou o contrato que assinamos com os novos investidores sem nem me consultar.
Artur ergueu o olhar, completamente inexpressivo.
— Aqueles homens não são confiáveis. e você fez um trato com eles sem minha autorização.
Lorenzo riu, incrédulo.
— Desde quando isso é um problema para você? Nós já lidamos com gente pior. E essa não é a primeira vez que faço algo assim.
Artur bebeu um gole de uísque e pousou o copo na mesa, sem pressa.
— Eu disse que não são confiáveis, e a empresa é minha. Isso é tudo que você precisa saber.
Lorenzo franziu a testa, tentando decifrar o que passava pela mente de Artur. Ele sabia que o primo raramente tomava decisões impulsivas, mas nunca desconfiou dele, ele precisava se manter calmo para não levantar suspeitas.
— Certo. Mas isso não vai passar despercebido. Esses caras não vão aceitar uma resposta tão vaga.
— Eu lido com isso.
Lorenzo bufou, passando a mão pelos cabelos.
— Você tem certeza que está bem? Desde que Camille…
Artur interrompeu, sua expressão ficando ainda mais sombria.
— Isso não é da sua conta, Lorenzo.
A tensão no ambiente cresceu, mas Lorenzo decidiu não insistir. Ele pegou a pasta de volta e saiu sem dizer mais nada, deixando Artur sozinho com seus pensamentos.
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Hospital – Escritório de Rodolfo
Liana estava sentada a frente de Rodolfo, enquanto ele observa os relatórios de Camille.
— Como eu vou descobrir o que realmente aconteceu com Camille? — Liana murmurou para si mesma.
Ela apoiou os cotovelos nos joelhos, olhando para o nada. Foi quando, pelo canto do olho, viu algo que a fez congelar.
O reflexo no vidro da janela.
Seu próprio rosto… e, ao mesmo tempo, não o seu.
Os traços eram os mesmos de Camille. A pele, os olhos, a estrutura do rosto. Pela primeira vez, percebeu o quanto eram idênticas.
E então, uma ideia tomou conta de sua mente.
Uma ideia insana. Perigosa. Mas… necessária.
Liana virou-se para Rodolfo, sua voz carregada de uma nova determinação.
— Rodolfo… e se eu fingir ser Camille?
O médico arregalou os olhos, e pousou os relatórios na mesa.
— O quê?!
— Se eu me passar por ela, posso descobrir quem fez isso com minha irmã.
Rodolfo balançou a cabeça, descrente.
— Isso é loucura! Como você vai enganar todos? O próprio marido dela…
— Eu vou fingir que perdi a memória.
A resposta foi dita com tanta certeza que Rodolfo se calou por um momento.
— Se eu disser que não lembro de nada, ninguém vai questionar meu comportamento. Isso me dará tempo para investigar.
Rodolfo suspirou, esfregando o rosto.
— Isso é perigoso, Liana. Você pode acabar se metendo em algo muito maior do que imagina.
Ela apertou a mão da irmã com força.
— Eu não posso simplesmente ir embora e fingir que nada aconteceu, e também não posso enfrentar eles de cara, isso assustaria o culpado e faria ele esconder qualquer evidência.
Rodolfo a encarou por alguns segundos antes de soltar um longo suspiro de rendição.
— Tudo bem… Eu vou te ajudar.
Liana assentiu, e pela primeira vez desde que encontrara Camille naquele estado, sentiu que estava no controle da situação.
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Corredores do Hospital
Artur Sherman caminhava pelos corredores do hospital com passos rápidos e pesados. Seu telefone ainda estava em sua mão, a ligação ecoando em sua mente.
"Sua esposa acordou do coma."
O anúncio pegou-o desprevenido. Ele não sabia se sentia alívio, medo ou apenas exaustão.
Mas uma coisa era certa.
Camille havia voltado.
Ele parou diante da porta do quarto. Respirou fundo e girou a maçaneta.
E lá estava ela.
Sentada na cama, olhando diretamente para ele, e Rodolfo estava parado ao lado da cama junto de um médico.
Seus olhos estavam vazios, confusos.
— Camille… — ele murmurou, se aproximando devagar.
Liana olhou para ele e piscou algumas vezes, como se tentasse lembrar de algo.
— Quem é você?
A expressão de Artur se transformou em uma mistura de surpresa e descrença.
Ela não se lembrava dele.
Ou pelo menos, era isso que queria que ele acreditasse.
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Atualizado até capítulo 48
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