Caldwell – 6 Meses Depois
A noite em Caldwell era fria, e o bar Oásis, um dos lugares mais frequentados pela alta sociedade da cidade, estava cheio. Rodolfo estava sentado no balcão, tomando um uísque enquanto observava o movimento. Ele ainda estava se adaptando à cidade, mas já sentia o peso dos segredos que pareciam pairar sobre cada esquina.
Foi então que uma mulher totalmente embriagada esbarrou nele no balcão. Helena Montgomery. Ela estava completamente bêbada, com o cabelo loiro desalinhado e a maquiagem borrada. Seus olhos azuis estavam vermelhos de tanto chorar, e ela segurava um copo de vodka como se fosse sua única âncora. Rodolfo não conseguia desviar o olhar. Algo naquela mulher chamou sua atenção.
— Você está bem? — tentando entender o porquê de uma mulher tão bonita estar naquele estado.
Helena olhou para ele, seus lábios tremendo. — Ninguém está bem — ela respondeu, com uma risada amarga. — Você sabe como é ser rejeitado por alguém que você ama? Alguém que deveria ser seu?
Rodolfo sentou-se mais próximo dela, ouvindo em silêncio enquanto Helena desabafava. Ela contou como, nos últimos seis meses, tentou se aproximar de Artur Sherman, mas ele sempre a rejeitou. Naquela noite, ela soube que Artur teria uma reunião de trabalho e decidiu aparecer, esperando impressioná-lo. Mas, em vez disso, foi humilhada publicamente.
— Ele sempre preferiu ela — Helena disse, sua voz cheia de ódio. — Camille. Minha irmã. Ela roubou tudo de mim. Meus pais nunca a amaram, mas mesmo assim ela conseguiu roubar o único homem que eu queria.
Rodolfo ficou intrigado. — Camille? Sua irmã?
Helena riu, mas era um som vazio. — Sim, minha irmã.
Helena continuou, falando sobre as maldades que os Montgomery fizeram com Camille. Como a tratavam como uma intrusa, como a ignoravam em favor de Helena, e como a forçaram a se casar com Artur para salvar a família da ruína financeira. Rodolfo ouviu tudo em silêncio, sentindo uma mistura de raiva e compaixão por Camille.
— A pobre coitada que nunca foi amada por ninguém. Nem pelos pais, nem por Artur. Ela só serviu para salvar a fortuna dos Montgomery. E no final, ela teve o que mereceu...
Antes que Helena pudesse continuar, um homem alto e de olhos cinzentos apareceu ao lado de Helena. Era Lorenzo Sherman, primo de Artur. Ele colocou uma mão no ombro de Helena, com um sorriso falso.
— Vamos, Helena. Você já bebeu de mais — disse Lorenzo, olhando para Rodolfo com desconfiança. — Eu vou cuidar dela.
Rodolfo observou Lorenzo levar Helena embora, sentindo que havia algo mais naquela história. Ele não sabia quem era Camille, mas a menção de que ela nunca foi amada por sua família ecoou em sua mente.
———
A Descoberta de Rodolfo
No dia seguinte, Rodolfo estava em seu escritório no hospital, revisando uma pilha de documentos. Foi então que ele viu o nome: Camille Sherman. Ele abriu o arquivo e, ao ver a foto da paciente, seus pés tremeram. A mulher na foto era idêntica a Liana.
Rodolfo correu até o quarto de Camille, seu coração batendo acelerado. Quando ele entrou, viu Camille deitada na cama, conectada a máquinas que mantinham sua vida. Ele olhou para o rosto dela, tão parecido com o de Liana, e sentiu uma onda de emoção.
Sem hesitar, ele pegou o telefone e ligou para Liana.
— Liana, você precisa vir para Caldwell agora — disse ele, assim que ela atendeu. — Eu encontrei sua irmã.
Do outro lado da linha, Liana ficou em silêncio por um momento. — O que você está dizendo, Rodolfo? — ela perguntou, sua voz trêmula.
— Camille está aqui. Ela está no hospital. Eu vi o relatório. É ela, Liana. Eu tenho certeza.
Liana não hesitou. — Estou a caminho.
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A Chegada de Liana
Oito horas depois, Liana chegou a Caldwell. Era por volta das 15h quando ela entrou no hospital, seu coração batendo acelerado. Ela estava emocionada, mas também nervosa. Será que Camille a perdoaria por ter demorado tanto para encontrá-la?
Rodolfo a esperava na entrada. Ele a abraçou forte, sentindo o tremor em seu corpo.
— Ela está no quarto 302 — disse Rodolfo, segurando as mãos de Liana. — Mas há algo que você precisa saber antes de vê-la.
Liana olhou para ele, seus olhos verdes cheios de expectativa e medo. — O que aconteceu, Rodolfo?
— Camille esteve em coma durante os últimos seis meses — ele explicou, com um tom grave. — Ela sofreu um acidente de carro.
Rodolfo então contou tudo o que Helena havia dito no bar, sobre as maldades que os Montgomery fizeram com Camille e como ela foi forçada a se casar com Artur. Liana ouviu em silêncio, suas lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto imaginava o sofrimento que sua irmã havia passado.
— Eu preciso vê-la — ela disse, com uma determinação que não admitia negativas.
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O Encontro no Quarto de Camille
Liana e Rodolfo caminharam pelos corredores do hospital até o quarto 302. A porta estava entreaberta, e Liana parou por um momento, respirando fundo antes de entrar. Foi então que ela ouviu uma voz suave vindo de dentro do quarto.
— Eu sinto muito, senhora Camille — a voz dizia, cheia de emoção. — Eu sempre soube que Mirna e Lorenzo te infernizaram, mas nunca fiz nada para te ajudar. Eu só espero que, onde quer que você esteja, você possa me perdoar.
Liana olhou para dentro do quarto e viu uma mulher de uniforme de criada, chorando ao lado da cama de Camille. A mulher segurava a mão de Camille, suas lágrimas caindo sobre o lençol branco.
— Você nunca teve um momento de felicidade — a criada continuou, sua voz trêmula. — E agora... agora você está assim. Eu sinto muito, senhora Camille. Eu realmente sinto.
A criada então começou a lamentar tudo o que aconteceu com Camille durante os dois anos que viveu na casa dos Sherman. Ela falou sobre como Mirna e Lorenzo a maltratavam, como Artur a ignorava, e como os Sherman escondiam do mundo que o acidente não foi normal, se recusando a encontrar o culpado.
Liana e Rodolfo ficaram parados do lado de fora, observando a cena em silêncio. Quando a criada se levantou para ir embora, eles se esconderam em outro quarto, para que ela não os visse.
————
Liana finalmente entrou no quarto de Camille, seu coração pesado. Ela sentou-se ao lado da cama, segurando a mão da irmã. As lágrimas escorreram pelo seu rosto enquanto ela sussurrava:
— Eu estou aqui, Camille. Eu finalmente te encontrei...
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Atualizado até capítulo 38
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