Na mansão moderna situada em um dos bairros mais nobres de Paris, Louis Beaumont apreciava a tranquilidade da noite. Aos trinta anos, era um dos herdeiros mais ricos da cidade, tendo herdado uma fortuna incalculável após a morte de seu pai. A família Beaumont era referência no ramo automobilístico, e Louis, desde pequeno, fora criado para dar continuidade ao império.
Mas, apesar de todo o dinheiro e prestígio, havia algo que ninguém via: a solidão.
Louis nunca soube quem era sua mãe e passou a infância cercado por babás e empregados. Cresceu rodeado de luxo, mas sem o calor de uma família. Seu pai, embora presente nos negócios, sempre manteve uma postura rígida e distante, ensinando-o que confiança era algo raro e que a maioria das pessoas se aproximaria dele apenas por interesse.
Com o tempo, essa lição ficou marcada em sua personalidade. Ele viajou o mundo, conheceu culturas, frequentou os melhores eventos e jantou com as pessoas mais influentes do planeta. Mas a desconfiança sempre o acompanhava. E foi assim que ele se tornou um homem reservado, distante, frio.
Naquela quinta-feira à noite, a mansão estava silenciosa. Apenas o suave som de um jazz preenchia o enorme salão. Louis segurava uma taça de Cognac Louis XIII, uma das bebidas mais caras da França, enquanto seus olhos fixavam um ponto indefinido na lareira.
Lembranças de seu pai vinham à mente. Apesar da rigidez, ele sentia falta das conversas, dos ensinamentos e até mesmo das raras demonstrações de carinho.
Seus dedos giraram levemente o líquido âmbar na taça, e um suspiro escapou.
O som de passos suaves interrompeu seus pensamentos. O mordomo, um homem idoso e de confiança da família, se aproximou com respeito e, com intimidade rara entre eles, perguntou:
— Precisa de mais alguma coisa, senhor Beaumont?
Louis desviou o olhar da bebida e fitou o empregado.
— Estou bem. Se quiser, já pode se retirar.
O mordomo fez um leve gesto de reverência e saiu do salão, deixando-o novamente sozinho.
Louis voltou a encarar a bebida, sentindo o peso da solidão, um sentimento que nem toda sua riqueza conseguia aliviar.
A noite em Paris continuava fria quando o celular de Louis vibrou sobre a mesa de mármore. Ele franziu a testa ao ver o nome na tela. Alexis. Fazia tempo que não falava com seu velho amigo.
— Alô? — atendeu com a voz calma.
— Louis, estou na porta da sua mansão.
Louis ergueu a sobrancelha, surpreso.
— Não acredito… imprevisível como sempre.
— Exatamente, mon ami! Agora manda liberar a entrada, porque estou congelando aqui fora.
Louis sorriu e fez um gesto para que seu mordomo autorizasse a entrada. Minutos depois, Alexis cruzava as portas da mansão, tirando o casaco enquanto encarava o amigo com um ar provocador.
— Sempre sério e solitário, — comentou.
Louis se levantou, ajeitando os punhos da camisa.
— E você sempre imprevisível e aventureiro.
— Respeita que sou seu único e melhor amigo, — disse Alexis, batendo no ombro dele.
— Claro.
Alexis jogou-se no sofá luxuoso, esticando as pernas com naturalidade.
— Vou embora na segunda-feira. E minha missão antes disso é te tirar dessa mansão e te levar pra se divertir.
— Nem pensar.
— Cara, faz isso pelo teu amigo. Você mudou muito, não reconheço mais.
Louis suspirou e serviu-se de mais um gole de conhaque.
— Não vejo mais graça em muitas coisas.
— Mas a vida tem graça, sim.
— Me sinto um velho de setenta anos.
Alexis soltou uma gargalhada.
— Velho? Você é um bonitão, milionário, e só tem 30 anos! Você devia estar vivendo como um rei.
Louis enfiou as mãos nos bolsos.
— Estou saturado.
— Vamos para um lugar diferente. Te garanto que vai gostar.
Louis arqueou a sobrancelha, desconfiado.
— Que lugar?
— Se chama Vip 69, uma festa privada.
Louis soltou um riso nasal.
— É um desses eventos de milionários para orgias absurdas?
Alexis riu junto.
— Sei que você já frequentou muitos desses lugares, mas não, essa é diferente.
— E o que tem de diferente?
— É um lugar com uma galera mais solta. Sem formalidades, sem interesse. Só diversão.
Louis balançou a cabeça, descrente, e voltou a se sentar.
— Não tenho paciência para festas de gente que não quer sair da adolescência.
— Está se referindo a mim?
— Também.
Alexis colocou a mão no peito, fingindo estar ofendido.
— E você é um idoso estagnado.
Louis rolou os olhos.
— Olha só… eu vou para essa festa vip só porque está me pedindo.
Alexis abriu um sorriso vitorioso e bateu palmas.
— Isso, homem! Sai da caverna, lobo solitário. Amanhã será uma noite memorável.
Louis suspirou, já se arrependendo da decisão. Algo dentro dele dizia que aquela noite seria diferente de todas as outras.
A manhã de sexta-feira estava nublada em Paris. Ágata tremia enquanto tragava mais um cigarro, sentada na calçada em frente à lanchonete onde trabalhava. Seus olhos estavam vermelhos, o rosto cansado. O chão ao redor dela estava cheio de maços vazios.
Antonela se aproximou, cruzando os braços ao ver a cena.
— Pelo visto foram muitos maços de cigarro, — comentou, chutando um dos pacotes vazios.
Ágata soltou a fumaça lentamente e balançou a cabeça.
— Eu estou desesperada. Sem dormir, sem comer, sem respirar.
Ela enfiou a mão trêmula no bolso e puxou o celular, mostrando a tela para Antonela.
— Olha só isso!
Antonela pegou o celular e arregalou os olhos ao ler as mensagens.
— Ele descobriu seu número?!
— E diz que sabe tudo sobre mim, inclusive sobre minha família.
Antonela franziu a testa, pensativa.
— Eu andei pensando a noite inteira em uma forma de te ajudar. E tive uma ideia.
Ágata jogou o cigarro no chão e pisou em cima, impaciente.
— Então fala.
— Vai ter uma festa chamada Área VIP 69, e pelo que ouvi dizer, a elite francesa vai estar lá.
Ágata revirou os olhos.
— Lá vem você…
— Escuta, foi a única ideia que eu tive!
Ágata suspirou e fez um gesto para que ela continuasse.
— Quem sabe você não conhece um milionário que esteja disposto a pagar uma boa grana pra dormir com você?
Ágata a encarou, incrédula.
— Antonela, eu não sou prostituta! E eu tenho namorado.
Antonela cruzou os braços e arqueou a sobrancelha.
— Um lixo de namorado, né?
Ágata desviou o olhar, respirando fundo.
— E como entraremos nessa festa se só a elite pode ir?
Antonela abriu um sorriso malicioso.
— Ahá! Então já se interessou.
— Não torra minha paciência, só responde.
— Simples: fingimos que somos modelos super famosas no Brasil e nos infiltramos. Somos bonitas, ninguém vai reparar.
Ágata mordeu o lábio, ponderando.
— Eu vou aceitar seu plano só porque não tenho escolha.
Antonela bateu palmas e sorriu.
— Isso que eu gosto! Agora vamos pensar em como nos transformar em modelos internacionais.
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Atualizado até capítulo 23
Comments
Claudia
Que desespero 🤔🤔♾🧿
2025-03-24
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