Capítulo

Ágata chegou em casa, sentindo-se derrotada e frustrada. O plano que ela montara de encontrar um milionário para tirar dinheiro da situação não deu certo, como ela já temia. Ela tirava suas argolas e se jogava no sofá, exausta, com a cabeça cheia de pensamentos. O único consolo era a sensação de que, ao menos, ela estava tentando fazer algo, mas o tempo estava passando e a pressão estava aumentando.

Heitor entrou no ambiente, ainda com os olhos carregados de preocupação e uma expressão tensa.

– Aonde estava? – ele perguntou, a voz cheia de expectativa, como se esperasse uma explicação que ele sabia que não iria gostar.

Ágata, sem paciência para conversas, soltou um suspiro pesado e respondeu.

– Eu estou tentando salvar nossas vidas. – Ela estava cansada de tanta pressão, mas não tinha escolha a não ser continuar tentando.

Heitor se aproximou, estreitando os olhos.

– Como? – perguntou, agora mais preocupado com o que poderia ter feito, ou quem poderia ter conhecido.

Ágata olhou para ele, seus olhos relutantes, mas determinados.

– Quero achar algum homem milionário que se apaixone por mim e eu possa tirar a grana dele – disse, com um tom de resignação na voz. Ela sabia que não era o melhor plano, mas parecia ser a única opção viável no momento.

Heitor arregalou os olhos, como se tivesse ouvido o maior absurdo.

– Você é maluca? Eu não quero homem encostando em você! – ele disse, elevando a voz, a raiva misturada com o ciúmes.

Ágata sentiu o nervoso crescente dentro de si. Ela já estava exausta de tentar fazer tudo funcionar sozinha e, agora, Heitor parecia mais preocupado com a possessividade do que com a solução do problema.

– Heitor, agora não é hora de crises de ciúmes, estamos ferrados! Entendeu? Falta só trinta e nove dias agora e nada do dinheiro. – Ela se levantou, andando de um lado para o outro com a cabeça cheia de planos frustrados.

Heitor, contudo, não se acalmou.

– Se eu jogar mais uma vez, eu posso conseguir a grana – disse, com a expressão de quem acreditava que sua sorte poderia mudar.

Ágata virou-se rapidamente para ele, com os olhos estreitos de raiva.

– Cala essa boca! – Ela o cortou sem piedade, sem paciência para mais ideias desesperadas. Já estava cansada de ouvir sempre as mesmas promessas de “mais uma chance”, sem que nada de concreto acontecesse.

Heitor não se deu por vencido, seu rosto revelava o desconforto de ver sua mulher em um caminho que ele não podia controlar. Ele tentou mais uma vez.

– Não quero minha mulher com outro homem, não vou aceitar isso. – A expressão dele era firme, como se acreditasse que poderia mudar a situação apenas com suas palavras.

– Heitor, não vou ficar com outro homem. Só vou conquistar. Às vezes, tem milionário que paga caro só pra ter uma companhia. – Ela sentiu que precisava explicar, embora soubesse que ele jamais aceitaria.

Heitor estava cada vez mais irado.

– Vamos arrumar outro jeito porque eu não aceito você nem que seja só tomando uma bebida com outros homens! – Ele disse, como se fosse uma ameaça, mas o tom de controle estava se desfazendo. Ele sabia que estavam em um beco sem saída.

Ágata, exausta e sem paciência, deu um último suspiro.

– Já te disse que a gente não tem escolha.

Ágata, sentada em frente ao computador, passou os olhos pela tela, mas o que encontrou sobre Louis Beaumont não era suficiente. Apenas algumas fotos dele em eventos de alto luxo, ao lado de outras celebridades, mas nenhum detalhe sobre sua vida pessoal, endereço, ou qualquer pista de como poderia se aproximar dele de uma maneira mais estratégica. O mistério em torno dele apenas a deixava mais intrigada, mas também mais frustrada.

Ela fechou o notebook com um suspiro pesado, sentindo a tensão se acumular. Levantou-se da cadeira e deu alguns tapas em sua cabeça, como se tentasse acordar para a realidade.

– Por que estou até uma hora dessas pesquisando sobre esse homem? – ela murmurou para si mesma, em um misto de raiva e cansaço. Sabia que estava se arriscando, mas não podia negar que Louis, com todo o seu mistério, ainda era sua única esperança.

Nesse momento, a porta se abriu e Heitor apareceu, com seu jeito possessivo e carinhoso.

– Vamos dormir, quero dormir abraçado com você. – Ele disse, com um tom de voz suave, tentando apagar a tensão no ambiente.

Ágata, ainda pensando em Louis, hesitou por um instante, mas depois deixou de lado os pensamentos e olhou para Heitor, forçando um sorriso.

– Tudo bem, Heitor. – Ela respondeu, tentando relaxar, sabendo que, por mais que tivesse seus planos, ele sempre a puxava de volta para a realidade de seu relacionamento.

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